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Nos últimos anos, o mercado de trabalho tem experimentado mudanças rápidas e impactantes, moldando como as organizações cuidam de suas pessoas. Em um cenário onde a adaptação é a palavra de ordem, as tendências de RH para 2024 chegam como guias essenciais para as empresas que querem prosperar em um ambiente dinâmico e competitivo.
Ainda, com a crescente escassez de talentos, torna-se indispensável que as equipes de RH e as lideranças estejam atentas ao que os profissionais estão buscando. A atração e a retenção de colaboradores devem fazer parte da estratégia das companhias que desejam se destacar em meio à concorrência.
Neste contexto, te convidamos a embarcar em um passeio pelas tendências de Recursos Humanos mais relevantes para o ano de 2024, quando a agilidade para se adaptar, a implementação de novas tecnologias e a personalização de projetos vão se tornar diferenciais ainda mais importantes para as culturas organizacionais.
Vem com a gente?
Bem-estar dos colaboradores: cuidados que impulsionam resultados
Por muito tempo, o bem-estar no trabalho foi sinônimo de grandes salários. Mas o cenário mudou bastante nos últimos quatro anos e, agora, para manter os colaboradores motivados e satisfeitos, as empresas precisam promover respeito e qualidade de vida.
Uma pesquisa realizada recentemente revelou que 83% dos trabalhadores consideram o bem-estar tão importante quanto o salário. Também 85% concordam que permaneceriam em um cargo se a empresa priorizasse o bem-estar de suas pessoas, e 77% afirmam que deixariam uma organização que não prioriza.
Os números nos mostram a realidade. O bem-estar dos colaboradores se tornou um diferencial competitivo na retenção de talentos. Hoje, promover mais saúde para os profissionais é uma estratégia inteligente para impulsionar a satisfação no trabalho, criando equipes mais engajadas e produtivas.
Também é importante destacarmos que as iniciativas de bem-estar para os colaboradores estão sendo ampliadas. Para Pamela Nascimento, Coordenadora de People & Culture no ManpowerGroup Brasil, as organizações devem ter um olhar sensível para as suas pessoas: “hoje, sofremos pressão em diversas áreas da nossa vida — pessoal, financeira, profissional. Por isso, ações precisam ser tomadas para a melhoria do bem-estar geral dos colaboradores”.
Dentre algumas das possíveis medidas, Pamela destaca:
- programas que promovam hábitos saudáveis e de prevenção a doenças laborais, como atividades físicas, alimentação saudável e apoio psicológico;
- cultura de feedback e reconhecimento, valorizando o trabalho dos colaboradores;
- flexibilidade, permitindo às pessoas conciliarem melhor a vida pessoal e profissional;
- ações internas e externas que promovam mais interação social, como eventos e atividades de team building.
Carreira com propósito: a busca agora é pelo sucesso com significado
Ao longo de 2023, 72% dos trabalhadores brasileiros sentiram-se desengajados em suas posições. De todas essas pessoas, a grande maioria diz não enxergar um propósito nas atividades que realiza diariamente.
Hoje, os colaboradores não querem ficar satisfeitos apenas com salários e benefícios. Eles querem contribuir para algo maior, ser parte de projetos que podem fazer a diferença no mundo. Sendo assim, as empresas serão desafiadas, já em 2024, a repensarem sua gestão de talentos, oferecendo oportunidades que vão além do crescimento profissional tradicional.
Para proporcionar carreiras com propósito, as organizações precisarão envolver suas pessoas em projetos significativos, incluindo iniciativas de responsabilidade social, ações de sustentabilidade ou mesmo promovendo mais diversidade, inclusão e pertencimento. Vale destacar que o impacto positivo dessas atividades vai além da esfera corporativa.
As empresas também podem integrar o desenvolvimento de habilidades com o propósito individual de cada colaborador. Isso implica em programas de treinamento e capacitação que não apenas aprimoram as competências profissionais, mas também contribuem para os objetivos pessoais e a sensação de realização.
DEIP: como construir novos futuros
Ações para diversidade, equidade, igualdade e pertencimento não são uma grande novidade, mas seguem como tendência para 2024. Afinal, essa não é uma pauta passageira, mas sim uma mudança estrutural que precisa acontecer em todas as empresas — ou, pelo menos, naquelas que querem se manter atrativas e sustentáveis.
Muitas organizações já compreenderam que a diversidade e a inclusão não são apenas conceitos bonitos, mas sim forças que podem impulsionar o sucesso. Ter uma equipe diversa potencializa a inovação, a criatividade e a resolução de problemas.
As empresas agora precisam focar no desenvolvimento de culturas organizacionais que valorizem a diversidade de pensamentos, experiências e perspectivas, criando ambientes de trabalho onde todas as pessoas sintam-se ouvidas e respeitadas.
Ainda, o Relatório de Tendências 2023: A Nova Era do Potencial Humano chama a atenção para o quanto as ações de DEIP são importantes para a Geração Z — que representará 27% da força de trabalho até o ano de 2025. Atualmente, 68% dos trabalhadores jovens não estão satisfeitos com o progresso de suas organizações na criação de um ambiente de trabalho diversificado e inclusivo.
