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Transgêneros no mercado de trabalho: como está a busca por espaços

5 min de leitura

Publicado em 11/12/19

Atualizado em Julho 28, 2021


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Acordar, vestir-se, pegar o transporte público e ir trabalhar. A rotina comum do trabalhador brasileiro se torna uma grande conquista para quem está há muito tempo fora do mercado de trabalho. Para Fábio*, foram mais de dois anos desempregado. Desde que fez sua transição, aos 18 anos de idade, essa é a primeira vez que ele tem sua carteira assinada.

Aos 22, Fábio faz parte de uma pequena parcela de transgêneros no mercado de trabalho. Dados da ONG Transgender Europe mostram que apenas 1 em cada 10 pessoas trans trabalha no mercado formal. 90% estão desamparados.

No trajeto para o trabalho, ainda em meio a olhares de estranheza, Fábio não se intimida e encontra tempo e disposição para atender a nossa ligação. Animado, o estoquista* conta que já está a nove meses na nova empresa, a primeira contratação formal. “Já tinha trabalhado antes, mas nunca assim, foi sempre informal… no máximo temporário”.

O preconceito persiste

O motivo para ter ficado tanto tempo afastado de um emprego formal é o mesmo que atrai  os olhares no transporte coletivo: o preconceito. Fábio nos contou que durante o tempo que esteve desempregado participou de diversos processos seletivos, mas costumava esbarrar na mesma dificuldade.

“A primeira coisa que me mostrava como eu ia ser tratado no processo era quando o recrutador se recusava a usar meu nome social. A partir dali, eu sabia que não teria chance de ser contratado”.

“Quando não usavam meu nome social, eu sabia que teria menos chances de ser contratado”.
Fábio, homem trans, sobre as dificuldades e preconceitos enfrentados em processos seletivos. 

Ainda existe resistência de muitas empresas na contratação de pessoas LGBT, e isso se torna ainda mais problemático quando falamos de pessoas trans, mesmo que esse preconceito seja velado. Um estudo do instituto Center for Talent Innovation relatou que 61% dos LGBTs brasileiros escondem seu gênero ou sua sexualidade no trabalho. Isso ocorre principalmente por medo de sofrerem preconceito e represálias de colegas e superiores e até demissão.

“As empresas parecem ter medo de contratar uma pessoa trans, por receio de que aconteça algo. Já me disseram coisas como ‘Eu poderia te contratar, mas não sei se as pessoas vão te tratar bem’. Esse medo também fecha muitas portas”, explica Fábio.

Os caminhos estão se abrindo

Felizmente, o mundo para transgêneros no mercado de trabalho está começando a mudar. Fábio pôde sentir isso na pele quando foi chamado para um processo seletivo pelo ManpowerGroup. 

“A primeira coisa que eu percebi que seria diferente, é que a Letícia* (recrutadora da Manpower) me chamou de Fábio. E isso foi muito importante para mim. Ali eu sabia que seria tratado como todos os outros candidatos”.

Com um processo seletivo igualitário, Fábio foi entrevistado, avaliado e contratado para ser estoquista em uma loja de uma grande rede em São Paulo. 

“Eu, sinceramente, achei que não ia dar em nada mais uma vez, mas quando a Letícia me ligou falando que eu tinha sido contratado… foi como tirar um peso das costas”.

Mas, para que as contratações sejam realmente inclusivas, o trabalho dos recrutadores não pode acabar na entrevista. A Manpower fez o onboarding com o Fábio, acompanhando seus primeiros dias para que ele pudesse iniciar suas atividades se sentindo mais acolhido. A empresa fez um workshop dentro da contratante possibilitando que todos estivessem prontos para recebê-lo da melhor forma.

Leandro Fernandes, líder de Recursos Humanos do ManpowerGroup, nos contou um pouco de como funciona esse trabalho. “É importante tanto para a organização quanto para os colaboradores que todos estejam preparados para receber o novo profissional. A informação é principal aliada que temos contra o preconceito”.

Humanizar é a saída

A humanização dos processos é um dos pilares da Manpower especialmente quando se trata de recrutamento e seleção. E esse cuidado faz toda a diferença. “O que a Manpower fez foi um treinamento para todos estarem prontos para me receber. Isso até mesmo antes de eu ser contratado. Lembro que houve uma conversa da Letícia com o gestor antes da minha entrevista com eles e eu pude ir com total confiança”, relembra.

O caminho para a aceitação está nos detalhes. Leandro faz questão de salientar isso. “Para nós, é importante conduzir o profissional para que ele possa criar uma ligação sustentável com a organização que ele está ingressando e, para isso, precisamos enxergar cada pessoa como ela é, com tudo que faz ela ser única”.

Foi assim que o Fábio começou a se sentir mais acolhido. “Quando entrei na empresa, não me deixavam usar o vestiário masculino. Isso me deixava bastante constrangido. Mas a Letícia foi até a empresa e resolveu isso para mim”.

A conscientização feita pelos recrutadores também repercutiu na relação com colegas de emprego “no começo o pessoal ficava meio assim, mas hoje conversam comigo, temos um convívio bem legal”.

Daqui para frente

A responsabilidade da inserção de transgêneros no mercado de trabalho é também das organizações e de seus respectivos departamentos de RH. Dar espaço para trans, travestis e pessoas diversas é possibilitar que ocupem o espaço que é deles dentro da sociedade e tenham chances de criar cada vez mais oportunidades para pessoas na mesma situação.

“Sempre existirão dúvidas, mas se nos derem oportunidades, nós vamos explicar. E isso é diversidade e inclusão. É manter o diálogo aberto. Hoje eu sou o único aqui, mas sei que estou abrindo espaço para outras pessoas”.

E esse não é um caso isolado no Brasil. Uma estimativa do site TransEmpregos mostra um crescimento de quase 300% no número de empresas que empregam profissionais transgêneros no país.

“A diversidade tem tanto impacto social como organizacional, sendo bom para ambos os lados. Pessoas diversas trazem novas skills, novas visões de mundo e só têm a agregar” diz Leandro.

Por isso, a importância de trabalhos como a da Manpower, que enxerga o valor do contato humano em todas as etapas de um processo de contratação. Veja mais sobre a Manpower aqui.

Finalmente, Fábio chegou ao seu destino, se despediu de nós e começou mais um dia de trabalho. E que mais pessoas possam encontrar portas abertas pelo caminho.

*Informações como nomes e cargos das pessoas envolvidas foram alteradas para proteger a privacidade dos mesmos.

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