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Embora representem a maioria da população brasileira, pessoas negras continuam sendo minoria em cargos de média e alta gestão. E esse, por si só, já é um indicativo claro de que combater o racismo no ambiente de trabalho é um assunto urgente.
Segundo estudo recente, somente 0,4% dos cargos de diretoria são ocupados por esse grupo. Em posições de nível sênior e coordenação, os negros também ocupam as menores porcentagens – apenas 1,3% e 3,9%, respectivamente.
Os números não deixam dúvidas: ainda há muito a ser feito para romper com o racismo estrutural e institucionalizado no Brasil. Se a sua empresa quer fazer parte deste movimento, te convidamos a continuar a leitura!
Há várias terminologias que englobam o conceito de discriminação racial. Sendo assim, o primeiro passo para discutir o combate ao racismo no ambiente de trabalho é entender cada uma delas. Confira os termos principais:
É qualquer opinião ou sentimento concebido de forma superficial sobre determinada pessoa ou grupo. Em geral, é baseado na falta de conhecimento ou na criação de estereótipos, podendo resultar em racismo ou discriminação.
Para além do preconceito racial, outros tipos estão enraizados na nossa sociedade e, consequentemente, no mercado do trabalho, como o machismo, a homofobia e o etarismo.
Parte da crença de que uma raça, etnia ou algumas características físicas sejam superiores a outras. Isso, por sua vez, resulta em desvantagens ou privilégios para grupos específicos, tanto por meio de práticas conscientes quanto inconscientes.
A discriminação racial é um dos resultados mais comuns do racismo e acontece quando o preconceito baseado na etnia ou cor de pele é demonstrado por meio de ações, sejam elas veladas ou não.
Na prática, a discriminação leva à rejeição e exclusão de determinados grupos. Afinal, parte do tratamento injusto e negativo às pessoas que fazem parte deles, como é o caso das pessoas negras.
Para além desta forma de racismo, há duas outras classificações que fazem parte do mesmo contexto:
O racismo é um problema tão presente no Brasil que, atualmente, ele é percebido por 84% da população. Embora ainda haja um árduo caminho para alcançarmos a igualdade nesta frente, já existem leis que apontam para um futuro melhor.
Uma das mais importantes é a Lei n° 7.716, de 1989, que define a punição para crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Outra conquista importante é a Lei Nº 12.288, de 2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades e o combate à discriminação.
Entre os pontos defendidos pelas leis que são essenciais para combater o racismo no ambiente de trabalho, destaca-se a pena de reclusão para quem, por motivo de discriminação de raça ou de cor, ou práticas resultantes do preconceito de descendência ou origem nacional ou étnica:
Vale lembrarmos que, em 2020, o Projeto de Lei 5232 alterou a Lei n° 7.716 para estabelecer responsabilidade civil e criminal aos administradores de empresas que falharem em promover ações efetivas para prevenir e mitigar atos discriminatórios – outra conquista importante do movimento negro!
Como dissemos no início do artigo, combater o racismo no ambiente de trabalho é uma pauta que precisa ser tratada com urgência. E há vários dados, para além dos que já apresentamos, que ajudam a reforçar esse cenário.
Uma pesquisa encomendada pela CNN Brasil, por exemplo, mostrou que 75% das empresas brasileiras apontam o racismo como principal discriminação no ambiente de trabalho. Ao redor do mundo, 82% dos entrevistados disseram que já testemunharam alguma forma de discriminação nas empresas pelas quais passaram. Dessas, 41% de cunho racial.
Uma das manifestações claras deste tipo de conduta é que, ainda hoje, há uma diferença salarial de 31% entre brancos e negros com ensino superior. Quando falamos sobre as mulheres pretas, o cenário é ainda mais alarmante: elas chegam a ganhar, em média, 42% a menos do que mulheres brancas.
Diante de números tão significativos, as empresas podem ser agentes de transformação. A seguir, traremos alguns insights sobre como construir diversidade e equidade racial no ambiente de trabalho.
Para lutar contra o racismo, as empresas não podem ficar apenas no discurso: é preciso desenvolver ações concretas e engajar todos os colaboradores em prol do mesmo objetivo.
Veja, abaixo, algumas iniciativas que podem fazer a diferença:
Se a sua companhia deseja desenvolver projetos de combate ao racismo realmente relevantes, contar com um comitê de diversidade é um passo importante.
Esses grupos são formados por colaboradores de diversas áreas, que têm afinidade com a causa e que, de forma voluntária, se colocam à disposição para pensar e implementar medidas que gerem mudanças nas organizações.
Ter metas claras de combate ao racismo é outra prática que vem ganhando espaço dentro das empresas que se comprometem com a causa. Algumas organizações já estabeleceram como objetivo aumentar a porcentagem de profissionais negros, especialmente, em posições de liderança ao longo dos próximos anos. É o caso da Cielo e da Vivo.
As vagas de ações afirmativas costumam ser um desdobramento direto do estabelecimento de metas de diversidade na empresa. Afinal, o objetivo é ampliar a participação de pessoas que pertencem a grupos historicamente minorizados.
Para explicar melhor, as vagas afirmativas nada mais são do que vagas de trabalho destinadas exclusivamente a grupos específicos, como pessoas pretas ou indígenas. Uma iniciativa que ficou bem conhecida foi o Programa de Trainee do Magazine Luiza para jovens negros.
Aqui, o óbvio precisa ser dito: definir políticas e práticas de inclusão, bem como disseminá-las entre todos os colaboradores, é fundamental para que não restem dúvidas sobre o posicionamento da empresa.
A fim de garantir que o racismo no ambiente de trabalho será repreendido, também é indispensável disponibilizar meios para que os colaboradores possam reportar condutas inadequadas.
Ter um canal de ouvidoria interna, que mantenha o anonimato das denuncias, é um bom começo. Além disso, é importante criar um ambiente seguro, no qual os colaboradores se sintam confortáveis para conversarem com seus líderes ou com o RH caso enfrentem alguma situação descabida.
Temas como Diversidade e Inclusão já fazem parte das estratégias de educação corporativa da sua empresa? Se a resposta for não, essa é a hora de reverter o cenário: lutar contra o racismo e demais preconceitos exige conscientização constante!
Promover palestras e divulgar conteúdos que incentivem o diálogo, especialmente entre funcionários brancos, são algumas medidas que podem fazer a diferença. Afinal, como já dissemos anteriormente, há muitos comportamentos que são reproduzidos no dia a dia de forma inconsciente.
Por fim, não poderíamos deixar de falar sobre a importância de consciencializar os líderes sobre o combate ao racismo no ambiente de trabalho. Na prática, eles serão os grandes responsáveis por propagar a cultura antirracista para os demais colaboradores.
Também é fundamental investir na capacitação de lideranças negras, aumentando assim a representatividade nas posições de gestão. Ter profissionais pretos ocupando diferentes cargos faz parte do processo de conscientização.
Combater o racismo no ambiente de trabalho demanda que as empresas estejam verdadeiramente dispostas a repensarem seus processos e a proporem caminhos mais conscientes, responsáveis, inclusivos e igualitários.
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