Como a sua empresa está lidando hoje com a diversidade e a inclusão?
▪ Leia também: Inclusão no trabalho: a chave para reduzir o turnover
Chegada da Geração Z: você sabe engajar os profissionais mais jovens?
Como citamos anteriormente, a Geração Z representará 27% da força de trabalho até 2025 — 23% já em 2024. Composta por pessoas nascidas entre a metade da década de 1990 e meados dos anos 2010, esses jovens profissionais chegam ao mercado com uma visão inovadora e abordagens destemidas, já que estão acostumados com o imediatismo das informações.
A Geração Z também é supercompetente quando o assunto é tecnologia, e ela espera que as empresas saibam como aproveitar as novidades nesta frente para melhorar a eficiência e criar ambientes de trabalho dinâmicos. A Geração Z busca uma energia mais criativa.
Os profissionais com idade entre 18 e 25 anos também valorizam a flexibilidade e a autenticidade nos espaços organizacionais — principalmente porque muitos deles entraram para o mercado de trabalho durante a pandemia da Covid-19, ou seja, atuando remotamente, de maneira mais flexível e com harmonia entre vida pessoal e profissional.
Conhecida, ainda, pelo ativismo, a Geração Z dá preferência para as empresas que compartilham valores éticos e sociais. Ou seja, esses talentos buscam não apenas empregadores que ofereçam oportunidades de aprendizado, mas também organizações que demonstrem um compromisso tangível com a responsabilidade corporativa. O impacto positivo na comunidade e o foco em práticas sustentáveis são critérios essenciais ao avaliar as opções de emprego.
O QUE AS LIDERANÇAS PODEM FAZER PARA ENGAJAR A GERAÇÃO Z?
- Comunicar claramente os valores e a missão da empresa e envolver os profissionais jovens em projetos sociais e ambientais.
- Oferecer flexibilidade de horário e opção de trabalho remoto, permitindo ainda que os talentos assumam responsabilidades e tomem decisões autônomas.
- Dar feedback constante e construtivo, preferencialmente em tempo real.
- Utilizar plataformas de comunicação instantânea para facilitar a troca rápida de informações.
Desenvolvimento de habilidades: aprimorando os talentos
O dinamismo do mercado de trabalho, influenciado pela tecnologia e pelas mudanças nas demandas dos consumidores, destaca a necessidade de constante adaptação — tanto por parte dos colaboradores quanto das empresas.
Ou seja, a aprendizagem contínua tornou-se essencial para os profissionais que buscam manter sua relevância em um ambiente em rápida transformação. As habilidades adquiridas no início da carreira não são mais suficientes.
Já as organizações estão reconhecendo que investir no desenvolvimento das habilidades de suas pessoas não é apenas estratégico, mas fundamental para a competitividade a longo prazo. A abordagem proativa na capacitação dos colaboradores resulta em equipes mais ágeis e preparadas para os desafios futuros.
Ana Guimarães, Diretora de Operações no ManpowerGroup Brasil, avalia ainda que a cultura de aprendizado pode auxiliar as companhias a superarem a escassez de talentos: “notando que encontrar talentos prontos, mesmo pagando a mais por isso, não é mais a saída, empresas estão se dedicando a estruturar uma cultura de aprendizagem que incentive pessoas a despertarem e cultivarem a capacidade de aprender, para que assim possam aproveitar ao máximo as oportunidades diárias”.
Em 2024, uma tendência que chega forte são os programas de desenvolvimento personalizados, que reconhecem a diversidade de habilidades, aspirações e estilos de aprendizado na força de trabalho. Também a aprendizagem digital, com plataformas online e cursos interativos, se torna crucial para o desenvolvimento constante de todas as pessoas. Empresas que incorporam essas ferramentas em suas estratégias destacam-se na inovação educacional.
▪ Leia também: Learnability: por que a capacidade de aprender deve ser cultivada nas empresas?
Inteligência artificial: ela chegou para ficar
A presença da inteligência artificial — principalmente da IA generativa, que consegue aprender padrões complexos de comportamento a partir de uma base de dados — tornou-se inegável no mercado de trabalho. Essa tecnologia está influenciando diversas indústrias, ultrapassando a esfera da tecnologia.
Para exemplificar: no LinkedIn, desde janeiro de 2023, as vagas de emprego que incluem o ChatGPT como requisito desejável aumentaram 21 vezes, registrando um crescimento mensal médio de 75%.
Embora não seja mais uma novidade, em 2024, a IA será parte de aplicações mais sofisticadas no ambiente corporativo. Podemos antecipar uma expansão na automação de tarefas rotineiras e repetitivas, liberando os profissionais para se concentrarem em atividades mais complexas.
A inteligência artificial também assume um papel importante na tomada de decisões, oferecendo análise de dados em grandes volumes, identificando padrões e prevendo direcionamentos para aprimorar a agilidade estratégica das companhias.
