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Saúde mental de profissionais de TI: como as empresas podem apoiar?

8 min de leitura

Publicado em 17/06/22

Atualizado em Setembro 11, 2023

Se antes a área de TI era vista como uma pequena equipe que respondia chamados dos demais colaboradores e fazia manutenção nos equipamentos, hoje, definitivamente, essa não é mais a realidade. Agora, o setor de Tecnologia da Informação está no epicentro da transformação digital e se tornou extremamente estratégico para as organizações.  

Tanto que a demanda por talentos tech não para de crescer: no Brasil, segundo dados da Brasscom, a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais, serão necessários quase 800 mil profissionais de TI até 2025.

Contudo, a formação desses colaboradores não acompanha a demanda, levando a um cenário de escassez de, aproximadamente, 106 mil pessoas por ano.  

Ainda, este é um setor dinâmico e que não está isento de outros desafios, especialmente quando falamos da saúde mental das pessoas que o compõem. O ritmo acelerado, a pressão constante, as altas demandas e os prazos apertados impactam significativamente o bem-estar dos profissionais de TI, fazendo com que esgotamento, estresse e ansiedade estejam mais presentes nas carreiras digitais. 

Várias pesquisas apontam nessa direção. O estudo The State of Burnout, realizado em 2020, mostrou que 61% dos talentos de TI se sentiam esgotados. Quando a avaliação foi repetida, meses depois, o percentual subiu para 73%.  

Em 2022, o burnout entrou oficialmente para a lista de doenças ocupacionais da OMS, a Organização Mundial da Saúde, compartilhando a responsabilidade das empresas em prevenir e cuidar para que colaboradores não desenvolvam transtornos mentais associados ao excesso de trabalho.  

Em um país no topo da lista entre os mais ansiosos e depressivos do mundo, o alerta é claro.  

Quando 70% dos profissionais de TI consideram deixar o seu emprego, como o RH pode agir para cuidar da saúde mental dessas pessoas e impactar positivamente a retenção de talentos? A seguir, veremos algumas diretrizes para serem consideradas na sua organização. Acompanhe! 

Equilíbrio entre vida profissional e pessoal

A cultura de trabalho do setor de Tecnologia da Informação, muitas vezes, exige disponibilidade constante e horas extras de trabalho. Por isso, é fundamental que as empresas incentivem seus colaboradores a encontrarem um equilíbrio entre vida e trabalho, estabelecendo limites de horários e apoiando a desconexão sempre que possível.  

Isolamento e comunicação limitada 

Embora a colaboração e o trabalho em equipe sejam essenciais também na área de TI, é comum que os profissionais tech passem longas horas focados em suas telas. Isso pode levar ao isolamento social e a uma comunicação limitada com colegas de equipe, impactando negativamente a saúde mental dos colaboradores. É responsabilidade, do RH e das lideranças, oferecerem momentos de interação, presencial ou remotamente.  

Cultura organizacional e liderança

Por falar em líderes, a cultura organizacional e a gestão das pessoas são os alicerces para que o cuidado com a saúde mental de profissionais de TI seja mantido e cultivado diariamente. Ainda mais considerando que, para 90% dos trabalhadores, o burnout está associado a lideranças negativas. 

Além disso, segundo a pesquisa Dice Insights, de 2020, profissionais de TI disseram que a falta de reconhecimento estava também ligada ao esgotamento. Nesse sentido, líderes de tecnologia precisam ser estimulados e preparados para oferecer feedbacks, propor check-ins regulares e até mesmo criar estratégias de gamificação para valorizar cada pessoa do time. 

Pressão por atualização constante 

A natureza em constante evolução da tecnologia significa que os profissionais de TI devem se esforçar para se manter atualizados. A pressão para aprender novas habilidades e acompanhar as últimas tendências pode ser avassaladora. Por isso, é importante que as organizações definam metas realistas de aprendizado e foquem em áreas ou novidades específicas para aliviar a ansiedade relacionada a esse desafio. 

Identificação de estressores 

O RH pode assumir a tarefa de realizar um “diagnóstico” sobre o que deve estar estressando os times de TI, o que pode ser feito a partir de pesquisas com os próprios colaboradores ou por meio de monitoramento do bem-estar da equipe.  

Também é uma opção criar mecanismos para que lideranças e liderados apontem, continuamente, níveis de frustração, exaustão, atritos e ineficiência de processos para identificar estressores e desenvolver recursos para neutralizá-los.  

Flexibilidade e autonomia 

A demanda por jornadas mais flexíveis é geral, mas ainda mais presente entre os profissionais de TI. 

Segundo o Relatório de Tendências 2023: A Nova Era do Potencial Humano, 87% dos entrevistados não querem trabalhar presencialmente todos os dias da semana, e 42% preferem o modelo híbrido. Aqui, voltamos para as lideranças, pois o comportamento de gestores é a referência e a afirmação dos valores da empresa.  

Logo, essas pessoas precisam incentivar seus colaboradores ao equilíbrio e à preservação de hábitos que contribuem para o bem-estar — sem retaliações posteriores. Nesse contexto de flexibilidade, vale também destacar o papel da autonomia. Acostumados com métodos ágeis e relações mais horizontais, profissionais de TI precisam sentir que têm espaço para gerar valor. 

Comitê de Saúde Mental

As organizações também podem apostar em núcleos estruturados para tratar da agenda de bem-estar dos colaboradores, incluindo a saúde mental. Nesse espaço, podem ser discutidas estratégias para fazer a empresa “se acostumar” com o assunto. Isso envolve, por exemplo:  

  • comunicações internas e ações de conscientização sobre o tema, já que, muitas vezes, transtornos mentais são envoltos de estigmas e preconceitos;  
  • preparo de lideranças ou mentores para a escuta ativa;  
  • canais de acolhimento; 
  • oferta de suporte psicológico profissional, especialmente em casos mais graves.  

O espaço seguro se torna ainda mais interessante se o grupo estiver formado por profissionais de RH e também de diferentes áreas da empresa, como a de TI, para haver uma visão plural sobre as propostas e as melhorias contínuas dos projetos.  

Ainda que toda organização precise de uma equipe de TI de alta performance para avançar na transformação digital, não é saudável, nem sustentável, sobrecarregar profissionais tech com pressões exageradas e jornadas exaustivas de trabalho.  

Cabe às empresas, contando com a abordagem humana do RH, ressignificar a relação com o trabalho e propor novos caminhos para a produtividade, a inovação e a geração de valor, sem colocar em risco a saúde mental desses talentos.  

Para saber mais sobre como está o mercado de TI atualmente, baixe agora o Guia de Estratégia de Talentos Tech, desenvolvido pelo ManpowerGroup em parceria com o Instituto IT Mídia.

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