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Apoio #EntreNósMulheres para fortalecer a liderança feminina

6 min de leitura

Publicado em 28/03/24

Atualizado em Março 28, 2024

Quando eu tinha uns 14 anos, perguntaram para a minha mãe se ela já estava preparando o meu enxoval. Um exemplo claro de como, para mulheres da minha geração, ter uma carreira corporativa era algo distante, e ocupar uma posição de liderança, pouco provável. Somos, historicamente, submetidas a determinados papéis — esposa, mãe, principalmente. 

Embora os anos tenham passado e avanços tenham sido feitos, sabemos que a presença da mulher no mercado de trabalho de forma equitativa é uma realidade ainda inalcançada. Mais especificamente, levará 131 anos para isso acontecer, segundo a previsão do Relatório Global de Disparidade de Gênero do Fórum Econômico Mundial de 2023.  

Um dos motivos é a ideia de papel social, que impede ou restringe o acesso de mulheres a certas áreas, funções e cargos, além de prejudicar o pleno desenvolvimento de nossas jornadas profissionais. 

A resposta para superar esse cenário, sabemos também, não é única; é feita de um conjunto de ações, que passam pelo poder público, pelo poder judiciário, pela sociedade e por estratégias organizacionais.  

A lei da igualdade salarial, a licença paternidade estendida e o investimento no desenvolvimento de profissionais mulheres são exemplos importantes nesse esforço.  No entanto, há ainda mais uma camada relevante para as mudanças: a maneira como nós, mulheres, nos relacionamos.  

É sobre esse ponto, especificamente, como nos relacionamos, que gostaria de me aprofundar neste artigo, afinal, tenho plena consciência de que minha história poderia ter sido muito diferente se não fosse isso.  

Lidero uma área, em uma empresa global, em uma jornada de quase quatro décadas de trabalho, mas como todas as mulheres — considerando, claro, os devidos recortes sociais — tive e ainda tenho que enfrentar obstáculos. Tudo poderia ter sido diferente, mas não foi, e atribuo parte significativa das minhas conquistas ao suporte e ao impulso recebido justamente de outras mulheres.   

Cito aqui três, mas, certamente, muitas outras estão entre os laços dessa rede. Rosa Maria Franco me incentivou e me fez confiar em mim mesma. Foi Rosa quem me despertou para dar um passo além, me estimulando a buscar novas formas de fazer o que eu já fazia. Resultado desse apoio foi um salto de carreira na empresa onde trabalhava.  

Maria Cristina Funck foi quem me proporcionou um aprendizado que transformou a minha trajetória: por meio das nossas conversas, compreendi que sabia “a língua dos negócios” para falar de pessoas, da importância de pessoas para as empresas, o que me permitiu me posicionar profissionalmente de forma mais autêntica.  

E não poderia deixar de citar a Luiza Ghisi, consultora que abriu as portas para que eu pudesse ingressar na prestação de serviços na área de RH. Aproveito este espaço para agradecê-las.  

Bem, se as redes de apoio são fundamentais para que mulheres conquistem espaços no mundo do trabalho, sou convicta em dizer que elas se tornam ainda mais importantes quando se trata de cargos de liderança. Neste sentido, incluo também a família, especialmente quando falamos de profissionais que são mães e exercem a liderança ou que almejam se tornar líderes.  

Liderar significa servir, e isso exige muito de nós, requer que tenhamos suporte para lidar com os desafios. Por isso, empresas podem — e devem — promover conexões entre profissionais para que se apoiem mutuamente, como falamos das mentorias entre mulheres neste artigo, e investir no desenvolvimento de lideranças.  

Mas, além disso, acredito que cada uma de nós pode buscar pelo que chamo de “mentorias informais”. Vou dar um exemplo que experiencio aqui: admiro muito a Ana Guimarães e trocamos diariamente sobre os dilemas do trabalho, oferecendo suporte uma à outra. Por reconhecer nela uma capacidade incrível de se aproximar das pessoas e de engajá-las, peço para que ela me conte sobre como fazer melhor isso.  

A partir desta relação, consigo aprender e aplicar novas perspectivas na minha forma de atuar, sempre as ajustando ao meu próprio modo de ser. Cada uma tem seu jeito particular.   

Sabemos que, além do ambiente corporativo estar a favor da presença da mulher na liderança, todo o sistema no entorno precisa ser facilitador para podermos assumir a posição de líderes e mostrarmos todo o talento que temos. É claro que isso exige uma mudança estrutural — por exemplo, compreender que o cuidado com a casa e com os filhos não é um dever da mulher, e sim uma responsabilidade compartilhada.   

De todo modo, ao abandonarmos a estrutura socialmente imposta dos papéis de gênero e a lógica da competição para estabelecer conexões de fortalecimento recíproco, podemos mobilizar mudanças que contribuem para a realidade que desejamos. Aquela em que mulheres são reconhecidas e valorizadas por suas competências em qualquer espaço.  

Como gestora de pessoas, acredito no poder que temos em nós, dentro de cada mulher, para mover essa pauta adiante e transformar nossas histórias, juntas.   

Ah! Quanto ao enxoval, este ficou para quando eu mesma decidi que era o momento de juntar as escovas de dente. 

E na sua trajetória, você contou com o apoio de mulheres? Por quem a sua rede é formada hoje? Compartilhe a sua história aqui nos comentários, vou adorar saber. 

Abraços, 

Wilma Dal Col  

Diretora de Gestão Estratégica de Pessoas no ManpowerGroup Brasil

Confira aqui a publicação original.

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