Nos últimos 10 anos, o número de afastamentos por ansiedade, depressão e estresse mais do que dobrou no Brasil, intensificando o debate sobre a importância da segurança emocional no trabalho.
Além de agora ser uma obrigação legal, por conta da atualização da NR-01, promover um ambiente que preserve a saúde mental dos colaboradores é também o caminho para construir times mais engajados, satisfeitos e produtivos.
Portanto, se a sua empresa ainda tem dúvidas sobre o que é segurança emocional, este é o momento de entender o conceito e de descobrir as melhores formas de colocá-lo em prática. Vamos lá?
De modo geral, a segurança emocional está relacionada à capacidade de uma pessoa se sentir protegida e amparada.
Ou seja, no contexto do trabalho, oferecer segurança emocional significa criar um ambiente onde todas as pessoas colaboradoras se sintam acolhidas e apoiadas em suas emoções e vulnerabilidades.
Na prática, isso passa por zelar pelo bem-estar das equipes de maneira ampla, incluindo o respeito às individualidades, a escuta ativa, o reconhecimento dos desafios emocionais e a oferta de suporte adequado quando necessário.
Antes de irmos em frente, vale esclarecer que a segurança emocional e a segurança psicológica não são o mesmo — ainda que ambos os conceitos sejam fundamentais na construção de um ambiente de trabalho saudável.
Como acabamos de entender, a segurança emocional está mais ligada a um cuidado integral com o bem-estar das pessoas. Já a segurança psicológica está relacionada à confiança que o indivíduo sente para expor ideias, opiniões, questionar e assumir riscos, sem medo de ser julgado ou punido.
Segundo a especialista e professora da Harvard Business School, Amy Edmondson, esse último conceito se baseia em:
Quando todos os aspectos que apresentamos acima são contemplados em uma empresa, os benefícios são evidentes.
Afinal, enquanto os colaboradores se sentem seguros para serem quem são e, ao mesmo tempo, têm suas necessidades emocionais respeitadas e atendidas, eles passam a trabalhar com mais confiança, motivação e engajamento.
Com o tempo, isso também resulta nos seguintes ganhos:
Além de todos esses ganhos, é importante lembrar que promover segurança emocional e psicológica também passou a ser uma obrigação legal.
Com a atualização da NR-01, norma regulamentadora que trata da saúde e segurança no trabalho, as empresas agora devem gerenciar os riscos psicossociais no ambiente organizacional.
Isso inclui fatores que impactam diretamente a saúde mental dos trabalhadores, como excesso de carga de trabalho, assédio, conflitos interpessoais e falta de apoio emocional.
A mudança entrou em vigor em maio de 2025, inicialmente com caráter educativo e orientativo. Já a fiscalização com possibilidade de autuação pela Inspeção do Trabalho está prevista para começar em maio de 2026.
Agora que você já está por dentro dos conceitos de segurança emocional e psicológica, vamos descobrir como o RH pode atuar para promovê-los nas empresas?
Confira, abaixo, as principais estratégias que podem ser colocadas em prática.
O primeiro passo para promover melhorias no ambiente de trabalho é reconhecer quando algo não vai bem.
Mudanças no comportamento dos colaboradores, queda no rendimento, irritabilidade, afastamentos recorrentes e isolamento são alguns dos sinais que podem indicar desafios emocionais.
Por isso, é fundamental que o RH se mantenha atento, realize pesquisas de clima organizacional recorrentemente e mantenha canais abertos de escuta e acolhimento.
Além disso, o setor também deve engajar as lideranças nesse processo, incentivando-as a acompanhar de perto suas equipes e capacitando-as para reconhecer sinais de alerta no dia a dia.
Disponibilizar suporte psicológico, como parcerias com profissionais especializados, clínicas e plataformas de terapia, é um investimento que faz toda a diferença nessa jornada.
Mais do que uma medida preventiva, esse cuidado mostra que a empresa valoriza as pessoas integralmente, criando uma cultura de bem-estar mais sólida.
O excesso de demandas, a pressão constante e a dificuldade de desconexão são grandes vilões da saúde mental. Por isso, promover o equilíbrio entre vida pessoal e profissional também precisa ser uma prioridade.
Políticas de horários flexíveis, incentivo a pausas regulares, respeito aos momentos de descanso e campanhas de conscientização sobre limites saudáveis são algumas das estratégias que se destacam.
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Como vimos, a possibilidade de se expressar também contribui para o sentimento de segurança nas empresas. É por isso que estabelecer uma cultura de feedback é tão importante.
Essa prática pretende permitir uma comunicação aberta e horizontal entre líderes e liderados, favorecendo a construção de relações mais honestas e frutíferas entre eles.
Quando baseado na escuta ativa e na vontade genuína de crescer juntos, o feedback também estimula o autoconhecimento e ajuda a prevenir conflitos e mal-entendidos que poderiam prejudicar o clima organizacional.
Quando um colaborador sabe que o seu papel na empresa é importante, ele certamente se sente mais tranquilo e confiante para continuar realizando um bom trabalho.
É por esse motivo que reconhecer o desempenho dos profissionais também está totalmente ligado à construção de um ambiente mais seguro. Isso pode ser feito de diferentes formas: seja por meio de elogios verbais ou mesmo oferecendo premiações pelo alcance de metas.
O feedback, citado anteriormente, também é um ótimo momento para mostrar ao colaborador que as contribuições dele importam e estão sendo percebidas.
A possibilidade de correr riscos, sem ter medo de ser severamente punido caso cometa um erro, é determinante para a construção de um ambiente de trabalho mais agradável e aberto à inovação.
Encontrar um meio-termo na tomada de riscos e realizar um trabalho constante de incentivo às ideias que fogem do óbvio são estratégias que, além de estimularem a criatividade, fazem com que a equipe se sinta pertencente à organização.
Proporcionar uma experiência positiva aos colaboradores ao longo da jornada deles na empresa é uma excelente maneira de transformar o local de trabalho em um espaço mais saudável.
Aliás, isso deve ser considerado inclusive durante os processos de desligamentos que, como muitos sabem, podem abalar o emocional dos profissionais envolvidos.
Não é à toa que as estratégias de Outplacement têm ganhado cada vez mais espaço no mundo corporativo. Ao contribuir com a transição de carreira do colaborador que está deixando a companhia, a solução ajuda a diminuir os impactos da demissão.
Um deles é trazer mais segurança aos profissionais que continuarão na companhia. Afinal, eles terão a certeza de que poderão contar com o suporte da organização até mesmo em momentos de crise.
Como explicamos ao longo desse conteúdo, cuidar da saúde emocional dos colaboradores é uma missão que passa por vários aspectos diferentes. Porém, uma coisa é fato: esse é o melhor caminho para quem deseja desenvolver equipes vencedoras.
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