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Mulher, presente | Na área de tecnologia, a presença feminina é para agora

11 min de leitura

Publicado em 24/03/22

Atualizado em Abril 20, 2022

Quando você pensa em uma pessoa que trabalha com tecnologia, qual imagem te vem à mente? Muito provavelmente, a de um homem; provavelmente de óculos; provavelmente antissocial, provavelmente nerd, provavelmente uma pessoa branca. A área de tecnologia é cercada de estereótipos e de convenções que nada contribuem para a inclusão, a diversidade e a pluralidade de talentos. Quando pensamos em gênero, particularmente, o espaço das mulheres, apesar de ter expandido, ainda é muito pequeno perto da ascensão acelerada de oportunidades no mercado: segundo o IBGE, elas são apenas 20% dos profissionais.  

Ao voltarmos um pouco no tempo, poderemos ver, no entanto, que as mulheres tiveram papel fundamental para as transformações e os avanços que, hoje, fazem parte do nosso cotidiano. Ada Lovelace, matemática inglesa, inaugurou o primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina. Isso aconteceu em 1843. Karen Sparck Jones, em 1935, foi responsável pela elaboração do conceito de sites de busca, abrindo caminhos para tecnologias que nos respondem praticamente tudo, ao alcance de um clique. Esses são apenas alguns exemplos do impacto da presença feminina na tecnologia que, por uma estrutura social fundada no preconceito, foi invisibilizada.

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O fruto dessa desigualdade de espaço, de reconhecimento, de valorização e de presença persiste até o presente. O aumento de 60% da presença feminina em TI, nos últimos cinco anos, comparado à participação de somente 1/5 no mercado de trabalho mostra o quanto ainda estamos longe de alcançar equidade de gênero na área de tecnologia. Além disso, a disparidade salarial se aprofundou: passou de 22,4%, em 2017, para 23,4%, em 2019, de acordo com a Revelo.  

O problema retorna, então, aos estereótipos e aos padrões que teimam em direcionar onde e o que as mulheres devem fazer. Ao longo da vida, meninas são pouco incentivadas a mergulhar no mundo da ciência e da tecnologia, tanto que, apesar de 74% das mulheres se interessarem por essas áreas, 30% seguem o caminho das chamadas disciplinas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), de acordo com relatório da ONU Mulheres. Ao olhar pela ótica da intersecção racial, segundo a consultoria PretaLab, mulheres negras são 32% das estudantes de cursos de computação no País. 

Além das barreiras que já conhecemos, como vieses inconscientes de gênero e visão distorcida sobre o “papel” e o “lugar” de mulher, uma pesquisa da Women in Technology sobre os obstáculos para a presença feminina nas lideranças em TI aponta que 47% dos respondentes no Brasil dizem que a “falta de inspiração e modelos a seguir” é um dos principais fatores. 

Vale ainda destacar que com as novas tecnologias, como Inteligência Artificial e Machine Learning, quanto mais concentradas nas mãos e nas mentes de um grupo privilegiado, mais certa é a reprodução de comportamentos preconceituosos, não somente com mulheres, mas com todos os demais grupos minorizados. 

Fato é que a criação de novas oportunidades cresce a cada dia. Segundo a Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais), a área TI deve gerar cerca de 800 mil empregos, até 2025. Não somente pela escassez de talentos, mas, especialmente por se tratar de uma ação justa e positiva para a sociedade, o chamado para as mulheres ampliarem sua presença na área é agora. No presente. 

Convidamos Denise Gomes, Coordenadora de Atração & Seleção, na Experis – linha de negócios focada em TI do ManpowerGroup Brasil -, para falar sobre como ingressou no mundo da tecnologia, as perspectivas que enxerga para a equidade de gênero e como atua alavancando oportunidades para que outras mulheres acessem e prosperem em uma área dominada por homens. Confira a seguir a entrevista! 

 

Conte-nos sobre quem é você, o que você faz, dentro e fora do mundo do trabalho. 

Eu sou sincera, independente, competitiva e cheia de energia. Movida pela inquietação, adoro dançar, cantar e comer. Minha marca registrada é a intensidade, tanto em minhas relações quanto em minhas decisões. Sempre busco dar o meu melhor, estou sempre disposta e coloco as ideias e planejamentos em prática rapidamente. 

 

Como você começou sua trajetória profissional? Compartilhe com a gente um pouco sobre sua jornada, vivências. O que te levou a estar nesta área? Você enfrentou desafios para ingressar em tecnologia? Quais? 

