A mais recente pesquisa sobre a escassez global de talentos, desenvolvida pelo ManpowerGroup, evidencia de forma objetiva a lacuna de habilidades que está impactando a maioria dos empregadores, de diversos setores e tamanhos.
Embora parte dessa escassez de profissionais com determinadas competências possa ser atribuída a fatores demográficos, tecnológicos e macroeconômicos, as equipes de RH e as lideranças precisam, proativamente, buscar mudanças em um sistema que não funciona mais da mesma forma.
A necessidade é a mãe da inovação, já sabemos disso. Portanto, é hora de deixar para trás padrões e processos estabelecidos e abrir espaço para novas formas de pensar. Isso permitirá que profissionais avancem com a inteligência artificial generativa, a emergente economia verde e outras inovações que estão prestes a surgir.
Agora, imagine uma pessoa que vai ao médico e reclama sobre uma dor aguda ao bater com um martelo no dedo. O que o médico pode aconselhar? Que ela pare de fazer isso. Da mesma forma, empresas que hoje enfrentam dificuldade para encontrar novos colaboradores precisam deixar de procurá-los sempre nos mesmos lugares e da mesma forma.
Insistir nas mesmas graduações, diplomas e habilidades parece não estar mais funcionando. Nem sempre há candidatos que preencham todos os requisitos das vagas; e, quando há, a competição costuma ser bastante acirrada.
Toda essa reflexão para concluir que: o que um profissional sabe hoje é menos importante do que sua capacidade de aprender amanhã. A IA e outras criações estão remodelando os empregos, e os processos de recrutamento e seleção devem refletir isso.
Como? Focando no potencial futuro em vez de apenas no desempenho do passado.
É hora de atualizar as ideias. Ao dar um passo corajoso e modificar processos antigos, você abre espaço para novas abordagens. Concentre-se no potencial do amanhã, nas habilidades interpessoais que cada pessoa precisa ter para o sucesso de um negócio.
Para o Dr. Tomas Chamorro-Premuzic, Diretor de Inovação do ManpowerGroup, um exemplo dessa “transposição” de habilidades é encontrado no mundo dos jogos eletrônicos: “criatividade, pensamento crítico, resolução de problemas, liderança e colaboração podem ser demonstrados e aproveitados nesse universo. Combine essas habilidades interpessoais com a familiaridade dos jogadores com a tecnologia e você tem um amplo, e até agora negligenciado, pool de talentos”.
Outro fator frequentemente negligenciado pelas empresas são os valores e os propósitos das pessoas candidatas. Profissionais mais jovens, por exemplo, valorizam a sensação de contribuir para uma missão maior e se preocupam com a sustentabilidade e o meio ambiente. Sua organização já está buscando talentos alinhados com essas inquietações?
As mudanças acontecerão quando as empresas adotarem uma abordagem de longo prazo para a capacitação e a aprendizagem dos profissionais. Identificar habilidades comportamentais, como pensamento crítico, criatividade e inteligência emocional, antes de serem realmente necessárias, é fundamental para o sucesso de qualquer negócio.
Programas de capacitação e aprendizagem contínua baseada em projetos e parcerias podem nutrir essas soft skills nos talentos. Sendo assim, empresas visionárias terão o desenvolvimento de competências como um investimento, e não como uma despesa.
Como abandonar os processos antigos?
A resposta para essa questão está no uso da inteligência artificial para a identificação de talentos. Quando usada efetivamente, a IA amplia as opções de pessoas candidatas e torna o processo de contratação mais inclusivo. No entanto, é fundamental garantir que a tecnologia complemente a interação humana em vez de “desumanizá-la”.
As organizações podem, ainda, aproveitar as capacidades da IA para tornar o processo seletivo mais centrado nos talentos, dando feedback e aprimorando o autoconhecimento de cada participante sobre sua carreira. Por outro lado, é importante treinar os algoritmos para priorizar competências técnicas e interpessoais, bem como valores essenciais para a empresa.
No ManpowerGroup, utilizamos a inteligência artificial generativa para encontrar e avaliar pessoas candidatas de maneira mais personalizada, tornando todo o processo empático e humano — tão humano, inclusive, que quem participa, muitas vezes, nem percebe o uso da tecnologia.
Estamos no início de uma era que exigirá que os empregadores adotem os conselhos que deixamos aqui. A economia verde em ascensão, por exemplo, traz inovação e oportunidades. Empregos e setores que ainda não existem, em breve, se materializarão, e a transformação digital e a sustentabilidade impulsionarão outras categorias de trabalho.
Para enfrentar esses e mais desafios, a renovação e o desenvolvimento de habilidades deve acontecer juntamente com a adoção de novas tecnologias. Treinar colaboradores para outras funções, reter conhecimento institucional e investir em reskilling, hoje, garante um suporte durante a escassez global de talentos.
Finalizando, a transformação digital, as mudanças na atitude em relação à sustentabilidade, as tendências demográficas e a busca por um propósito no trabalho tornam esses tempos, no mínimo, intrigantes. Lideranças que focarem no potencial, em vez de apenas nas experiências, seguirão no caminho certo para uma vantagem competitiva duradoura.
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