Depois da pandemia, houve uma certa sensação de que voltaríamos a uma estabilidade, às nossas vidas já conhecidas. Mas a verdade é que, de lá para cá, as mudanças se acentuam cada vez mais, e em 2024 não foi diferente. Um ano marcado pelo dinamismo e pela necessidade de se adaptar rápido, de se adaptar melhor. Quem me acompanha sabe o quanto falei disso por aqui.
Com um ciclo terminando para outro começar, e diante de um conjunto de forças atuando na transformação do mundo do trabalho, é hora de dar uma pausa, olhar para o que vivemos e, assim, projetar o que podemos fazer no próximo ano. Resoluções para liderança, digamos assim.
Bem, falar de 2024 sem mencionar inteligência artificial seria um equívoco. Se antes a IA atuava principalmente em tarefas mais simples, agora avança para atividades mais complexas, transformando a hierarquia de competências valorizadas pelas organizações. Uma pesquisa da Microsoft e do LinkedIn mostra que 58% das lideranças brasileiras não se interessam por profissionais sem habilidades com IA.
O que chama a atenção, porém, é que, mesmo com o uso da inteligência artificial superando a média global, apenas 39% das pessoas receberam treinamento formal das empresas para desenvolver competências relacionadas a essa tecnologia. Ou seja, as empresas já consideram a IA um catalisador de progresso, e, nesse sentido, é fundamental que elas apoiem os profissionais na jornada de adoção e aprendizado, conciliando os interesses do negócio com a responsabilidade de impulsionar carreiras.
Assim é também com as habilidades verdes, um dos temas quentes do ano. O mais recente estudo do LinkedIn sobre o tema mostra que a demanda aumentou 11,6% em apenas um ano, enquanto a oferta cresceu apenas 5,6%. Olhando para os dados, as lideranças precisarão encontrar formas de desenvolver pessoas orientadas para o futuro, conectando-as aos horizontes do contexto.
Se a tecnologia traz uma das mudanças mais impactantes dos últimos tempos, formando uma série de previsões e possibilidades, arrisco dizer que temos também movimentos que ultrapassaram o nível de tendência para se consolidarem como fenômenos que devem estar na equação.
Um exemplo é o encontro multigeracional no ambiente de trabalho, fazendo com que as lideranças precisem ser “poliglotas geracionais”, como bem diz Wilma Dal Col. A comunicação, sempre desafiadora no mundo corporativo, deve ser pensada para alcançar e integrar diferentes perfis, percepções e expectativas sobre o trabalho.
Outro ponto fundamental que se estabeleceu como um dos principais debates — e ficou evidente este ano com a repercussão sobre o fim da escala 6x1 — é a relação entre qualidade de vida e produtividade. Seja pela influência do home office desde 2020, seja pela influência da Geração Z, estamos diante de um momento em que aprofundar a discussão é essencial para conciliar cuidado com as pessoas e resultados para os negócios. Não podemos adiar essa conversa, líderes.
O mar não parece que vai se acalmar; pelo contrário. 2025 chega como a continuação de uma série de eventos transformadores, e as ondas seguirão atingindo organizações e profissionais. Além de coragem, precisaremos de disposição para combinar a sabedoria acumulada com a curiosidade pelo novo. Aos líderes como eu, incluam nas suas resoluções o objetivo de construir ambientes de trabalho mais humanos e inovadores, abrindo espaço para oportunidades sem esquecer dos aprendizados.
Como está o seu balanço em relação a 2024? Se você quer trocar experiências, discutir caminhos e compartilhar expectativas, será um prazer marcarmos uma conversa. Afinal, não precisamos encarar esse mar sozinhos e sozinhas, não é mesmo?
Abraços,
Ana Guimarães
Diretora de Operações no ManpowerGroup Brasil