Minha trajetória profissional começou em um Call Center, como operadora de telemarketing. Tive um bom desempenho, sendo promovida para a Supervisão. Após alguns anos, surgiu uma oportunidade interna para atuar no RH da empresa e eu me candidatei. Fiz os testes e fui promovida. Assim, passei a fazer parte do time, cuidando de todos os processos, desde folha de pagamento, rescisão e também recrutamento interno. Atuei nesta função por quatro anos e, depois, fui para uma nova oportunidade totalmente focada em Recrutamento e Seleção, na mesma empresa. Passei a fazer recrutamento de vagas operacionais e de Tecnologia, enfrentei grandes desafios e dificuldades por não ter bagagem com TI, mas tive uma mentora excepcional, que foi me ensinando e mostrando o caminho das pedras. Novamente, mudei de emprego, no qual o foco era 100% Recrutamento e Seleção de TI, o que me fez aperfeiçoar e chegar onde estou hoje. 

  

Ao longo deste caminho, quais referências femininas você leva consigo?  

Minhas referências femininas são minha mãe, uma guerreira sempre presente em minha vida, me apoiando e incentivando. Admiro-a tanto. Tem também minha ex-gestora, líder dedicada e muito empenhada no que fazia, disposta a apoiar a equipe para alcançar os melhores resultados. (in memoriam). 

Não posso deixar de falar de uma grande amiga, pela qual tenho uma admiração imensa por sua criatividade e capacidade de construir ideias com outras pessoas de forma muito simples, de fácil acesso para todos que tenham vontade de aprender. Foi ela que teve toda paciência do mundo para me ensinar e acreditou no meu potencial, mesmo sabendo que eu não tinha conhecimentos da área. Ela é uma motivação diária!  

 

A área de tecnologia é predominantemente masculina. O que significa para você estar, como mulher, nesse ambiente? 

Para mim, significa uma vitória, afinal, as mulheres têm enfrentado desafios e preconceitos 

para conquistar mais espaço no mercado da tecnologia. 

  

Quais os desafios para que a equidade de gênero seja alcançada no mundo da tecnologia? 

Precisamos estimular a presença feminina nos espaços de tecnologia e romper com a ideia de que este mundo é feito somente para homens. Sendo o setor de tecnologia uma das áreas que mais cresce na atualidade, é essencial que as mulheres façam parte desse mundo. Do contrário, a diferença de gênero entre homens e mulheres no mundo do trabalho pode se tornar ainda mais aguda. 

 

Como você acredita que estar presente nessa função pode contribuir para abrir caminhos para outras mulheres serem inseridas no mercado de tecnologia?  

Acredito que seja uma motivação! Eu, por exemplo, não sonhava em atuar na área. Mas quando fui descobrindo esse mundo e as possibilidades de atuação, fui me interessando cada vez mais. Acredito também que estar presente inspire mais mulheres a ingressar na tecnologia, pois mesmo os desafios sendo enormes, tanto para as que querem investir em uma carreira mais técnica quanto as que almejam liderar, a representatividade importa! 

Isso mostra que mulheres podem ter uma atuação decisiva em áreas nas quais a presença dos homens ainda é massiva. O sucesso e o espaço que podemos alcançar dependerá também da postura que tomamos frente a cenários e situações machistas. Como gestora, procuro sempre olhar para equipes de forma plural, formando times mistos, para que haja inclusão de gênero, de faixa etária, de raça, trazendo cada vez mais equidade e harmonia e equilibrando pessoas com qualidades e repertórios diferentes. Assim como no meu papel na Atração e Captação de Talentos, na Experis, no qual faço o uso de fontes alternativas, como o mapeamento de mercado, para encontrar profissionais mais aderentes, com atenção à diversidade de perfis, além de atuar de forma consultiva com os clientes em relação a esse tema tão importante. 

 

O que você acredita que as empresas precisam fazer, no presente, para quebrar preconceitos e promover a presença feminina em TI? 

Acredito que as empresas precisam se conscientizar sobre as questões de gênero e suas intersecções e, assim, oferecer oportunidades para as mulheres crescerem e se desenvolverem, criando um ambiente inclusivo, onde possamos nos sentir à vontade para expor nossas opiniões. 

  

Qual conselho você daria para mulheres que têm como objetivo profissional a área de tecnologia? 

Meu principal conselho é: por mais que te digam o contrário, acredite em você, no seu potencial!  Seja curiosa, faça networking e sempre observe o mercado de trabalho, pois ele vive em evolução. 

  

Como você deseja que o futuro do mundo do trabalho, em particular o de TI, seja para as mulheres? 

Desejo e me dedico diariamente para que o mundo do trabalho, especialmente em tecnologia, seja de igualdade de gênero, com os mesmos direitos, deveres, privilégios e oportunidades de desenvolvimento para as mulheres.  

 

Em um mundo em plena transformação digital, iniciativas tecnológicas são vitais para empresas de todos os segmentos se manterem sustentáveis. O que a sua empresa está fazendo para trazer, incluir e valorizar mulheres na área de tecnologia? Inspire-se nessa conversa e seja um e uma agente transformador e transformadora da realidade. Lembre-se: o chamado pelo espaço e pela voz das mulheres é agora. Mulher, presente. 

Até a próxima! 

 

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