Existe uma máxima que diz que quando tudo é prioridade, nada é prioridade. Em um mundo com tantas urgências — nem sempre necessárias — um dos principais desafios de liderar no C-level é administrar a balança entre a visão do curto e do longo prazo, organizando uma agenda que una propósito e produtividade. Seria interessante pensar, no entanto, que priorizar determinadas pautas favorece com que outras demandas sejam mais bem abastecidas e realizadas.
Um artigo da McKinsey pode nos esclarecer quanto a isso. Com base em conversas e entrevistas com lideranças do mundo todo, foram identificadas seis prioridades que devem estar na mente de quem ocupa o cargo de CEO. Logo no início, está a resiliência da empresa, que diz respeito à importância de líderes planejarem seus negócios para poderem atravessar turbulências. Depois, vem a coragem, ou melhor, o exercício da ambidestria, para saberem como avançar, mesmo diante de cenários de retração.
Neste sentido, se conecta a necessidade de CEOs focarem no desenvolvimento do negócio, protegendo o business core enquanto miram novos territórios. Um dos caminhos para isso nos leva aos próximos itens da lista: a apropriação de novas tecnologias e os programas de redução de carbono. Ambos são fundamentalmente estratégicos para a sustentabilidade das empresas e estão interligados à medida que tecnologias verdes despontam.
Dito isso, chegamos à sexta prioridade, que entendo, na verdade, ser a primeira e mais importante: reengajar as pessoas. Quando falo sobre ter prioridades capazes de abrir caminhos para outras mudanças e realizações, as pessoas, certamente, são o exemplo mais significativo. É a partir delas e com elas que empresas poderão se reinventar, e líderes poderão concretizar planos e estratégias.
E como será possível reconstruir essas relações? A resposta está na escuta e na disponibilidade.
No ManpowerGroup Brasil, venho participando ativamente de momentos de escuta com todas as equipes — uma janela para ouvi-las em suas percepções, anseios e expectativas. A comunicação aberta, entre líderes e liderados, e entre as pessoas, em geral, é o ativo de maior riqueza para as organizações. Tenho sentido isso na pele! A disponibilidade, no sentido de estar aberto ao que a outra pessoa necessita e expressa, independentemente do cargo, é fator-chave para que a escuta se transforme em algo tangível.
Reengajar as pessoas colaboradoras, assim, passa por entender como atender a demanda por maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, como ressignificar o local de trabalho para gerar conexões — e não estresse — e como entregar incentivos (desenvolvimento, benefícios, políticas) que permitam com que cada pessoa ali se sinta parte singular e também integrada ao todo.
Hoje, as pessoas querem trabalhar onde há inclusão, e as empresas devem entender que é o talento que importa. É um olhar para o que cada pessoa tem de diferente que a impulsiona e também atrai outras pessoas que, igualmente, querem se sentir pertencentes.
O movimento genuíno de priorizar pessoas é a roda que faz as outras rodas se moverem. Capacitá-las com habilidades verdes, digitais e humanas, e proporcionar sentido e significado para seus trabalhos representa o salto para o próximo nível dos negócios.
Essa deve ser a prioridade número um.
Você também acredita que pessoas devem ser a prioridade? Quais são os desafios da sua empresa em relação à gestão de talentos? Comente ou me envie uma mensagem para continuarmos a conversa.
Abraços!
Nilson Pereira
CEO do ManpowerGroup Brasil