O equilíbrio é sempre um assunto presente nas resoluções de ano novo. Se estamos buscando encontrar mais harmonia entre o trabalho e o nosso lar, ou em nossa saúde, muitos de nós nos propomos a alcançar a estabilidade perfeita.
Os últimos anos foram marcados por mercados de trabalho desequilibrados — com os profundos baixos, principalmente durante a pandemia da Covid-19, e os altos oscilantes da recuperação à medida que os empregadores contratavam rapidamente para trazer sua força de trabalho de volta.
Ao olharmos para 2024, precisamos de alguma calmaria após a tempestade: para as contratações se moderarem; para o delicado equilíbrio entre trabalhadores e empregadores ser redefinido; e para a nova era do trabalho emergir.
Diariamente, a Manpower rastreia dados de emprego em tempo real, examinando milhões de oportunidades para identificar as tendências que estão moldando o futuro do trabalho e dos trabalhadores. Também conversamos com milhares de pessoas candidatas e empregadores para entender o que os motiva e as habilidades que estão sendo procuradas.
Olhando para 2024 e além, estas são minhas previsões de como a nova era do trabalho irá surgir.
Demanda concentrada
Atualmente, as empresas estão focadas na contratação das três seguintes áreas principais. Ou seja, as admissões aquecidas que estávamos vendo pós-pandemia estão se tornando coisa do passado, e a escolha medida pelas habilidades em alta é o nosso “novo normal”.
EMPREGOS QUE AUXILIAM AS PESSOAS
O foco no bem-estar segue crescente: no Brasil, empregadores do setor de Saúde e Ciências da Vida são os mais otimistas para contratar no início de 2024. Além disso, novos cargos estão surgindo na área médica, e a demanda por cientistas de dados médicos aumentou em relação ao ano anterior em diversos países.
EMPREGOS QUE ATENDEM ÀS NECESSIDADES (E BOLSOS) DOS CONSUMIDORES
Em momentos econômicos desafiadores, o reconhecimento do valor das experiências e do autocuidado, bem como o cuidado com as pessoas que amamos, torna-se ainda mais evidente, com uma inclinação para alternativas acessíveis. A demanda por hospitalidade persistirá, com uma ênfase especial em serviços que oferecem suporte tanto no mundo físico quanto no virtual.
EMPREGOS QUE TRANSFORMAM EMPRESAS
Porque, agora, toda organização é uma organização de tecnologia. Os desenvolvedores de aplicativos continuam sendo bastante demandados, por exemplo. As empresas continuam descobrindo o talento de que precisarão para impulsionar a IA, essa contratação será generalizada.
Habilidades continuam sendo essenciais
Olhando para frente, ainda custa mais caro para os empregadores contratarem novos talentos do que desenvolver aqueles que já têm: os profissionais que mudam de emprego agora veem um crescimento salarial de 8%, enquanto os que permanecem, 5%.
Esperamos um foco muito maior na mobilidade de talentos, com as empresas movendo as pessoas para novos cargos na organização e apostando no potencial futuro versus no desempenho passado.
Com cerca de 80% dos empregadores brasileiros enfrentando desafios na busca pelas habilidades necessárias, é crucial investir na construção da agilidade da força de trabalho existente, permitindo que as pessoas possam transitar lateralmente com mais facilidade.
As mulheres impulsionam o futuro
Quando a pandemia chegou, milhões de mulheres deixaram o mercado de trabalho — um êxodo que muitas pessoas temiam que levaria décadas para ser recuperado. No entanto, em apenas três anos, e em diversos países, os níveis de empregos para mulheres voltaram ao que eram antes.
Entre as mulheres de 25 a 54 anos, a taxa de participação na força de trabalho atingiu máximas históricas. Como mãe de três filhas, estou encantada com essa próxima geração que iniciou novas carreiras, lutou por melhores salários e benefícios, e aproveitou as oportunidades remotas.
Agora, vamos garantir que elas não sejam deixadas para trás à medida que as transformações verde e tecnológica se aceleram: as mulheres precisam estar representadas nos empregos que irão aumentar em 2024 e além.
O colarinho verde é o novo colarinho azul
Com a implementação da IA generativa, a transição para o verde será a próxima grande revolução no mercado de trabalho. De finanças a manufatura, os cargos serão transformados. Nossos próprios dados mostram que enquanto muitas pessoas estão otimistas sobre seu papel neste futuro verde, muitas não estão.
Como empregadores, é essencial que continuemos a acompanhar nossos colaboradores durante períodos de mudança significativa, delineando o panorama do futuro, incentivando a aquisição de novas habilidades e assegurando que as oportunidades de emprego sustentável sejam atrativas para todas as gerações.
O surgimento da cooperação (em vez da corporação)
À medida que o equilíbrio de poder está se nivelando entre trabalhadores e empregadores, observamos uma mudança em direção a uma parceria mais equitativa, em vez de um controle unilateral de qualquer uma das partes.
Da estrutura tradicional de “corporação”, onde os empregadores detinham predominantemente o poder, estamos testemunhando o surgimento de uma dinâmica de “cooperação”, na qual os profissionais exercem influência e carregam habilidades valiosas. As empresas agora reconhecem a importância de ouvir as vozes dos colaboradores para reter talentos essenciais.
Produtividade resolvida
O trabalho não precisa acontecer no prédio corporativo para as pessoas serem produtivas. O híbrido está emergindo, e o remoto versus presencial está se equilibrando. Os empregadores estão vendo ganhos de produtividade à medida que os investimentos em tecnologia, qualidade de dados e bem-estar dos colaboradores compensam.
Tenho me apaixonado pelo tema “consumo de trabalho” há algum tempo — uma tendência que está realmente ganhando destaque à medida que as pessoas buscam ser “consumidoras” em sua vida profissional, procurando emprego em seus próprios termos. Ou seja, pessoas em todas as indústrias e níveis de carreira estão buscando um trabalho que atenda às suas necessidades e estilo de vida.
Esta nova era de adaptabilidade e equilíbrio está entre nós: esperamos por uma jornada mais suave para o mercado de trabalho, por ainda mais harmonia e resiliência para os trabalhadores, para o desenvolvimento de habilidades e para forças de trabalho adaptáveis assumirem o centro do palco.
Becky Frankiewicz
Presidente e CCO do ManpowerGroup na América do Norte