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Novas formas de liderar por meio das mudanças

5 min de leitura

Publicado em 19/01/23

Atualizado em Fevereiro 14, 2023

Gostaria de começar propondo um exercício. Pause por um minuto e lembre-se de como era a sua relação com o trabalho, com seus colegas e com seus liderados, antes de 2020. Avance para 2021. E, finalmente, para os dias de hoje.

Quais eram suas apostas sobre o impacto da pandemia no ecossistema corporativo e na sua organização? Quais delas se concretizaram? Quando adentramos um dos períodos mais desafiadores da história recente, empresas e profissionais foram afetados com mudanças que deixaram líderes em dúvida sobre o que criaria raízes e o que seria rapidamente abandonado logo que a “normalidade” retornasse. 

Olhando para trás, percebo que o que mudou não foram necessariamente os elementos da fotografia, mas a nitidez deles. A tecnologia, as pessoas, os anseios e desigualdades já acompanhavam a experiência corporativa há tempos, sendo a crise um agente catalisador que reorganizou prioridades e ativou o foco das organizações. 

Um dos primeiros assuntos que despontaram na época foi, por exemplo, a saúde mental dos profissionais em tempos de isolamento e de atravessamento da vida pessoal pelo trabalho — e vice-versa. O apoio de líderes e gestores naquele momento de adaptação foi necessário, mas logo se tornou algo muito mais abrangente, justamente porque encontrou aderência com antigas feridas. Hoje sabemos que o bem-estar de colaboradores e colaboradoras não só perdurou como pauta, mas alcançou o topo da agenda das lideranças.  

49% dos trabalhadores mudariam de organização para terem maior bem-estar.  

3 em cada 10 trabalhadores querem mais tempo para cuidar da saúde mental para evitar burnout.  

Fonte: Great Realization – o futuro do trabalho é agora   

Pessoas puderam rever sua relação com as empresas e estabelecer novas expectativas e significados, não colocando mais o trabalho como centro de suas vidas. Isso permitiu o alargamento do sentido de bem-estar. Agora, este conceito vem acompanhado de flexibilidade no onde e no quando trabalhar; de segurança psicológica; de suporte estendido à família; de lideranças empáticas; e de relações de confiança cultivadas mesmo à distância.

Neste sentido, em meio ao maior índice global de escassez de habilidades em 16 anos, organizações precisam priorizar as demandas profissionais, qualificando e construindo líderes capazes de estimular uma cultura de equilíbrio e de evitar uma fuga de talentos. 

Na fotografia, a tecnologia saltou para o primeiro plano, construindo pontes para que pessoas pudessem cooperar remotamente, desde entrevistas a encontros estratégicos; criando sistemas e plataformas de gerenciamento e colaboração de equipes; e alavancando soluções para a era digital. 

A automação e a digitalização se intensificarão, evidenciando cada vez mais a necessidade das empresas se entenderem como empresas de tecnologia, independentemente do segmento, além de sublinhar o valor das competências tecnológicas e humanas. Aqui, líderes são provocados a desenvolver e aperfeiçoar estes dois pilares de habilidades visando conduzir os negócios de maneira eficiente e sustentável. 

Enquanto muitos sentenciaram o fim dos escritórios, porque a tecnologia, afinal, preencheria a lacuna de conectar profissionais, outros — especialmente líderes e gestores — seguiam firmes no retorno como antes da pandemia. O que vemos, agora, é o trabalho remoto conquistando mais adeptos e o anywhere office se fortalecendo como tendência. Mas os escritórios não foram extintos, apenas passaram a ocupar outra posição na composição da foto: tornaram-se ambientes de integração, de construção coletiva e de rituais de cultura. 

No entanto, segundo pesquisa da Microsoft sobre o mundo do trabalho, 38% das pessoas que estão no formato híbrido — combinando o remoto e o presencial — sentem dificuldade em entender quando e por que ir ao escritório. O desafio, então, além de gerenciar, é dar o tom da empresa a uma força de trabalho descentralizada, compreendendo que as novas perspectivas sobre o trabalho e a forma de executá-lo transformam também o papel dos escritórios, com líderes encarando os espaços como oportunidades de conexão — e não mais de controle. 

Por fim, questões centrais da sociedade atravessam o mundo do trabalho e, desde então, vêm sendo debatidas com cada vez mais afinco: são os temas relacionados ao ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance). Antes de 2020, o sinal sobre o uso desenfreado de recursos naturais e as desigualdades refletidas nas empresas já existia, e encontrou eco nas complicações impostas pela pandemia, contribuindo para a elaboração do ativismo dos profissionais.

Em nossa pesquisa sobre o futuro do trabalho, assim como consumidores, colaboradores preferem empresas que compartilham de seus valores e querem estar nas quais sentem que o trabalho impacta positivamente o mundo.   

 64% dos funcionários querem que seu trabalho diário ajude a construir uma sociedade melhor.  

Fonte: Great Realization – o futuro do trabalho é agora  

Longe de ser apenas um discurso inflamado pelo calor do momento, ao avaliar as duras consequências da crise climática e reconhecer os largos degraus de preconceitos que impedem grupos minorizados de estar ou acessar o mercado de trabalho de forma significativa, vemos a responsabilidade socioambiental surgir como um drive dos negócios. 

Embora muitas empresas ainda tenham dificuldades na implementação de políticas de ESG — 60% das organizações não têm políticas de sustentabilidade, de acordo com o Instituto FSB —, buscar entender como contribuir para mudar o cenário é uma questão fundamental e uma atitude madura e consciente sobre as próprias ações. Afinal, gerar valor compartilhado é investir na prosperidade, dos negócios e além. Lideranças atentas e comprometidas usarão a lente social, ambiental e ética para avaliar decisões e conduzir estratégias visando o bem-estar coletivo. 

Em um mundo complexo e instável, líderes estão sempre transitando entre o presente e o futuro, o que exige uma visão estratégica para a performance dos negócios. Com mais clareza dos desdobramentos dos últimos anos, é possível trilhar um caminho mais interessante que alavanca resultados e Pessoas, sem perder de vista o que pode estar logo ali à frente. Por isso, gostaria de encerrar propondo um segundo exercício. Pause e pense na liderança daqui em diante. Qual a nova fotografia que você visualiza para o mundo do trabalho? 

Vamos continuar essa conversa nos comentários e construir esse mundo juntos. 

Abraços, 

Nilson Pereira 

Country Manager no ManpowerGroup Brasil

Confira aqui a publicação original.

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