O que você entende por liderar? Ou melhor, o que você entende por liderar atualmente? E no futuro? Se os desafios sociais, políticos, econômicos, ambientais e tecnológicos são muitos, organizações e profissionais ainda atravessam ajustes e novos acordos sobre formatos, dinâmicas, engajamento, conexão, confiança e produtividade.
A lista pode ir longe, você bem sabe. Sendo assim, líderes atuais e potenciais devem ter um primeiro ato de coragem: desapegar de certos paradigmas que envolviam o conceito de “liderança de sucesso”.
E, claro, toda mudança gera resistência. As camadas que se sobrepõem para que líderes conduzam empresas prósperas, saudáveis e sustentáveis exigem um olhar que, ao mesmo tempo em que é 360°, também precisa de aprofundamento. De análise de diversos fatores, para que decisões e caminhos sejam tomados com mais consciência.
Esse é o segundo ato de coragem. Liderar com consciência, no mundo do trabalho contemporâneo, significa também se responsabilizar — compreender o lugar que ocupa e o impacto que pode gerar na vida das pessoas e da sociedade. Essa consciência é conquistada, primeiramente, pela via do autoconhecimento.
Conhecer sobre si, seus comportamentos, reações, limitações e fortalezas é uma forma potente de criar oportunidades de desenvolvimento e de conexão com as pessoas da empresa. Tão importante quanto isso é a visão sobre o mundo que nos cerca: desigualdades sociais, crise climática, garantia de direitos e ética nas relações com as partes interessadas.
Unindo essas duas “pontas”, cria-se uma trilha para encarar o negócio com mais clareza e as pessoas colaboradoras com mais empatia, com mais sensibilidade e intenção de servir.
Há ainda uma percepção de que isso é contrário à ideia de êxito, especialmente quando a ânsia por resultados no curto prazo grita em nossos ouvidos. Mais uma vez, coragem. John Mackey, CEO da Whole Foods, nos ajuda a entender que essa mudança é possível e benéfica — um ganha-ganha.
No livro Liderança Consciente, além de contar a trajetória de crescente inovação da empresa a partir desse novo nível de atuação, o executivo, um dos mais respeitados na cadeira da gestão de negócios, identifica atitudes que fazem parte da ampliação do sentido de liderança.
Afinal, a capacidade de influência, de comunicação, de pensamento crítico e de aprendizado contínuo estão no hall de competências indispensáveis. No entanto, chamo a atenção para uma questão central em uma postura consciente — o poder de conectar propósitos.
Quando líderes entendem que aquele trabalho, aquela função, aquela pessoa tem um porquê e uma importância singular, e sabe que a experiência na organização pode estimular evolução pessoal e profissional (e por que não, do mundo), encontram a chave para transformar habilidades em impactos reais positivos.
Para isso, é preciso colocar valores humanos à frente ao planejar, ao executar e ao decidir por estratégias. É preciso parar para ouvir, colocar-se à disposição para o diálogo. É preciso coragem e consciência, inclusive nos momentos de tropeços e equívocos, pois o exemplo é a melhor forma de contagiar liderados com valores e motivar ações. E assim, avançarmos.
Espero que este tema tenha aberto espaços para reflexão sobre as novas formas de liderar e de engajar pessoas. Sigo aqui para continuar a conversa: me envie uma mensagem ou deixe seu comentário.
Abraços,
Ana Guimarães
Diretora de Operações no ManpowerGroup Brasil