Outro aspecto transformador da IA, principalmente para as equipes de RH, será sua influência na gestão de desempenho. Prevê-se também que os sistemas com inteligência artificial poderão analisar continuamente o desempenho individual e coletivo de todas as pessoas colaboradoras, proporcionando uma visão completa das contribuições de cada uma.
Isso redefine os conceitos de Reskilling e Upskilling: com plataformas baseadas em IA identificando lacunas de habilidades e oferecendo treinamentos personalizados, cria-se uma força de trabalho adaptável e versátil.
Sobre o encontro entre a inteligência artificial e o mercado de trabalho, Nilson Pereira, CEO do ManpowerGroup Brasil, comenta: “a revolução digital transformou e seguirá transformando nosso modo de viver, de consumir, de trabalhar e de se relacionar. O que não podemos perder de vista é que a participação da inteligência artificial e de outras tecnologias que possam surgir não deve desumanizar nossas atividades e ações, pelo contrário, talvez seja um lembrete do que devemos agarrar e cultivar enquanto pessoas e profissionais únicos.”
▪ Leia também: IA e mercado de trabalho: como profissionais podem lidar com o encontro?
Desenvolvimento de lideranças: como se manter à frente das mudanças
Uma pesquisa elaborada pela GPTW destacou que, em 2023, o desenvolvimento e a capacitação de lideranças foi uma das prioridades para o RH nas empresas. Esse investimento deve continuar forte, porque preparar líderes internamente e elaborar planos de sucessão não apenas melhoram os resultados organizacionais, mas também promovem atuações mais estratégicas, éticas, inclusivas e alinhadas aos objetivos do negócio.
Em 2024, é bastante provável que as organizações considerem as lideranças como um diferencial competitivo, realizando programas personalizados de desenvolvimento que reconheçam as necessidades específicas de cada líder. Afinal, como você já deve ter percebido ao longo da leitura, a personalização é também uma tendência notável para os próximos meses.
Sendo assim, incluir treinamentos adaptados, mentorias individualizadas e planos de desenvolvimento que analisam as metas de carreira únicas de cada líder será essencial. Além disso, destacamos o foco crescente na inteligência emocional e nas habilidades interpessoais para a prosperidade das lideranças, reconhecendo a importância dessas competências em ambientes de trabalho diversificados.
Para Wilma Dal Col, Diretora de Gestão Estratégica de Pessoas no ManpowerGroup Brasil, o desenvolvimento de lideranças preparadas para o futuro deve ser o foco do RH: “construir espaço e condições para a liderança humana desabrochar, porque a partir disso líderes se sentirão mais confiantes para gerenciar seus times, e se sentirão mais engajados com as propostas e projetos do RH; e as pessoas, por sua vez, poderão contar com líderes mais orientados e dispostos a afinar expectativas, alinhar demandas e encarar problemas”.
Reconhecimento: motivação além do óbvio
Empresas visionárias estão adotando uma abordagem diferente em relação ao reconhecimento profissional, percebendo que ele vai além de uma prática esporádica e se torna um pilar fundamental da cultura organizacional para 2024. A ênfase agora se dá em um reconhecimento regular e significativo, construindo um ambiente de trabalho positivo e produtivo.
Essa mudança não se limita mais a destacar grandes conquistas: agora, inclui o reconhecimento diário de contribuições e esforços contínuos, promovendo um senso de valor e pertencimento.
Outra tendência marcante é o surgimento de ferramentas específicas de reconhecimento. Plataformas online e aplicativos permitem que as equipes reconheçam instantaneamente um bom trabalho, independentemente da distância física, facilitando não apenas o reconhecimento entre colegas, mas também fomentando uma cultura de apreciação.
Tudo isso porque o reconhecimento, comprovadamente, impulsiona a motivação e o engajamento dos colaboradores, sendo uma estratégia para reduzir a rotatividade em um cenário onde a retenção de talentos é tão importante. Além disso, a cultura de reconhecimento emerge como um catalisador para a inovação e a colaboração.
Para concluir
À medida que exploramos as tendências de RH para 2024, fica evidente que estamos diante de uma época de transformação profunda no mundo corporativo. Desde a influência crescente da inteligência artificial até a centralidade no bem-estar dos colaboradores, cada tendência destaca a necessidade urgente de uma adaptação contínua.
O desafio para os times de RH é um só: forjar uma cultura organizacional que não apenas responda, mas antecipe as demandas de uma força de trabalho dinâmica. A complexidade do ambiente corporativo em 2024 exigirá uma mentalidade proativa das empresas. A inovação não é mais uma opção, mas uma necessidade para um futuro sustentável.
Ao nos despedirmos deste artigo, convidamos você a também liderar mudanças. Abraçar a transformação é mais do que uma escolha; é uma responsabilidade para garantir o sucesso organizacional no amanhã fascinante que se desenha à frente. Que 2024 marque não apenas o acompanhamento, mas a liderança do RH na revolução do mundo do trabalho.