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Como eliminar expressões racistas e promover diversidade e inclusão

15 min de leitura

Publicado em 16/11/23

Atualizado em Novembro 16, 2023

O Brasil é o país com a maior população negra fora da África. Pelos números mais recentes do IBGE, 56% das pessoas se declaram pretas ou pardas por aqui. Além disso, a cultura brasileira recebeu influência dos ancestrais que foram escravizados. A nossa arte, a culinária, a música e a dança carregam também essas raízes.

Mas a conversa agora é sobre o nosso vocabulário popular. Entender o passado é de extrema relevância para compreender o presente e o futuro. Por isso, conheceremos mais sobre as expressões racistas que ainda são utilizadas no dia a dia, dentro e fora das empresas, e descobrir como elas podem ser eliminadas de qualquer diálogo.  

Afinal, o mundo está em constante transformação, e a luta contra o racismo é uma batalha que vem ganhando cada vez mais força. No mercado de trabalho, as organizações podem desempenhar um papel fundamental na promoção da igualdade e na eliminação de qualquer prática discriminatória.  

Neste artigo, explicamos a importância de excluir expressões preconceituosas das nossas falas e como é possível implementar políticas organizacionais para combater o racismo. Continue a leitura.

Racismo no ambiente de trabalho: o problema permanece

O racismo estrutural é percebido por 84% da população brasileira. No trabalho, o preconceito não se limita a grandes flagrantes de discriminação. Muitas vezes, se manifesta de maneira sutil, como em expressões ou “piadas” aparentemente inofensivas. Contudo, essas falas preconceituosas podem acabar criando um clima negativo, que afeta a dignidade e o engajamento de colaboradores.  

Eliminar expressões racistas dos espaços de trabalho não é apenas uma questão de seguir o que é “politicamente correto”, é uma questão de respeito, justiça e equidade. Quando o preconceito persiste em uma empresa, as consequências podem ser devastadoras: 

  • baixa produtividade: como citamos anteriormente, um ambiente de trabalho permeado por expressões preconceituosas leva à baixa moral e produtividade. Os colaboradores se sentem desvalorizados e não desempenham as funções com todo seu potencial. 
  • saúde mental: profissionais que são alvo de comentários racistas podem sofrer de ansiedade e estresse relacionado ao trabalho. Além de prejudicar sua qualidade de vida, é claro, isso afeta seus resultados no trabalho. 
  • disparidade de oportunidades: o racismo nas organizações também pode levar à desigualdade de oportunidades. É o que acontece quando colaboradores de grupos minoritários acabam sendo preteridos em promoções e aumentos salariais por conta de preconceitos não declarados.  
  • riscos legais: empresas que não combatem o racismo de maneira ativa podem acabar enfrentando ações legais. É importante ressaltar que, desde 1989, há punição no Brasil para crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.  

 Leia também: Racismo no ambiente de trabalho: 7 ações para combater 

Por que a minha empresa deve ser antirracista?

Ser antirracista não quer dizer apenas que a sua empresa precisa repudiar ações racistas. Esse é, na verdade, um compromisso de ser ativa e proativa em eliminar o preconceito em todas as suas manifestações. Além de ações básicas, como punir comentários ofensivos, as organizações devem atuar criando ambientes inclusivos e igualitários, onde cada talento se sinta valorizado e respeitado. 

Ou seja, uma abordagem antirracista requer implementar políticas e práticas concretas que promovam a diversidade e a igualdade. Empresas que adotam essa postura se comprometem também a revisar seus processos de recrutamento, proporcionando oportunidades iguais a todas as pessoas, independentemente de sua origem.  

Elas investem em programas de treinamento que sensibilizam seus profissionais, promovendo uma cultura de respeito e empatia. Além disso, são companhias dispostas a enfrentar desafios que perpetuam a desigualdade racial, buscando soluções que reduzam ou eliminem a disparidade de oportunidades que historicamente afetou determinados grupos. 

Ainda, é interessante destacar que empresas antirracistas conseguem:  

  • atrair talentos: milhares de profissionais, principalmente da Geração Z, estão mais inclinados a procurar por empresas que abraçam a diversidade. A capacidade de atrair e reter talentos, como você já deve saber, é essencial para o sucesso a longo prazo. 
  • reforçar o employer branding: empresas que adotam uma abordagem antirracista conquistam reputação positiva. Com isso, investidores, clientes e colaboradores estão mais propensos a demonstrar compromisso com a igualdade. 
  • atingir mais inovação e criatividade: espaços de trabalho inclusivos impulsionam a inovação e a criatividade. Afinal, diferentes perspectivas e experiências enriquecem o processo de tomada de decisões.  

ENTÃO, QUAL CAMINHO SEGUIR?

