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O que o trabalho significa para você? A resposta para essa pergunta certamente muda de acordo com o período em que você estiver inserido. Atravessando a história da humanidade, desde os primeiros agrupamentos, até hoje, na era da hiperconectividade, o conceito de trabalho vem ganhando significados distintos, refletindo os valores, a cultura e o pensamento da sociedade, bem como alimentando a noção de moral, de ética e a construção dos próprios comportamentos de cada época, em uma simbiose permanente.
Mais do que uma atividade para obter recursos de sobrevivência, o trabalho se fundiu com as nossas identidades e se tornou nossa expressão pessoal para o mundo.
É pelo trabalho que o homem modifica seu próprio meio e pode modificar a sí próprio. Georges Friedmann, sociólogo francês |
Neste momento, estamos mergulhados em mais uma profunda transformação sobre o sentido do trabalho e o que ele representa em nossas vidas, individual e coletivamente. E para onde ele vai?
Bom, para esta resposta, propomos olhar para trás, compreender os caminhos percorridos até aqui, aprender pelas lentes do passado e do presente e, então, questionar quais serão nossos próximos passos.
Junte-se a nós nessa jornada.
TRABALHO: É POSSÍVEL DEFINI-LO?
De forma bastante abrangente, o trabalho pode ser compreendido como a ação humana que transforma a realidade. Ou ainda, qualquer atividade física, criativa, intelectual que realizamos com objetivo de fazer, alterar ou obter a satisfação de necessidades básicas e necessidades emocionais e psicológicas.
PRÉ-HISTÓRIA: DO NOMADISMO À AGRICULTURA
Partindo desta definição, podemos encontrar o trabalho logo na pré-história. Ao desenvolver ferramentas de pedra e buscar alimentos por meio da caça e da coleta, os seres humanos modificam o meio para alcançar um único fim: a sobrevivência.
Nossos ancestrais aprendem, então, os princípios da agricultura e começam a se agrupar e a se fixar geograficamente, gerando novas formas de interação com o ambiente e conferindo ao trabalho um sentido mais coletivo, com processos e papéis sociais.
O TRABALHO COMO CASTIGO
O termo “trabalho” vem do latim “tripalium”, um instrumento de tortura usado em Roma durante a Antiguidade. Assim, a origem da palavra está associada à punição, ideia que revestiu o conceito de trabalho até a Idade Média.
ANTIGUIDADE: BRAÇOS X MENTE
Grupos se tornaram civilizações. A agricultura e a pecuária se desenvolveram.
Nas sociedades que são o berço da cultura ocidental, como Roma e Grécia, acentua-se a divisão social do trabalho: artesãos, produtores de alimentos e escravos, os quais realizam trabalhos braçais, são vistos como pessoas inferiores, reforçando a visão punitiva do labor.
Enquanto o esforço físico é depreciado, os esforços reflexivos são supervalorizados, sendo os aristocratas os dignos de desfrutar do ócio criativo e do exercício do pensamento.
IDADE MÉDIA: DO CAMPO AO COMÉRCIO
Com o sistema da escravidão sendo deslegitimado, surge uma nova organização chamada feudalismo, na qual o campo ganha mais protagonismo.
Ainda assim, a ideia de trabalho como punição persiste, sendo designado aos servos que trabalham na terra de seus senhores em troca de comida, moradia e proteção.
Os nobres, por sua vez, dedicam-se à defesa dos territórios. No fim deste período, as atividades comerciais se intensificam, dando origem à burguesia, classe social que move o trabalho para um novo sentido.
RENASCIMENTO: HUMANOS NO CENTRO
Ainda na Idade Média, desponta um movimento multifacetado — da cultura à economia — conhecido como Renascimento, reformulação tamanha que deu início à era moderna. O homem passa a ser o centro do mundo — não mais Deus.
Com novos valores em voga, como as religiões protestantes que defendem a riqueza, a vocação e o acúmulo de bens, a burguesia ascende e ressignifica o trabalho como ação que dignifica a existência e leva à satisfação pessoal. O ócio, tão valorizado na antiguidade, perde o trono.
1ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: MÁQUINAS A TODO VAPOR
No início do século XVIII, o desenvolvimento das máquinas a vapor destrava a humanidade para a era fabril, em um período efervescente de mudanças sociais.
