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Como a experiência de trabalho das mães afeta o desenvolvimento dos filhos

7 min de leitura

Publicado em 12/05/23

Atualizado em Maio 12, 2023

Quase metade das mulheres que se tornam mães e saem de licença-maternidade perdem seus empregos após 24 meses. Os dados são da pesquisa da Fundação Getúlio Vargas e revelam um padrão que segue por 47 meses depois do período de proteção ao emprego. A exclusão das mulheres mães do mercado de trabalho é, portanto, sistemática. E a discussão sobre equidade de gênero, dentro e fora das organizações, mais do que legítima.  

Mas, geralmente, quando pensamos em maternidade e mercado de trabalho, pensamos em como a maternidade afeta a carreira das mulheres. O que acontece é que essa relação não é unilateral, mas sim uma via de mão dupla. E, se estamos, enquanto líderes e empregadores, genuinamente preocupados com a inclusão, precisamos entender que a forma como as mães experienciam seus trabalhos reflete também nos seus modos de maternar. 

Segundo uma pesquisa da Think Work, mais de 50% das mulheres relataram falta de oportunidade de crescimento depois se tornarem mães; 45% delas contaram se sentir menos convidadas para projetos; e 40% disseram que foram menosprezadas no trabalho por serem mães — um percentual cinco vezes maior do que dos homens pais entrevistados.  

Como mães que atravessam essas e outras dificuldades podem se sentir dispostas e disponíveis para estarem com seus filhos depois de um dia de trabalho? Sem esquecer da relevância de implementar a licença-paternidade estendida e da importância de homens pais assumirem suas responsabilidades com os filhos, é desse ponto de vista que gostaria de compartilhar algumas reflexões com você, para podermos avançar na discussão. 

Sou mãe de dois meninos e me lembro de como foi difícil o retorno ao trabalho após as licenças-maternidade. São muitas inseguranças que surgem nesse momento: será que vou dar conta? Como meus filhos vão ficar sem mim? Como a empresa vai enxergar meu desempenho a partir de agora? Embora na minha experiência como mãe e mulher seja possível dizer que tenho um parceiro para dividir as responsabilidades de forma igualitária, sabemos que, na grande maioria das vezes, essa não é a realidade — vale dizer que no Brasil há aumento do número de mães solo, inclusive. 

Portanto, o primeiro ponto de atenção para as organizações é fazer com que, neste momento de reinserção na empresa, as mulheres mães sejam acompanhadas, ouvidas em suas necessidades, e tenham até mesmo programas de atualização de conhecimento para que se sintam mais valorizadas e confiantes em desempenhar suas funções. 

Me recordo também que, apesar da rotina intensa de trabalho, pude contar com um ambiente receptivo às minhas demandas como mãe e que me proporcionava reconhecimento e conversas regulares sobre expectativas e necessidades. Isso me fazia voltar para casa mais realizada, mais satisfeita e, assim, mais disposta a ficar realmente conectada com meus filhos. 

Quando vi uma pesquisa divulgada pela Harvard Business Review no início deste ano, entendi que essa associação não era algo isolado. O estudo mostrou que ter uma experiência mais positiva no trabalho, de fato, promove uma relação de mais qualidade com os filhos e, consequentemente, impacta positivamente o desenvolvimento das crianças. Ao longo de dez anos, pesquisadores acompanharam famílias desde a gravidez até os primeiros anos como pais e mães para chegar aos resultados.

Autonomia, apoio e solidariedade de colegas e líderes, além da valorização, são fatores que promovem uma parentalidade mais afetuosa e engajada. Nos resultados, crianças que receberam essa atenção de pais e mães nos primeiros anos de vida tiveram melhores níveis de habilidades sociais, desempenho acadêmico e gestão emocional.  

Outro estudo que investigou a relação entre parentalidade e trabalho identificou uma associação entre crianças que tinham mais tendências a apresentar problemas comportamentais a pais e mães demasiadamente sugados pelo trabalho, mesmo em momentos de vivência familiar e de relaxamento, independente do tempo que passavam trabalhando. Ou seja, a disponibilidade física e psicológica para interagir, ouvir, estar inteiramente presente com as crianças, têm uma parcela importante na forma com que os filhos se desenvolvem. 

Neste sentido, as empresas e seus líderes devem reimaginar a experiência de trabalho pela ótica da parentalidade, encarando-a uma responsabilidade social, já que as decisões e as estratégias de gestão de pessoas, aqui em particular das mães, podem afetar a próxima geração. Desse modo, uma cultura organizacional que priorize a saúde mental, a flexibilidade, a confiança, a empatia e o reconhecimento poderá contribuir para que mães construam carreiras mais realizadas e maternidades mais significativas.  

O que você achou dessa perspectiva? Participe da conversa aqui nos comentários para repensarmos juntos e juntas um mundo do trabalho mais inclusivo para mães e famílias. 

Abraços! 

Ana Guimarães 

Diretora de Operações do ManpowerGroup Brasil 

Confira aqui a publicação original.

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