Para eliminar atitudes racistas no ambiente de trabalho, as empresas podem implementar políticas eficazes. Aqui estão algumas medidas que devem ser adotadas: 

  • treinamentos de sensibilização: oferecer treinamentos sobre diversidade e inclusão para todos os colaboradores — até mesmo para as lideranças, que devem ser exemplo. Isso ajuda a aumentar a conscientização sobre o impacto de atitudes preconceituosas, como o uso de expressões racistas, e a promover uma cultura de respeito.  
  • canais de denúncia: estabelecer meios de denúncia seguros e anônimos para os trabalhadores poderem relatar situações de racismo e outras atitudes discriminatórias sem medo de represálias. 
  • política de não tolerância: a organização pode declarar, com objetividade, uma política de não tolerância a qualquer tipo de preconceito. É interessante também explicar e garantir que haverá consequências para quem violar as regras. 
  • recrutamento inclusivo: a equipe de RH da empresa pode rever os processos de recrutamento e de seleção para garantir que todos os processos sejam inclusivos e livres de preconceitos ou vieses inconscientes. 
  • metas para a diversidade: outro ponto interessante que ajuda a tornar as empresas inclusivas é estabelecer metas e ações concretas para aumentar a diversidade em todos os níveis. Por exemplo, é possível determinar que em X anos a organização tenha Y% de colaboradores negros, incluindo lideranças. 
  • participação da liderança: por falar nisso, é fundamental que líderes se envolvam ativamente na promoção de uma cultura antirracista, demonstrando também comprometimento com a igualdade e com o respeito. 
  • avaliação e melhorias contínuas: a empresa pode também realizar avaliações regulares para medir o progresso da extinção do racismo no ambiente de trabalho e fazer ajustes sempre que necessário.  

 Leia também: Qual a importância das vagas afirmativas para as pessoas pretas e pardas?

Eliminando expressões racistas do dia a dia

Lá no início do texto, falamos que a conversa seria sobre expressões racistas que ainda fazem parte das nossas conversas. Agora, chegamos de fato a este tema.  

Ainda que seja algo “simples” e que demanda atenção diária, eliminar ditados do vocabulário pode ser a primeira ação para espaços organizacionais pautados em mais respeito e igualdade. 

Por isso, listamos, a seguir, algumas falas e suas origens. E mesmo que não pareça “nada de mais”, chegou a hora de substituirmos essas e outras expressões que são discriminatórias. Vamos lá?  

🔴 “a coisa está preta” 

🟢 substitua por: “a coisa está difícil”, “a situação está complicada” 

A expressão associa a palavra “preta” com uma situação desconfortável, desagradável, difícil ou perigosa. 

🔴 “denegrir” 

🟢 substitua por: “difamar” 

O termo tem como real significado tornar negro, ou escurecer. É usado para difamar ou acusar injustiça por outra pessoa, sempre usado pejorativamente.  

🔴 “fazer nas coxas” 

🟢 substitua por: “malfeito” 

Acredita-se que a expressão venha da técnica utilizada pelas pessoas escravizadas para fazer telhas. Por serem artesanais, portanto, e seguirem os formatos de diferentes corpos, as peças não se encaixavam bem umas nas outras, sendo consideradas malfeitas. 

🔴 “humor negro” 

🟢 substitua por: “humor ácido” 

A fala descreve um tipo de humor mais ácido, com piadas de mal gosto, temas mórbidos ou sérios.  

🔴 “lista negra” 

🟢 substitua por: “lista proibida”, “lista restrita” 

A expressão sempre vem trazendo uma carga negativa e, por isso, preconceituosa.  

🔴 “mercado negro” 

🟢 substitua por: “mercado clandestino” 

O termo é usado para se referir a um sistema de compras e vendas ilegal. 

🔴 “meia tigela” 

🟢 substitua por: “péssimo”, “medíocre”, “inadequado” 

A expressão vem dos tempos de escravidão: quando as pessoas escravizadas faziam o serviço ao agrado do dono, recebiam uma tigela cheia de comida; quando não o faziam, recebiam pela metade.  

🔴 “serviço de preto” 

🟢 substitua por: “malfeito”, “feito de forma errada” 

Essa fala é bastante racista e autoexplicativa, fazendo referência ao trabalho realizado pela população negra de maneira negativa. 

🔴 “cor de pele” 

🟢 substitua por: “bege”, “tom de pele” 

A “cor de pele” é usada, normalmente, para se referir à cor bege e seus diferentes tons, fazendo uma alusão à pele branca como a “tradicional”.  

Para eliminarmos expressões racistas do dia a dia, é fundamental entendermos suas origens e as substituirmos por falas respeitosas. Afinal, cada pequena mudança nesse sentido contribui para a construção de espaços organizacionais mais positivos. 

Portanto, é hora de nos unirmos na busca por uma linguagem inclusiva, tanto no ambiente de trabalho quanto em nossa vida cotidiana. Juntos, podemos contribuir para um mundo mais justo, onde a diversidade seja verdadeiramente celebrada e valorizada.

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