Uma boa conversa antes da contratação é fundamental – todo mundo sabe disso. Mas e quando alguém está deixando a empresa? Será que a entrevista de desligamento recebe a mesma atenção?
Muitas organizações ainda ignoram essa prática, sem perceber que ela pode revelar informações importantes sobre a gestão de pessoas, ajudando a identificar pontos fortes e fragilidades do ambiente de trabalho.
Quer descobrir por que ouvir quem está saindo é tão estratégico para a evolução da sua empresa? Então, continue a leitura!
A entrevista de desligamento é uma conversa realizada pelo RH quando um colaborador está prestes a deixar a empresa, seja por decisão própria ou por iniciativa da organização.
Mais do que um procedimento formal, essa prática tem o potencial de gerar aprendizados. Confira, a seguir, 6 razões principais para adotá-la.
Nem sempre a demissão de um colaborador acontece por falta de capacidade ou dedicação ao trabalho.
Muitas vezes, o baixo desempenho está ligado à incompatibilidade do profissional com a cultura da empresa ou à insatisfação com a maneira como os gestores conduzem suas equipes no dia a dia.
Da mesma forma, quando o trabalhador decide sair, nem sempre o motivo está relacionado ao salário ou à carga de trabalho.
Fatores como falta de reconhecimento, ausência de oportunidades de crescimento e comunicação ineficaz também podem ser decisivos para essa escolha. Inclusive, a Gallup estima que 50% dos profissionais pedem demissão por causa do chefe.
Se essas questões passaram despercebidas até então, a entrevista de desligamento se torna uma oportunidade para trazê-las à tona. Em alguns casos, essa conversa pode até abrir espaço para reconsiderações e evitar a saída do profissional.
Durante a entrevista de desligamento, o RH pode fazer perguntas estratégicas que revelam os pontos fortes e as fragilidades da empresa sob a ótica de quem vivenciou a rotina ali dentro.
Essa escuta permite captar percepções sobre o clima entre as equipes, o nível de colaboração e a confiança na liderança, aspectos que nem sempre aparecem nas pesquisas internas, muitas vezes por receio de exposição.
Com base nesses detalhes, a organização pode promover ajustes importantes, criando um ambiente mais positivo, acolhedor e motivador para quem permanece na equipe.
Conhecendo melhor as frustrações dos colaboradores que estão indo embora, fica muito mais fácil identificar o que está dando certo na cultura da empresa.
Em alguns casos, o modelo de gestão pode estar sendo excessivamente hierárquico, desmotivando equipes que valorizam autonomia. Em outros, a condução pode ser horizontal demais para profissionais que preferem uma estrutura mais tradicional.
Esses contrastes, quando mapeados, permitem ajustar o estilo de liderança e a comunicação interna, garantindo que estejam mais alinhados ao perfil dos times e à proposta da organização.
Ao promover melhorias na gestão, na cultura e no clima organizacional, a empresa se torna mais preparada para valorizar e reter talentos.
Afinal, se há algo cada vez mais evidente no mercado de trabalho, é que um bom salário, por si só, já não basta para manter profissionais engajados.
Em um infográfico que publicamos sobre a Geração Z, por exemplo, vimos que esses jovens buscam empresas que ofereçam uma cultura organizacional positiva, um senso claro de propósito no trabalho e oportunidades reais de aprendizado.
Ao ouvir atentamente quem está saindo, a organização reforça que a opinião do profissional tem valor, mesmo no momento da despedida.
Além disso, a entrevista de desligamento também pode ser complementada por ações de Outplacement, solução que oferece apoio aos colaboradores desligados, auxiliando-os na transição de carreira.
Assim, essa prática deixa de ser somente um momento para colher feedback e se torna uma oportunidade estratégica para fortalecer vínculos.
Realizar a entrevista de desligamento é só o começo da jornada. O mais importante é ir além das palavras, transformando esses retornos em ações práticas que proporcionem um ambiente cada vez mais positivo para todas as pessoas.
Infelizmente, muitas organizações deixam de aproveitar todo o potencial da entrevista de desligamento porque não compartilham as informações coletadas com outras áreas ou não buscam aplicar as melhorias sugeridas.
Então, atente-se para não cometer esse deslize: se você faz a entrevista, mas não usa os resultados para mudar de verdade, fica difícil perceber o impacto positivo que essa conversa pode trazer.
Como vimos, a entrevista de desligamento é um momento estratégico para compreender os motivos que levaram o colaborador a deixar a empresa e para colher insights que podem gerar melhorias.
Mas, para que essa conversa seja realmente produtiva, é fundamental que quem a conduz esteja preparado para ouvir sem julgamentos e, principalmente, saiba fazer as perguntas certas para obter informações relevantes.
Dito isso, aqui estão algumas sugestões:
Use essas sugestões como ponto de partida para conduzir entrevistas de desligamento mais produtivas e estratégicas. E, se quiser aprofundar o tema e aprender a tornar o processo de demissão mais humanizado, confira também o nosso Breve Guia do Outplacement.