A transformação dos espaços de trabalho já começou, impulsionada pela Inteligência Artificial e pelas tecnologias imersivas. Estamos testemunhando o início de uma era que promete revolucionar a dinâmica entre empresas e profissionais.
Neste cenário, o avanço do Machine learning, da Realidade Aumentada, do Blockchain e das ferramentas de IA generativa, como o ChatGPT, está abrindo novas perspectivas em todas as etapas do ciclo de vida dos talentos; para as organizações, ignorar essas oportunidades não é uma opção.
Imagine quantas possibilidades vão surgir, para trabalhadores e empregadores, a partir de eventos de recrutamento virtuais, que ultrapassem fronteiras, de reuniões imersivas com colegas de outros países, da assistência da IA na aquisição de talentos, do reskilling orientado por dados.
Quem já se animou com as novas tecnologias?
Para compreender como colaboradores e empresas estão se sentindo em relação à chegada das novas tecnologias e onde acham que estão as principais oportunidades, o ManpowerGroup realizou entrevistas com quase 39 mil empregadores, de 41 países, durante a Pesquisa de Expectativa de Emprego; além de estudos com pessoas candidatas de diferentes localidades.
Os resultados são reveladores: os empregadores estão entusiasmados com as novas tecnologias, começando a implementá-las para gerenciar suas equipes e recrutar novos talentos.
Em todo o mundo, sete em cada dez organizações já adotaram ou planejam adotar, nos próximos três anos, tecnologias como Inteligência Artificial e Realidade Virtual em seus processos de recrutamento. Da mesma forma, 72% dos empregadores já estão utilizando ou planejam usar Machine learning no mesmo período.
Fica evidente, portanto, que as empresas reconhecem o potencial transformador dessas tecnologias no recrutamento e estão ativamente planejando sua implementação.
ENCONTRANDO EQUILÍBRIO NA REVOLUÇÃO DO RECRUTAMENTO
O entusiasmo pelas novas tecnologias é compartilhado tanto pelos colaboradores quanto pelos candidatos em potencial, mas não como uma substituição à interação humana.
Ainda segundo estudo do ManpowerGroup, enquanto apenas 38% dos entrevistados se sentiriam confortáveis com um aplicativo inteiramente revisado por tecnologia de IA, quase 60% estão abertos a experiências de recrutamento com Realidade Virtual, como feiras de emprego virtuais.
Conforme as pessoas candidatas passam pelo processo de recrutamento, a receptividade às interações puramente tecnológicas começa a mudar: mais da metade dos entrevistados relatam se sentir confortáveis com uma conversa de RV. No entanto, um terço discordou fortemente da ausência de interação humana até a etapa final do processo seletivo.
A chave para o sucesso é abraçar a tecnologia de uma forma que melhore — e não substitua — os recrutadores.
Esse quadro reflete não apenas o sentimento entre os candidatos, mas também entre os empregadores. Ao automatizar os estágios iniciais do processo de contratação, as organizações podem obter correspondências de candidatos mais rápidas e de maior qualidade.
Quase dois terços dos empregadores acreditam que o Metaverso terá um impacto positivo na integração de novos profissionais.
No entanto, os recrutadores não devem se preocupar — seu papel será provavelmente aprimorado, liberando momentos para se concentrarem nos aspectos mais humanos de seu trabalho. Imagine gastar menos tempo com burocracias e mais tempo conhecendo as pessoas candidatas e garantindo que elas sejam adequadas para a função.
Essa onda de novas tecnologias, especialmente a IA, chega em um momento em que as habilidades são escassas e, se usadas efetivamente, podem auxiliar as empresas a competirem por talentos e a gerenciar sua força de trabalho.
Portanto, embora haja muito entusiasmo, é importante ressaltar que essas tecnologias não estão aqui para substituir os recrutadores, mas sim para aprimorar suas práticas. Os candidatos ainda valorizam o contato humano, e os recrutadores precisam garantir um equilíbrio entre economizar tempo e manter interações pessoais ao longo de todo o processo de contratação para selecionar as pessoas certas para cada função.
FUTURO À VISTA
Então, quais tecnologias irão revolucionar a maneira como o trabalho é realizado? Outra pesquisa do ManpowerGroup, conduzida no LinkedIn com 1.687 participantes, revelou que 74% dos entrevistados acreditam que a tecnologia de IA, como o ChatGPT, terá o maior impacto em suas carreiras, seguida por Metaverso e Blockchain.
