A indústria global de energia está passando por importantes mudanças à medida que se adapta a um futuro mais sustentável. Com o crescimento das fontes de energia renovável, como solar e eólica, o mercado está se afastando dos combustíveis fósseis e abrindo as portas para inovações e oportunidades.
Essa transformação ocorre em meio ao aumento da demanda por energia e à urgência de combater as mudanças climáticas. Mas, enquanto a indústria avança, também enfrenta o desafio de preencher lacunas de talentos e habilidades.
Neste breve guia, conheceremos as principais tendências do setor e como elas estão moldando o futuro do trabalho.
Boa leitura!
A indústria global de energia está passando por uma grande transformação.
Os investimentos em energia limpa agora superam os feitos em combustíveis fósseis, sinalizando uma mudança significativa nas fontes de energia que moldam o setor. A demanda por petróleo, que em 2023 foi de cerca de 102 milhões de barris por dia, deve se estabilizar em torno de 106 milhões de barris diários até 2030, antes de começar a diminuir, à medida que as alternativas de energia renovável ganham mais espaço.
No Brasil, a descarbonização do setor energético exigirá um investimento de mais de US$ 1,3 trilhão até 2050, com US$ 500 bilhões voltados para fontes renováveis, conforme relatório da BloombergNEF (BNEF).
Embora essa transição não aconteça tão rapidamente quanto algumas pessoas gostariam, ela traz mudanças para as necessidades de força de trabalho do setor. Essa evolução cria oportunidades, tanto para a inovação quanto para o aumento da demanda por profissionais com determinadas habilidades.
Habilidades transferíveis: muitas das competências comuns na indústria de petróleo e gás, como engenharia química e engenharia mecânica, são altamente relevantes para os empregadores da indústria de energia limpa, facilitando a transição do setor para uma nova realidade.
Reformulação da marca empregadora: empresas consolidadas na indústria de combustíveis fósseis precisarão adaptar a marca empregadora para atrair os melhores talentos, especialmente à medida que redirecionam suas operações para as fontes renováveis de energia.
Mudança nas funções de trabalho: à medida que a transição para a energia limpa se intensifica, as necessidades de força de trabalho também mudam. Funções tradicionais serão substituídas por novos tipos de emprego, como os relacionados à infraestrutura de estações de carregamento de veículos elétricos.
O mercado de energia solar está experimentando um desenvolvimento acelerado.
Resultado da crescente demanda por fontes de energia limpa e renovável, pela queda nos custos de painéis solares e baterias, e por políticas e incentivos favoráveis de diversos governos. Países como China, Estados Unidos e Índia lideram os principais mercados, mas outras regiões emergentes, como a África, a América Latina e o Sudeste Asiático, também apresentam um grande potencial de crescimento.
No Brasil, o setor de energia solar mostra um desenvolvimento consistente. Desde a regulamentação da tecnologia fotovoltaica pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), em 2012, mais de 1,4 milhão de empregos foram gerados, e as projeções indicam que esse número pode atingir 3,5 milhões até 2030, segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).
A expansão do setor no país também está alinhada aos compromissos com metas globais de sustentabilidade, como as diretrizes da COP28 e o Acordo de Paris. A capacidade instalada de energia solar pode ultrapassar 123 GW até 2030, consolidando o Brasil como uma referência no mercado global de energia renovável.
Preparação para o futuro: com o crescimento contínuo da energia solar, os empregadores precisarão se preparar com uma força de trabalho que possa lidar com a instalação e a manutenção do número crescente de sistemas fotovoltaicos.
Recrutamento estratégico: campanhas de recrutamento em larga escala, que enfatizem a narrativa de sustentabilidade dessa indústria e seu impacto positivo nas mudanças climáticas, podem atrair especialmente os trabalhadores mais jovens.
Retenção e experiência: a retenção de profissionais experientes será necessária, já que eles são essenciais para aumentar a produtividade e acelerar o treinamento dos novos colaboradores à medida que a indústria se expande.
A indústria global de energia eólica experimenta um crescimento acelerado nos últimos anos.
As perspectivas para o setor permanecem positivas, à medida que mais países e regiões se comprometem com metas de sustentabilidade e buscam melhorar sua segurança e diversidade energética. A expansão contínua da indústria trará consigo uma necessidade crescente de uma força de trabalho altamente especializada para projetar, desenvolver, construir e manter o número cada vez maior de turbinas eólicas.
Apesar do crescimento promissor, a indústria de energia eólica enfrenta desafios significativos, como barreiras regulatórias, restrições na cadeia de suprimentos, e a escassez de talentos com determinadas habilidades, que precisam ser superados para garantir que o setor alcance seu potencial.
Parcerias estratégicas: ao contrário de outros desafios globais, líderes da indústria de energia eólica podem atuar diretamente para enfrentar a escassez de talentos, formando parcerias estratégicas com instituições de ensino e programas de treinamento para preparar os profissionais do futuro.
Planejamento da força de trabalho: otimizar o planejamento estratégico da força de trabalho ajudará a aliviar as pressões de custo que o setor enfrenta atualmente, promovendo uma maior eficiência e produtividade a longo prazo.
Redução da rotatividade: investir em programas de retenção e priorizar a diminuição do turnover será crucial para o sucesso no futuro, especialmente em um setor em expansão, onde as demandas por manutenção de instalações continuam a crescer.
A inteligência artificial está impactando todos os setores, inclusive o de energia.
