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Como e por que incluir o ESG em suas estratégias de negócios?

6 min de leitura

Publicado em 07/10/22

Atualizado em Novembro 7, 2022

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Construir e desconstruir são verbos que podem operar simultaneamente. É o que acontece atualmente no mundo contemporâneo: enquanto antigos alicerces se tornam obsoletos, novos pilares vão se consolidando cada vez mais. Esse movimento de desconstrução e construção estrutural atinge em cheio as organizações, provocando líderes, colaboradores e consumidores a repensar o próprio sentido de uma companhia e qual o papel das empresas diante de um presente desafiador e de um futuro preocupante. 

O sistema atual precisa ser renovado. O próprio presidente do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, assume isto, inaugurando, então, o conceito de Capitalismo das Partes Interessadas, em que organizações deixam de ser guiadas apenas pelo lucro e atuam como ‘gestoras’ dos interesses da sociedade, considerando todos os envolvidos — colaboradores, comunidade local, governo, concorrentes, ONGs, consumidores.

É por esta janela que chegamos à agenda ESG (environmental, social, governance – remetendo às práticas ambientais, sociais e de governança corporativa), a qual elege esses três pilares como diretrizes para toda e qualquer interação da organização com o entorno e como estratégia de prosperidade em longo prazo. 

Com a percepção de enfraquecimento de outras instituições (governos, sindicatos, por exemplo), o setor privado, antes distante dos problemas do mundo, é visto com protagonismo para redesenhar os horizontes. Em uma pesquisa da Walk the Talk sobre a agenda ESG no Brasil, 94% das pessoas acreditam que as empresas podem ser agentes da mudança; 20% já afirmam boicotar marcas que não são responsáveis.

Além disso, mercado financeiro tem exercido forças importantes para promover a agenda ESG, conclamando por contribuições efetivas. Um estudo da PwC aponta que 49% dos investidores consideram retirar seus recursos de organizações que não estão, de fato, contribuindo para causas socioambientais. Projeções da consultoria também indicam um patrimônio de fundos ligados a ESG na casa dos 4,3 trilhões de dólares, até 2030.
  

“A primeira geração [de investidores] era hippie, a segunda geração era ligada em sustentabilidade e SRI (investimento socialmente responsável). A terceira geração investe baseada em valor.” 

Peter Ohnemus CEO da Dacadoo 


Seja pela confiança em fazer a diferença para o futuro, no presente, seja pelo chamado do mercado, da cadeia e dos consumidores, empresas estão se engajando cada vez mais em construir novas formas de estar no mundo. Na América Latina, a pesquisa Sustentabilidade na Agenda das Lideranças mostrou que em 2022, 69% das organizações disseram ter ações voltadas à sustentabilidade; em 2021, esse percentual era de 46%. De acordo com a Mckinsey, o valor global destinado à sustentabilidade  chegou a $30 trilhões, também no ano passado — número 10 vezes mais do que em 2014. 

No entanto, líderes ainda enfrentam desafios sobre como tornar suas empresas uma empresa ESG, desde o entendimento aprofundado e holístico sobre o que é o conceito, passando pelo engajamento das equipes, formação de núcleos dedicados à criação de estratégias, falta de padronização e referências de indicadores, até a necessidade de investimentos e esforços para mudanças de rota. 

Neste ponto, com uma carreira na área de finanças, sei o quanto é comum encontrar questionamentos sobre ser possível ter uma postura comprometida de forma que novas direções façam sentido também para a gestão financeira. Por isso, divido aqui as cinco relações relevantes da agenda ESG com o fluxo de caixa das empresas, de acordo com estudo da Mckinsey:

  • redução de custos; 
  • facilitação do crescimento de receita; 
  • aumento da produtividade dos colaboradores; 
  • mitigação de intervenções regulatórias e legais; 
  • otimização de investimentos.

Além disso, ainda podemos incluir a fidelização de consumidores e a melhora da reputação da empresa.

Guiado desde a fundação pelo lema “Doing well by doing good”, que significa “fazemos bem fazendo o bem”, o ManpowerGroup evoluiu o seu compromisso com o desenvolvimento sustentável, a partir de uma série de iniciativas de ESG divididas em Planeta, Pessoas e Prosperidade e Princípios de Governança. A seguir, compartilho com vocês as principais ações indicadas em nosso mais recente relatório “Working to Change the World”, com enfoque no pilar Planeta, as quais nos entusiasmam em continuar trilhando nosso propósito. 

Nossas metas relacionadas à questão climática são ambiciosas e alinhadas ao Acordo Climático de Paris, tendo como grande foco reduzir as emissões de gases do efeito estufa em 50%, até 2030, bem como ser parte da solução para zerar as emissões líquidas até 2050 — ou antes. Entre as 4.200 empresas que constam no G20, temos a satisfação em estar entre as 20 companhias com metas validadas pela iniciativa Science Based Targets

Para alcançar os objetivos ousados, definimos cinco alavancas que norteiam a estratégia global, para que as ações e os impactos sejam mensurados e entregues localmente: 

Minimizando viagens de negócios: aproveitar os aprendizados da pandemia, balanceando critérios como o bem-estar das pessoas, os meios de transporte mais adequados, a frequência das viagens e o tempo de deslocamento. Em 2021, as emissões por viagens de negócios foram 70% menores do que em 2019. 

Aumentando a energia renovável: hoje, 40% dos nossos escritórios usam energia de fontes renováveis. Até 2030, a meta é atingir pelo menos 75% dos mercados onde estamos. 

Eletrizando nossa frota: até o fim deste ano, a frota eletrizada chegará a 40%, rumo aos 100% em 2025. 

Descarbonização do nosso deslocamento: parcerias e iniciativas que promovam e facilitem o acesso a formas mais sustentáveis de nossos colaboradores e alocados irem e voltarem do escritório, usando também a jornada híbrida em favor da redução da pegada ambiental. 

Envolvendo Fornecedores: trabalhamos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa oriundos da nossa cadeia de valor e contratamos novos fornecedores sob a assinatura do Código de Conduta do Fornecedor, o qual inclui o princípio da responsabilidade ambiental baseado no Pacto Global da ONU. 

Incorporar os eixos de ESG na forma de realização e de encadeamento das companhias reflete em impulsionar comportamentos alinhados a essa agenda. Demanda que colaboradores sejam encorajados a adotar uma postura responsável e consciente em suas próprias ações diárias bem como incentiva que toda a cadeia se movimente para alcançar esse patamar de atuação.

Ou seja, o ESG tende a ser uma abordagem contagiante para o mundo corporativo. Mas trilhar este caminho não significa seguir pelo superficial ou pelo conveniente. Significa desconstruir padrões, repensar as bases e construir novas fundações com a mesma coragem que tantas mudanças exigiram de nós até aqui.

Espero que a minha estreia com este artigo tenha sido interessante para a sua organização e aproveito para convidar você a comentar e acompanhar as reflexões que farei neste espaço.

Abraços, 

Javier Trinidad 

CFO do ManpowerGroup Brasil

Publicado originalmente em: https://bit.ly/3rJLcZv

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