Nos últimos anos, o fit cultural se tornou um dos fatores mais importantes na contratação de talentos, mostrando que apenas experiência e conhecimento técnico não garantem uma relação de trabalho bem-sucedida.
Também conhecido como ajuste cultural, esse conceito refere-se ao alinhamento entre os valores e os comportamentos de uma pessoa candidata e a cultura organizacional.
Em outras palavras, ele avalia a compatibilidade entre o profissional e a organização.
Prestar atenção a essa questão pode economizar tempo e dinheiro, além de otimizar diversos processos ao escolher a pessoa que melhor se adapta à vaga. Se você deseja saber como, continue a leitura deste artigo.
Por que o fit cultural importa?
Sejamos realistas: errar na escolha de um candidato e, alguns meses depois, ter que demiti-lo — ou pior, mantê-lo por mais tempo do que o esperado devido aos custos elevados de uma demissão — é uma situação altamente indesejável.
Tanto do ponto de vista financeiro quanto do desgaste pessoal que isso pode causar nas equipes diretamente afetadas, esse é um cenário que deve ser evitado ao máximo. É justamente aí que entra a importância do fit cultural.
Quando os profissionais contratados não apenas possuem as habilidades técnicas necessárias para o cargo, mas também se alinham com a cultura da empresa, a integração deles se torna mais fácil, aumentando as chances de engajamento e satisfação no trabalho.
Na prática, isso traz uma série de outras vantagens, incluindo:
- equipes mais coesas, inovadoras e alinhadas aos objetivos da empresa;
- ambiente de trabalho mais eficiente, colaborativo e agradável;
- redução do índice de turnover (rotatividade de pessoal);
- redução dos custos associados a novas contratações ou demissões;
- fortalecimento da marca empregadora;
- melhoria na comunicação interna e na resolução de conflitos;
- maior adaptação e flexibilidade frente a mudanças.
Como podemos ver, não são poucas as vantagens geradas pelo fit cultural, e elas vão desde questões práticas — como recursos materiais e redução do turnover — até questões mais subjetivas — como o clima organizacional da empresa.
Exatamente por sua abrangência, esse tipo de abordagem vem ganhando cada vez mais espaço e não pode ser subestimada pelo RH.
Tudo começa na construção do Culture Code
Para garantir o ajuste cultural das novas pessoas contratadas, é essencial ter uma definição clara da cultura organizacional da sua empresa. Isso envolve, por exemplo:
- identificar os valores fundamentais que direcionam as ações e as decisões da companhia;
- estabelecer os comportamentos e as atitudes que são valorizados e incentivados;
- definir as normas e as práticas que os colaboradores devem seguir.
Ter um Culture Code, ou seja, um documento detalhado dos princípios, valores, tradições e crenças que compõem a cultura da empresa, pode ajudar muito nessa hora. Afinal, ele facilita o entendimento do que realmente importa.
Esse documento deve ser facilmente acessível por todos e pode até mesmo ser divulgado publicamente, como uma forma de fortalecer sua marca diante dos profissionais e do público geral.
Uma maneira simples de construir o Culture Code é elencar palavras, expressões ou frases curtas que reflitam os valores da sua organização. Veja alguns exemplos:
- juntos somos mais fortes: acreditamos que a união faz a força e que o sucesso material é consequência de um time coeso e bem-preparado;
- dividir é melhor que acumular: aqui não escondemos conhecimento, tudo que é para o bem de todas as pessoas deve ser sempre compartilhado;
- não queremos ser iguais a ninguém: temos pessoas que nos inspiram, mas elas são um norte para as nossas ações, não um espelho;
- compromisso faz toda a diferença: de nada adianta prometermos um bom trabalho se isso não se traduzir nas nossas atitudes diárias.
Vale dizer que o Culture Code não apenas serve para nortear as novas contratações, mas também para introduzir os trabalhadores na cultura organizacional e lembrá-los ao longo do tempo das diretrizes a serem preservadas.
Além disso, um código de cultura sólido também pode ajudar a atrair profissionais estratégicos, que compartilham dos mesmos valores e objetivos da organização.
Como assegurar o fit cultural nas contratações
Com um Culture Code bem desenvolvido, você poderá partir para a próxima fase, a escolha da pessoa candidata que melhor se encaixa neste código.
Felizmente, existem estratégias que podem auxiliar o RH a alcançar esse objetivo. Na sequência, elencamos as principais:
FALAR SOBRE A CULTURA NA DESCRIÇÃO DA VAGA
Ao incluir informações sobre a cultura da empresa na descrição da vaga e na página de carreira, você aumenta as chances de atrair profissionais que se identificam com os valores e a missão da organização.
Na prática, isso ajuda a filtrar os candidatos que não estão alinhados com a cultura da empresa desde o início e a atrair aqueles genuinamente interessados em fazer parte dela.
AVALIAR OS CURRÍCULOS MINUCIOSAMENTE
Ao revisar os currículos dos candidatos, é importante procurar por pistas que indiquem sua compatibilidade cultural, incluindo experiências passadas, realizações, interesses e atividades extracurriculares que demonstrem esse alinhamento.
Mas lembre-se de ter equilíbrio. Embora essa etapa seja muito importante, ela por si não garante uma avaliação completa e justa das pessoas candidatas.
REALIZAR ENTREVISTAS BASEADAS EM COMPETÊNCIAS
As entrevistas baseadas em competências são uma ferramenta eficaz para explorar as características, os conhecimentos e as atitudes dos candidatos.
Ao direcionar as perguntas para situações específicas nas quais o profissional precisou demonstrar suas soft skills (habilidades comportamentais), facilita-se avaliar sua compatibilidade cultural de maneira objetiva e aprofundada.
INCLUIR TESTES COMPORTAMENTAIS NO PROCESSO SELETIVO
Os testes comportamentais também podem ser grandes aliados no processo de avaliação do fit cultural. Em resumo, o objetivo deles é mapear características relevantes para a empresa, como estilo de trabalho, capacidade de colaboração, resiliência e adaptabilidade.
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PROMOVER DINÂMICAS DE GRUPO
Completando a lista, temos as dinâmicas de grupos, uma estratégia que possibilita observar como os candidatos interagem entre si e com outros membros da equipe.
Essa técnica de avaliação se destaca por conseguir fornecer insights sobre a capacidade de colaboração, comunicação eficaz e resolução de situações desafiadoras.
OUTRAS BOAS PRÁTICAS QUE PODEM AJUDAR
Como acabamos de ver, existem muitas maneiras de entender como o candidato trabalha e se os valores dele combinam com os valores da empresa.
Ainda assim, alinhar essas estratégias com algumas boas práticas pode melhorar ainda mais o resultado das contratações. Entre elas, destacam-se:
- manter o foco no culture code: algumas empresas pecam por democratizar e relativizar demais o processo de contratação, convocando toda a equipe para participar da escolha do futuro colaborador;
- dar tempo ao tempo: é preciso evitar eliminar o candidato por apenas um quesito, como uma má experiência isolada na sua trajetória;
- ir além do entusiasmo: é ótimo encontrar um candidato ávido pela sua empresa, mas avalie antes se esse entusiasmo se reflete no seu desempenho profissional;
- enriquecer o banco de dados: um candidato eliminado em um processo anterior por conta de um detalhe pode se encaixar em outra vaga perfeitamente. Mantenha a mente aberta nesse caso.
O fit cultural é uma ferramenta para otimizar e fortalecer o processo de seleção nas empresas, e não para enrijecê-lo. Ao usar essa estratégia com bom senso e sabedoria, é possível ir mais longe!
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