O papel das novas tecnologias tem implicações transformadoras para contratação, treinamento e incorporação de novos membros da equipe — mas será que é aí que isso termina? Se a IA foi implantada para ajudar na transição de candidatos para colaboradores, ela também pode ajudá-los a fazer seu trabalho?
O potencial da tecnologia é indiscutivelmente mais empolgante quando se trata de funções manuais: ao invés de adentrar em ambientes de trabalho potencialmente perigosos, os profissionais poderiam completar projetos remotamente, utilizando a robótica.
Ao vislumbrar o futuro da IA, alguns pintam um quadro sombrio das mudanças possíveis. Como qualquer ferramenta, há vantagens e desvantagens, e é fundamental compreendê-las para usá-las com sabedoria. Para as organizações, entretanto, os benefícios são mais do que meros pontos positivos — e aquelas que souberem aproveitar o potencial da tecnologia hoje, colherão os frutos amanhã.
Potencializando o Upskilling e o Reskilling
Explorar experiências imersivas e interativas oferece um ambiente seguro para praticar cenários da vida real que, de outra forma, seriam difíceis de replicar e certamente não poderiam ser simulados com uma simples apresentação de slides.
A Realidade Virtual permite a simulação de cenários de emergência, dinâmicas de equipe ou ambientes de alto estresse, eliminando a necessidade de exercícios presenciais de dramatização, os quais podem ser dispendiosos e desconfortáveis para as pessoas candidatas.
Um estudo realizado pela Universidade de Nottingham comparando a eficácia do treinamento de segurança em Realidade Virtual com o treinamento tradicional baseado em apresentações constatou que o treinamento virtual foi significativamente mais eficaz: os participantes apresentaram uma melhor retenção a longo prazo e relataram níveis mais elevados de engajamento e disposição para participar de treinamentos futuros.
Além de sua eficácia comprovada, a RV no Metaverso também pode aprimorar os tipos de habilidades que os colaboradores adquirem.
Quando perguntados, pelo ManpowerGroup, sobre sua disposição em participar de um treinamento ministrado em RV, quase metade (46%) dos candidatos expressou grande conforto. Com uma experiência de RV, as pessoas podem aprender de forma mais eficaz, enquanto seus mentores conseguem monitorá-las em tempo real e fornecer treinamento personalizado.
O Dr. Tomas Chamorro-Premuzic, Diretor de Inovação do ManpowerGroup, observa: “não vemos os treinadores sendo substituídos pelo Metaverso ou pela Realidade Virtual. No Metaverso, os mentores podem observar as reações dos aprendizes e oferecer orientação para melhorar a tomada de decisões e a resolução de problemas. Tudo isso acontece em um ambiente realista, mas seguro, que pode ser entregue de forma econômica e escalável”.
ENTRE O ANALÓGICO E O DIGITAL
Em um cenário onde o trabalho remoto e a colaboração entre colegas de diferentes localidades se tornam cada vez mais comuns, os espaços de trabalho virtuais têm o potencial de reduzir a exclusão digital.
De empresas como o Google à sede do Parlamento Europeu, muito se discute sobre o potencial transformador das novas tecnologias, como a IA e o Metaverso. Na verdade, 65% dos entrevistados em uma pesquisa do ManpowerGroup concordaram que o Metaverso melhoraria suas interações com colegas em outras localidades.
Para concretizar as promessas das novas tecnologias, os empregadores devem aproveitar as oportunidades que elas oferecem, sem comprometer os elementos insubstituíveis da interação presencial. Isso implica em reconhecer o potencial revolucionário da IA para impulsionar a produtividade e o valor, sem desumanizar o ambiente de trabalho.
Talento aumentado: a transformação das habilidades
Os avanços nestas tecnologias estão remodelando drasticamente a essência do trabalho. Desde tarefas simples, como a inclusão de dados em bases, até o suporte ao cliente, uma ampla gama de atividades agora é rotineiramente executada por máquinas. Enquanto veículos autônomos estão sendo testados para logística e os primeiros clientes conhecem produtos em showrooms virtuais, em outros setores, as oportunidades ainda não foram totalmente exploradas.
Essas mudanças estão tendo um impacto profundo nos tipos de trabalho que as pessoas farão no futuro. Até 2030, 1,1 bilhão de empregos podem ser radicalmente transformados pela tecnologia, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Uma preocupação comum em relação à automação é o temor de uma grande perda de empregos, uma vez que as tarefas anteriormente realizadas por humanos são assumidas pela tecnologia. No entanto, estudos indicam que a adoção de novas ferramentas tecnológicas resulta em um aumento líquido de empregos.