No setor energético, a inteligência artificial tem o potencial de impulsionar a inovação, aumentar a eficiência e melhorar a produtividade dos talentos. Contudo, esse avanço também traz um desafio: o aumento no consumo de energia. A demanda por eletricidade, especialmente em data centers, está crescendo rapidamente, e a IA é um grande motor desse adicionamento.
Em 2022, os data centers consumiram cerca de 460 terawatts-hora (TWh) de eletricidade, e esse consumo deve dobrar, atingindo 1.000 TWh até 2026. Isso está diretamente relacionado ao crescente uso de IA, que, embora traga benefícios, também demanda enormes quantidades de eletricidade. Para se ter uma ideia, gerar uma única imagem por meio de IA consome tanta energia quanto carregar um smartphone completamente.
Esse aumento no consumo de energia representa um desafio para as lideranças do setor, mas também abre portas para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Soluções como edifícios mais eficientes, redes de energia inteligentes e avanços tecnológicos têm o potencial de cortar essas emissões em até 10% até 2030.
Soluções inovadoras: a crescente demanda por data centers e a implementação de novas tecnologias exigem uma força de trabalho especializada. Para essa demanda, os operadores desses centros estão aplicando soluções inovadoras, como energia nuclear, hidrogênio e armazenamento avançado de baterias.
Escassez de talentos: os investimentos em infraestrutura de data centers impulsionarão o crescimento de empregos no setor de energia. No entanto, esse progresso precisará superar a escassez de talentos.
Desenvolvimento e aprendizado: a demanda por habilidades técnicas será crucial. Portanto, as empresas deverão investir em treinamentos e programas de capacitação para garantir que a força de trabalho esteja preparada para o futuro.
A indústria global de eficiência energética está em forte desenvolvimento.
Tecnologias inteligentes, como medidores, redes, edifícios e sistemas de iluminação, estão liderando esse avanço. Paralelamente, políticas e normas de eficiência energética em diferentes setores têm impulsionado essa transformação. No entanto, para sustentar esse progresso, será crucial expandir significativamente a força de trabalho especializada, capaz de implementar e manter essas inovações.
As redes elétricas, que antes eram um gargalo para a transição energética, estão recebendo novos investimentos. Após uma estagnação em cerca de US$ 300 bilhões por ano desde 2015, espera-se que os gastos tenham atingido US$ 400 bilhões em 2024, impulsionados por políticas e investimentos na Europa, Estados Unidos, China e partes da América Latina.
O crescimento da eficiência energética também deverá ser responsável pela maior parte da criação de novos empregos na indústria de energia limpa nesta década. Estima-se que mais de 10 milhões de novos postos de trabalho sejam gerados até 2030, com 3,2 milhões deles relacionados diretamente à eficiência energética.
Compensação de investimentos: apesar dos custos com mão de obra serem mais flexíveis do que os gastos com melhorias na infraestrutura global, um bom planejamento estratégico pode equilibrar esses investimentos e gerar vantagem competitiva.
Reskilling e Upskilling: a tecnologia de eficiência continuará a evoluir rapidamente, exigindo programas de aprimoramento e requalificação da força de trabalho em larga escala para garantir que as empresas acompanhem as mudanças tecnológicas e permaneçam competitivas.
A transição global para a energia verde demanda colaboração, inovação e investimentos como nunca vistos.
Embora a transição verde seja um processo desafiador, ela também oferece grandes oportunidades para o crescimento econômico, o desenvolvimento social e a proteção ambiental. No entanto, para transformar essas possibilidades em realidade, o setor de energia precisa superar um gargalo crítico: a escassez de talentos. A demanda por trabalhadores para projetar, construir, operar e manter as infraestruturas que suportarão essa transição só tende a crescer.
Recrutamento como diferencial: o envelhecimento das populações, principalmente nos países desenvolvidos, reduzirá o tamanho da força de trabalho, tornando as estratégias tradicionais de recrutamento cada vez menos eficazes.
Geração Z: para atrair a próxima geração de talentos, os empregadores precisarão ir além da compensação financeira. Jovens profissionais valorizam mais trabalho significativo, flexibilidade e oportunidades de crescimento do que um salário alto.
Com os impactos das mudanças climáticas cada vez mais evidentes, cresce a urgência por fontes de energia mais limpas e sustentáveis. Essa percepção deve continuar impulsionando investimentos no setor, especialmente diante de tendências como o crescimento global dos data centers, a eletrificação dos veículos e o aumento do consumo residencial de energia.
O setor se destaca por sua certeza quanto à demanda futura, consolidando-se como um dos mais promissores. Para atrair a nova geração de talentos, será necessário oferecer mais do que apenas salários competitivos. Jovens profissionais procuram significado no trabalho, flexibilidade e oportunidades de crescimento — elementos que a indústria energética tem capacidade de proporcionar.
A expansão da inteligência artificial também traz um enorme potencial de transformação. Enquanto muitas funções tradicionais podem se tornar obsoletas, a IA será um grande impulsionador de crescimento no setor. O aumento da demanda por energia limpa exigirá ainda mais profissionais técnicos para atender às novas necessidades.
Por fim, o pico da demanda por petróleo abre uma oportunidade única para empresas de energia limpa. Talentos da indústria de petróleo e gás têm habilidades técnicas altamente transferíveis, que serão essenciais para acelerar a transição energética e atender às demandas desse novo cenário.
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