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Como discutir o indiscutível com a sua equipe e melhorar a experiência no trabalho

6 min de leitura

Publicado em 30/03/23

Atualizado em Março 30, 2023

Com a descentralização dos locais de trabalho, a comunicação tornou-se um desafio imperativo para manter as equipes em sinergia e as operações em plenas capacidades. Não à toa, é uma das habilidades mais demandadas, especialmente na liderança.  

Se, por um lado, organizações e profissionais se esforçam em adotar uma comunicação que promova o fluxo de informações, as atualizações de status e as tomadas de decisão de forma clara e objetiva, por outro, ainda há uma enorme lacuna em apostar na comunicação como instrumento de resolução de problemas – e não só problemas do negócio.  

Hostilidade entre colegas, competição entre setores, colaboradores com baixo desempenho, insatisfação com processos, demissões, são exemplos de “elefantes na sala” que tornam as relações e a experiência no trabalho um verdadeiro campo minado. Embora sejam reais e até mesmo cotidianas, raramente são questões encaradas, afinal, abordá-las significa mexer nas feridas.   

Na sua experiência, quantas conversas difíceis você evitou acreditando que seria melhor não gerar desgaste ou conflitos evidentes? Como seres humanos, temos a tendência de fugir do desconforto, o que pode nos impedir de identificar suas causas ou mapear suas ocorrências. Nas organizações, isso pode acabar naturalizando atitudes, sentimentos e comportamentos nocivos e cristalizando uma cultura tóxica.  

Em uma realidade cada vez mais complexa, ignorar temas doloridos apenas contribui para intensificar uma carga que nos cobra muito. Casos de burnout ainda crescem, a paranoia da produtividade segue minando a confiança no ambiente corporativo e o engajamento dos profissionais cai à medida que se sentem inseguros e sobrecarregados. Sendo assim, esse pode ser um bom momento para as lideranças se abrirem ao desconforto – e todos colherem os frutos por isso.  

Nossa responsabilidade, como líderes, está relacionada ao desenvolvimento humano. Neste sentido, a capacidade de articular diálogos, construir espaços seguros e mediar conflitos são aspectos fundamentais da nossa atuação e requerem preparo para podermos apoiar pessoas em suas elaborações. Mas como podemos fazer isso quando terrenos “indiscutíveis” entram em pauta?   

Com base nas experiências das consultoras Lisa Zigarmi e Julie Diamond, compartilhadas na Harvard Business Review, uma das habilidades da comunicação que favorece essa postura é o que chamam de enquadramento. Ou seja, líderes precisam capturar e emoldurar uma determinada situação para poderem levá-la ao debate com a equipe, com propósito e ética.  

Vamos a um exemplo.  

Considere um projeto que não está evoluindo como deveria. Quais são os motivos para isso? Investigue as fontes de tensão que podem se manifestar de diversas formas – falta de alinhamento, de motivação, de integração. Busque visualizar opiniões divergentes, quais emoções estão no pano de fundo ou se há padrões de comportamento inconvenientes.  

Ao se direcionar ao cerne da questão, aproveite para expandir e para distanciar o olhar. Além do que foi percebido, o que mais poderia estar por trás desse entrave? Uma dica é sempre começar o pensamento usando a palavra “talvez”. Assim, você se permite explorar possibilidades sem necessariamente se apegar a um cenário ou outro.  

No momento em que conseguir descrever suas observações será possível levar a conversa às pessoas envolvidas. Aqui, reforçando o papel de facilitadores, líderes devem deixar clara a intenção de aprendizado que a oportunidade propõe. Afinal, lidar com conflitos se trata disso – refletir, aprender e evoluir. Mostre que ali existe um ambiente psicologicamente seguro para que todos e todas possam expressar seus pontos de vista igualmente.    

São nesses diálogos seguros que surgem também as raízes da confiança entre líderes e liderados – segundo pesquisa, apenas 1 em cada 4 colaboradores confia em seus empregadores, mas quando isso acontece, podem alcançar até 260% mais motivação no trabalho. 

Colocar uma lupa e reservar um espaço para falar do que seria indiscutível não é algo fácil, mas permite que líderes, pessoas e organizações acessem camadas antes ocultas que exercem influência direta na dinâmica da vida no trabalho. É por meio do enfrentamento, no melhor dos sentidos, que poderemos encontrar oportunidades de melhoria, como profissionais e pessoas, exercendo a capacidade humana que é indiscutivelmente essencial: a comunicação. 

Deixo aqui o convite para que você, líder, reflita sobre a importância de conversas difíceis na sua organização, e estou por aqui para também trocarmos experiências sobre esse e outros temas do mundo do trabalho. 

Abraços! 

Ana Guimarães 

Diretora de Operações no ManpowerGroup Brasil 

Confira aqui a publicação original.

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