Conforme a Pesquisa de Expectativa de Emprego, do ManpowerGroup, mais da metade dos empregadores (58%) acreditam que a tecnologia imersiva levará a uma ampliação de suas equipes. No entanto, os tipos de empregos criados e as habilidades necessárias para essas novas funções estão sendo redefinidos.
Embora as tecnologias possam eliminar certos postos de trabalho, também criam novas oportunidades. Funções que demandam criatividade, pensamento crítico, solução de problemas complexos, habilidades interpessoais e inteligência emocional são menos suscetíveis à automação.
Como vimos no passado, os avanços tecnológicos invariavelmente levam ao surgimento de novas indústrias e setores de emprego. A tecnologia também exige que os colaboradores tenham um novo conjunto de habilidades para poderem aproveitar ao máximo suas capacidades.
O Dr. Tomas Chamorro-Premuzic, Diretor de Inovação do ManpowerGroup, afirma: “estamos apenas começando a ver como a Realidade Virtual pode mudar o trabalho das pessoas e as habilidades que elas precisam para progredir em suas carreiras. Haverá uma necessidade de novas competências que ainda nem conhecemos. A demanda por essas ‘metahabilidades’ crescerá, com as pessoas cada vez mais fazendo funções que envolvem Realidade Virtual.”
A lacuna entre as habilidades atuais e as futuras
As tecnologias imersivas, IA e RV estão redefinindo os conjuntos de habilidades exigidos para desempenhar eficazmente as funções nas organizações, porém, a força de trabalho atual enfrenta uma lacuna significativa de preparação para essa mudança.
Num ambiente de trabalho em constante evolução tecnológica, manter-se atualizado com as habilidades necessárias pode ser um desafio para os profissionais.
Para assegurar que os colaboradores possam prosperar ao longo de suas carreiras, os empregadores precisarão estabelecer um ambiente que apoie a constante evolução de habilidades. Sendo assim, a tecnologia imersiva também tem o potencial de facilitar o desenvolvimento das novas competências.
Um estudo da PwC, que examinou a eficácia do treinamento em RV, constatou que não apenas é significativamente mais eficiente do que o e-learning tradicional, mas também supera o aprendizado em sala de aula. Os participantes que completaram um curso em RV o finalizaram quatro vezes mais rapidamente do que aqueles que frequentaram a mesma capacitação presencialmente. Além disso, eles demonstraram uma taxa 35% maior de aplicação do que aprenderam.
Impactos no Futuro do Trabalho
A rápida evolução da tecnologia, exemplificada pelo advento do ChatGPT, está redefinindo a dinâmica entre candidatos e recrutadores. À medida que mais organizações adotam a Inteligência Artificial para análise de currículos, os próprios candidatos estão cada vez mais inclinados a incorporá-la em sua busca por emprego.
A receptividade demonstrada pelos candidatos em relação ao uso da IA para aprimorar suas perspectivas de carreira sugere uma mudança significativa nas práticas de recrutamento. Embora a automação impulsionada pela IA prometa simplificar algumas etapas dos processos de contratação, é evidente que a preferência por interações humanas persiste em situações como entrevistas finais.
Além disso, a influência da tecnologia se estende além da fase de recrutamento, oferecendo oportunidades de transformação tanto no treinamento de colaboradores existentes quanto na integração de novos talentos. A ascensão do Metaverso como uma plataforma de aprendizado promissor sugere uma mudança de paradigma na forma como as habilidades são adquiridas e aprimoradas.
Em contraste com as ferramentas digitais tradicionais, o Metaverso oferece uma experiência de aprendizado mais imersiva e envolvente, permitindo que os colaboradores desenvolvam habilidades de uma maneira que antes poderia ser inatingível nos ambientes de treinamento convencionais.
Assim, enquanto a tecnologia continua a moldar os processos de recrutamento e treinamento, a combinação inteligente de automação e interação humana promete uma abordagem mais eficaz e abrangente para o desenvolvimento da força de trabalho do futuro.
Gostou deste artigo e quer se aprofundar ainda mais no tema de novas tecnologias? Confira o que Nilson Pereira, CEO do ManpowerGroup Brasil, escreveu sobre o encontro entre Inteligência Artificial e mercado de trabalho.