De um lado, a burguesia industrial, dona dos meios de produção; do outro, a recém-formada classe assalariada. A crescente população urbana gera mão-de-obra barata, tornando a própria força de trabalho uma ‘mercadoria’ para a produção em massa.
O trabalhador, então, distancia-se do que realiza e da noção de trabalho como expressão de suas capacidades individuais. As condições laborais muito precárias dão origem aos movimentos operários que lutam por direitos trabalhistas, os quais hoje suportam a relação entre profissionais e empregadores.
NOVAS REVOLUÇÕES: ACENDE A LUZ DA DIGITALIZAÇÃO
Técnicas e tecnologias sempre moldaram a evolução do trabalho. Na segunda revolução industrial, no século XIX, o vapor dá lugar à eletricidade, aperfeiçoando os processos produtivos e alimentando a ideia de eficiência máxima.
No século XX, a terceira revolução industrial pavimenta a era digital que se seguirá, apresentando à humanidade a computação e os avanços na genética. Ganha espaço o trabalho como atividade produtiva, em que o tempo livre é estreito e o ócio, mais condenável.
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HUMANOS X MÁQUINAS OU HUMANOS + MÁQUINAS?
Redes, robótica, automação, inteligência artificial, machine learning, big data. A era da hiperconectividade deu seus primeiros sinais nos anos 2000 e segue em curso de forma cada vez mais acelerada.
Até 2025, o Fórum Econômico Mundial prevê que máquinas e humanos dividirão igualmente o trabalho. As tecnologias emergentes reconfiguram da cadeia produtiva às habilidades necessárias para os trabalhadores e empresas prosperarem. Onde, como e por que trabalhamos têm novas e diversas possíveis respostas.
A REINVENÇÃO DO TRABALHO PELOS TRABALHADORES
A pandemia da COVID-19 catapultou tendências, abrindo espaço para o trabalho remoto e híbrido, além de questionamentos sobre o conceito de trabalho pautado no excesso de produtividade e performance. Trabalhadores reivindicam flexibilidade, propósito e qualidade de vida e, como agentes do futuro, estão redesenhando os contornos do que significa trabalhar.
Enquanto casos de burnout explodem, a crise climática se agrava e ações por diversidade, equidade e inclusão são cobradas, a necessidade de equilíbrio e de valores compartilhados com as organizações redefinem as relações laborais.
64% dos funcionários querem que seu trabalho diário ajude a construir um mundo melhor.
49% dos trabalhadores mudariam de organização para terem mais bem-estar.
Fonte: Great Realization, ManpowerGroup.
ECONOMIA GIG E OS DOIS LADOS DA MOEDA
Os avanços tecnológicos e as mudanças no comportamento de consumo criaram uma nova economia na qual profissionais oferecem serviços de forma independente por meio de plataformas digitais e da internet.
Autônomos e freelancers estão compondo o ecossistema de talentos das empresas e inspirando uma nova mentalidade — mais proativa, criativa e autogerenciável — também para profissionais permanentes.
No entanto, essa dinâmica também pode ser encarada pela perspectiva da precarização do trabalho — o fenômeno da ‘uberização’, em que trabalhadores não têm um vínculo formal de emprego e, portanto, menos garantias e direitos.
A cada época, em uma dança com eventos tecnológicos, filosóficos, econômicos e sociais, o trabalho foi naturalizado como parte inerente ao ser humano. Hoje, conscientes desse percurso, dos significados e dos aprendizados, podemos nos apropriar da construção de modos mais saudáveis e sustentáveis, compreendendo suas faces em diferentes contextos de vida e o seu impacto na sociedade como um todo.
Esta é a oportunidade de atualizar o sentido do trabalho e dar mais sentido a ele. Vamos continuar essa história?
Compartilhe com seus colegas e com as pessoas da sua organização.
ManpowerGroup Brasil.
Fontes:
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=334#Trabalho
https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/1759/736
Rotas - O futuro do trabalho | O Futuro das Coisas
https://tab.uol.com.br/faq/uberizacao-o-que-e-como-funciona-como-surgiu-e-outras-duvidas.htm