É compreensível que os líderes do setor industrial se sintam intimidados com a tarefa que têm pela frente em termos de remodelagem de sua força de trabalho. Esse setor está no centro da revolução das competências impulsionada inicialmente pela automação e pela robótica e, mais recentemente, intensificada pela IA.
Os papéis tradicionais da indústria estão mudando, e novas funções estão surgindo na linha de produção com a mesma rapidez. Essas mudanças estão atuando como uma força propulsora de um comportamento positivo. Nada exige mais ação do que a necessidade, e a dimensão da tarefa que está por vir talvez ajude o setor industrial a se movimentar de forma mais ágil. O desafio é grande demais para ser ignorado (outros setores que sofrem menos pressão para adotar a digitização e as mudanças na força de trabalho podem ficar para trás e perder oportunidades).
Os fabricantes que mais estão se automatizando também são os que mais estão criando empregos – 87% planejam aumentar ou manter o número de colaboradores como resultado da automação, pelo terceiro ano consecutivo. (Veja: Procuram-se Humanos) Entre a criação de empregos, a incompatibilidade de competências e aumento do número de trabalhadores que estão se aposentando, a escassez de talentos atingiu seu ponto mais alto em doze anos. Capacitar os trabalhadores não pode ser a única opção quando não há um talento externo disponível; é essencial encontrar a combinação certa entre formar, comprar, pegar emprestado e migrar talentos.
Os fabricantes precisarão que instituições de ensino e outros segmentos se juntem a eles. O ManpowerGroup pode desempenhar um papel fundamental no apoio ao setor, o que nos levou a formar uma parceria com a MxD para mapear os cargos do futuro que impulsionarão o crescimento desse mercado. Essencialmente, desenvolvemos uma taxonomia de competências e cargos que apoiarão a indústria digitalmente transformada.
Nossas descobertas, resumidas em “A Fábrica do Futuro”, são significativas por várias razões. Elas servem como uma ferramenta para os fabricantes identificarem suas necessidades de competências, sempre em evolução. Elas também ajudam a desmistificar a revolução da robótica: “Os robôs estão chegando!” já não precisa mais ser dito com temor, como se o fim estivesse próximo. Os robôs estão entre nós e ajudando a criar empregos. E agora, por meio do trabalho que fizemos com a MxD, também sabemos que é possível prever, com algum nível de precisão, o impacto que as novas tecnologias estão exercendo sobre o mundo do trabalho, quais funções existirão e quais desaparecerão ou mudarão nos próximos anos em resposta direta à digitização.
Nossa colaboração com a MxD revelou que quase metade de todos os cargos industriais (49%) precisará mudar nos próximos três a cinco anos, à medida que o setor se transforma e se torna totalmente digital. Mais de um quarto dos cargos de chão de fábrica desaparecerá. Ao mesmo tempo, identificamos 165 novos cargos. A maioria das novas funções, tal como o “especialista em robô colaborativo”, não poderiam ter sido nem imaginadas há uma década.
Nosso estudo também descobriu que a tecnologia por si só não será suficiente para formar uma resiliência corporativa. As organizações também precisarão desenvolver uma “D-Suite” – uma comunidade de líderes digitalmente preparados e com mente analítica, conectados e dedicados a criar a cultura e a capacidade necessárias dentro da organização para gerar oportunidades e promover uma transformação digital bem-sucedida.
Identificamos que uma liderança D-Suite é possibilitada por três novas capacidades:
- Construção de uma cultura corporativa que incentive o desenvolvimento contínuo de carreira
- Apoio à colaboração entre culturas para acelerar a performance em paralelo às estratégias de curto prazo
- Incentivo à inovação ao assumir riscos e gerenciar decisões corajosas
Tudo isso pode ser ensinado às pessoas com a mentalidade certa, o que envolve estar aberto ao aprendizado e preparado para mudar de rumo rapidamente para otimizar oportunidades.
É natural ter medo do desconhecido. Ao analisar um setor e desenvolver um guia para cada um dos cargos que esse setor precisa, estamos removendo os “achismos” sobre as profissões do futuro.
*Texto originalmente publicado em: manpowergroup.com