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Felicidade e trabalho são dois conceitos que levaram um tempo para se tornarem mais próximos. Nas civilizações ocidentais antigas, trabalhar era visto como uma punição destinada àqueles que não tinham o privilégio do ócio e da reflexão. Foi apenas durante o Renascimento e do surgimento de uma nova ordem social impulsionada pela burguesia e por novos valores que o trabalho passou a significar uma forma digna de estar no mundo e um meio de alcançar satisfação pessoal – indo além da ideia de suprir necessidades básicas, como alimento, moradia, segurança.
Avançando na linha do tempo, o trabalho foi ganhando novos contornos e, hoje, profissionais estão mais interessados em torná-lo fonte de realização. Não à toa, a ideia de trabalhar com o que ama, trabalhar com propósito transformou-se em um objetivo para as pessoas. Chamo a atenção ao termo ‘propósito’, que sofreu um desgaste. Entendo-o como a oportunidade de uma pessoa sentir que sua ação e seu saber impactam o mundo, não importa se em ações cotidianas ou em grandes transformações.
No entanto, antes de refletirmos sobre esse movimento, é preciso dar um passo para trás e entender o quanto isso representa romper com crenças profundamente enraizadas. De forma geral, a lógica na qual a sociedade vem operando parte do princípio de que, primeiro, é preciso penar para depois receber os louros. Ou seja, trazer a felicidade e a satisfação para ‘dentro’ do trabalho é, de fato, quebrar um muro.
No contexto profissional, gosto da referência do CEO da Happiness Works, Nic Marks, que traduz felicidade no trabalho quando as pessoas experienciam três emoções: entusiasmo, capaz de fazê-las identificar e aproveitar oportunidades; interesse, o que faz com que se comprometam com atividades; e contentamento como a satisfação por uma conquista que motiva novas ações. Sendo assim, quando me perguntam se é possível ter felicidade no trabalho, eu respondo categoricamente que sim, já que esses pilares podem estar presentes na experiência dos colaboradores, se criadas as condições adequadas.
Até porque, ser feliz no trabalho não tem a ver com sair ileso de frustrações ou não enfrentar desafios. Tem a ver com se conectar com valores e atividades da organização, ter um ambiente de respeito e pertencimento, estabelecer vínculos e relações saudáveis e, claro, ser valorizado e reconhecido — e aqui vale o lado financeiro e também emocional.
Mas por que sua empresa deve se preocupar com a felicidade de colaboradores e colaboradoras?
Estudos comprovam que despertar e manter a felicidade nas equipes incrementa resultados. Pesquisa da Harvard Business Review aponta que pessoas realizadas no trabalho são 300% mais inovadoras, 85% mais eficientes e 31% mais produtivas. Além disso, outra investigação da Gallup mostra que pessoas felizes sofrem 50% menos acidentes laborais — evitando despesas de licença e de substituição.
Esses já seriam motivos interessantes, mas podemos ir além. O cenário de escassez de habilidades e de demissões voluntárias convocam as organizações para, cada vez mais, cuidarem dos seus talentos e retê-los. Na reinvenção do trabalho pelos trabalhadores, a demanda por flexibilidade, equilíbrio, autonomia e alinhamento de valores é a base para que as empresas ofereçam o que os colaboradores querem encontrar em suas jornadas profissionais. Soma-se a isso fato de que o Brasil é um país com um problema crítico no quesito saúde mental: 11,3% dos brasileiros disseram ter recebido diagnóstico médico de depressão; neste ano, o burnout foi reconhecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma doença relacionada ao trabalho, fazendo com que as empresas se responsabilizem pelo bem-estar mental do seu pessoal.
Organizações que captaram rapidamente a importância de as pessoas serem felizes enquanto trabalham já dedicam áreas para esse objetivo. É o caso da criação de uma Diretoria da Felicidade, comandada por um ou uma Chief Happiness Officer (CHO), responsável por traçar estratégias perenes e de impacto para estimular e preservar emoções positivas na experiência laboral. Airbnb, Google e Amazon são alguns exemplos de companhias que instauraram a iniciativa, provando que o contentamento é assunto sério.
A felicidade, assim como o significado do trabalho, tem uma compreensão ampla, mas também sentidos individuais e subjetivos. Isso requer que gestores e líderes tenham a sensibilidade para conhecer ambições, desejos, objetivos e realidades das pessoas, aprofundando em outras camadas que atravessam o lado profissional para, então, desenharem caminhos que cultivem a positividade — de olhos abertos para não pintar um mundo cor-de-rosa, que sabemos não ser real.
Afinal, quando falamos de felicidade e propósito, não podemos esvaziá-los e reduzi-los, mas, sim, preenchê-los de substância por meio da escuta, da atenção com as necessidades e demandas de colaboradores e colaboradoras, e de iniciativas que incorporem a satisfação como companhia no processo e não somente como uma possibilidade encontrada na linha de chegada.
E você, como tem atuado para promover a felicidade das pessoas na sua organização? Estou aqui para falarmos mais sobre o tema e te ajudar nessa missão. Conte comigo e com as soluções da Talent Solutions, linha de negócios do ManpowerGroup.
Abraços e até breve!
Wilma Dal Col,
Diretora de Gestão Estratégica de Pessoas no ManpowerGroup Brasil
Publicado originalmente em: https://bit.ly/3MDZF27