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O desafio de viver o presente quando queremos sempre mais

Escrito por ManpowerGroup Brasil | 07/04/25

Sabe quando a gente está lendo uma história e acontece aquela baita identificação com uma das personagens? Foi isso que senti quando estava lendo Dopamina: a molécula do desejo, escrito pelo psiquiatra Daniel Z. Lieberman e pelo autor Michael E. Long. Na verdade, não era exatamente uma personagem, mas um trecho que me fez pensar: “sou eu aqui!”. 

Seguindo minha proposta de compartilhar livros que têm me ajudado a navegar neste mundo complexo, hoje quero falar sobre como essa leitura me levou a reflexões profundas sobre autoconhecimento e sobre formas de melhorar nossas rotinas. 

Você sabe, somos diariamente soterrados por estímulos. Quem nunca pegou o celular e, sem perceber, ficou rolando o feed por um tempão? Pois é, os algoritmos têm esse “talento” intencional de capturar nossa atenção, criando uma relação muito próxima com a liberação de dopamina no nosso corpo. 

Esse neurotransmissor, essencial para a nossa evolução, participa de diversas funções do organismo, desde processos cognitivos e motores até a regulação da função cardíaca. Mas o que a tornou famosa nos dias de hoje é o seu papel na sensação de prazer. A dopamina influencia nossa motivação e faz parte do sistema de recompensa do cérebro, funcionando como um mensageiro que sinaliza quando algo nos faz sentir bem. 

Os autores explicam que “a interrupção no fluxo de dopamina faz você ficar decepcionado e ressentido.” Portanto, como um reforço positivo, ela nos motiva a buscar sempre mais, sempre uma nova dose dessa sensação. O problema começa quando nos tornamos reféns dessa busca. Com a oferta abundante de estímulos — seja nas redes sociais, seja na velocidade com que tudo acontece —, isso se torna ainda mais fácil. 

Ainda há outro agravante: vivemos uma crise de saúde mental, com números alarmantes. Em 2024, registramos um recorde de afastamentos por transtornos como ansiedade e depressão. A Geração Z, por exemplo, evoca uma grande preocupação com a saúde mental, mas também está entre as mais ansiosas.

Nesse cenário, mal conseguimos contemplar, vivenciar, sentir, de fato, o prazer. Estamos sempre à procura da próxima sensação de euforia: o próximo conteúdo imperdível, a próxima compra, a próxima série indispensável. “Pense em indivíduos que trabalham incansavelmente em direção a seus objetivos, mas nunca param para desfrutar suas realizações. Eles nem se gabam delas. Alcançam algo e passam para o próximo alvo”.

Foi nesse trecho que senti aquele impacto de identificação que comentei no início do texto. Conseguem entender o porquê? Risos. Com essa enxurrada de informação e telas por todos os lados, como podemos reduzir esses estímulos? O quanto estamos cientes do impacto disso em nossas vidas?

Se conhecer e estabelecer limites é essencial para uma vida mais equilibrada e uma mente mais tranquila. No meu caso, tenho me organizado para ficar sem telas após as 21h durante a semana, o que me rendeu muito mais horas de leitura! Também monitoro o uso de aplicativos no celular e busco conversar frequentemente com pessoas próximas sobre o assunto. Além disso, sempre que dou uma aula ou palestra, reforço a importância de repensarmos nossa relação com as telas e com essa busca constante por recompensas instantâneas.

Andréa Felgueiras indica "Dopamina: a molécula do desejo", de Daniel Z. Lieberman e Michael E. Long

É claro que a dopamina não é a vilã dessa história. Pelo contrário, é um recurso fundamental para a nossa sobrevivência e bem-estar. Mas entender como funciona o mecanismo de recompensa do cérebro nos ajuda a reconhecer gatilhos de ansiedade e angústia — especialmente quando a “batuta digital” parece reger nosso tempo e nossa atenção.

Por isso, te convido a cuidar do que consome nas redes e de como se relaciona com as telas e seus conteúdos — sem se comparar com textões, fotos perfeitas e cliques ensaiados. Podemos (e devemos!) buscar satisfação para além do scroll, equilibrando a rotina e reaprendendo a viver o tempo presente.

Então, quero saber: você está aguentando tudo isso? Como tem lidado com a hiperconectividade e os dilemas que ela traz? Me conta aqui! Conversar sobre desafios e trocar experiências pode nos ajudar a aliviar a pressão.

Até logo! 

Andrea Felgueiras

Gerente de Marketing para Atração de Talentos no ManpowerGroup Brasil 

Confira aqui a publicação original.