Você, alguma vez na vida, teve vontade de pedir demissão? Não é raro que isso aconteça ao longo da trajetória profissional, seja qual for o estágio na carreira ou a motivação.
Aliás, o índice de demissões voluntárias — ou seja, a pedido do trabalhador — está batendo recorde no Brasil: chegou a 33,2% em março de 2022, um contingente de 603,1 mil pessoas.
Mas essa é uma decisão que requer prudência e reflexão. Conversamos sobre o assunto com Leandro Fernandes, gerente de People & Culture no ManpowerGroup Brasil. Ele traz recomendações importantes para quem está pensando em deixar a empresa. Confira!
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O que leva as pessoas a pedirem demissão?
São muitas as razões que levam as pessoas a pedirem demissão. Elencamos algumas delas:
- Problemas com a liderança;
- Remuneração e benefícios pouco competitivos;
- Falta de oportunidades e desenvolvimento profissionais;
- Desconexão com os valores e a cultura da empresa;
- Busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
- Nova proposta de emprego.
Aos profissionais que estão inclinados a tomar essa decisão, Leandro Fernandes faz um alerta.
"Seja qual for a motivação principal, o fato é que muitos profissionais se deixam levar por um momento de insatisfação e acabam se precipitando. Esse é um erro que pode custar caro."
Como identificar se é o momento de pedir demissão?
O pedido de demissão é considerado um evento extremo. Afinal de contas, mais cedo ou mais tarde, o profissional terá de se recolocar no mercado. E todo novo emprego envolve um período de adaptação que nem sempre é fácil.
“Vejo pessoas pedirem demissão por se deslumbrarem por uma marca, por ambientes mais sofisticados e, principalmente, um salário maior. Mas quando elas fazem isso sem olhar para o próprio planejamento de futuro, acabam se frustrando.”
Leandro Fernandes, gerente de People & Culture no ManpowerGroup Brasil
Sendo assim, antes de tomar sua decisão, é preciso levar alguns fatores importantes em consideração. Veja, a seguir, quais são eles!
Autoconhecimento
“Se você está insatisfeito com o seu trabalho atual ou não se sente feliz com as atividades que vem desempenhando, o primeiro passo é olhar para dentro de si e buscar entender quais são seus fatores de motivação”, aconselha Leandro.
De acordo com ele, em muitos casos, o problema não está necessariamente na empresa, mas sim no próprio colaborador, que ainda não compreendeu qual é a sua âncora de carreira e o seu propósito de vida.
Essa autoavaliação é fundamental para que o profissional consiga entender o que está minando sua motivação até ali.
“Feito isso, a próxima etapa é conversar abertamente com a liderança e expor o que está incomodando, afinal, muitos problemas podem ser corrigidos sem que seja necessário pedir demissão.”
Uma solução é olhar para as possibilidades a serem exploradas dentro da própria empresa. Daí a importância de buscar entender, junto à liderança, quais são as oportunidades e o que pode ser feito para aumentar a motivação no trabalho.
Remuneração e benefícios
Sabe aquela história que a grama do vizinho sempre parece mais verde? Pois é, nem sempre a insatisfação com o atual emprego é o que leva alguém a pedir demissão.
O gerente de People & Culture no ManpowerGroup Brasil ressalta que, em muitos casos, é o surgimento de uma nova oportunidade, aparentemente melhor, que impulsiona a decisão.
“O principal erro que eu vejo as pessoas cometerem nessas situações é olharem apenas para o salário. Nem sempre uma remuneração maior significa que os ganhos serão satisfatórios.”
A recomendação é colocar tudo na ponta do lápis para entender qual será o total cash. Isso inclui não apenas a remuneração fixa, mas também os benefícios e eventuais bônus e comissões.
Além disso, caso o pedido de demissão seja motivado por uma nova oferta, é importante avaliar a estabilidade econômica da empresa para a qual o profissional está cogitando ir. Há perspectiva de crescimento ou o segmento em que ela atua está ameaçado?
Cultura e propósito
Na hora de avaliar se faz sentido ou não pedir demissão para mudar de organização, é fundamental ainda analisar questões como cultura e clima organizacional, orienta Leandro Fernandes.
"É importante ter bem claro quais são seus valores e o que você tolera ou não dentro de uma cultura organizacional. Afinal, existem empresas mais agressivas nas metas e nos objetivos, e nem todos os profissionais lidam bem com isso.”
O gerente de People & Culture aponta duas formas de buscar informações sobre a organização para a qual o profissional cogita ir:
- Conferir as redes sociais da companhia para entender como ela se posiciona enquanto marca empregadora. Muitas empresas compartilham com o público as ações internas que realizam;
- Conversar com alguém que conheça e seja colaborador da empresa para entender como é trabalhar nela, com o cuidado de filtrar o que ouve para não tomar uma decisão com base em informações enviesadas.
Decisão tomada. E agora?
Após considerar todas as questões apresentadas, você entendeu que é mesmo a hora de pedir demissão para assumir um novo desafio? Nesse caso, o próximo passo é comunicar sua decisão ao atual gestor.
Mas como conduzir essa conversa da maneira adequada? Leandro Fernandes orienta agir com bom senso e franqueza. Não é o momento, por exemplo, de trazer mágoas ou feedbacks que não foram dados em momentos oportunos.
"É importante ser grato por tudo o que você aprendeu até ali, bem como ser honesto sobre os reais motivos que te levaram a aceitar outra proposta. Essa contribuição é muito valorizada, pois oferece a oportunidade de a empresa melhorar seus processos para os profissionais que virão depois de você.”
E então, as dicas te ajudaram? Agora é com você. Está mesmo na hora de pedir demissão ou o melhor caminho é seguir sua trajetória dentro da empresa? Reflita e tome a decisão que, de fato, contribuirá com o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Desejamos sucesso!
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