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Workaholic: como lidar com colaboradores que trabalham demais?

Escrito por ManpowerGroup Brasil | 24/05/23

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Contar com colaboradores comprometidos e engajados é o objetivo de toda empresa. Mas, em meio a essa busca, é preciso atenção: há uma linha tênue que separa esse perfil da pessoa workaholic, ou seja, aquela obcecada pelo trabalho e não consegue se desligar das atividades profissionais. 

Embora o vício em trabalho não conste na Classificação Internacional de Doenças (CID), ele pode, sim, se tornar um problema que afeta a saúde física e mental do colaborador. Um exemplo fácil é a Síndrome de Burnout, distúrbio emocional atrelado a condições de trabalho desgastantes que já atinge 1 em cada 4 pessoas no país.

Diante deste contexto, o RH assume um papel primordial: o de gerenciar efetivamente os funcionários que trabalham demais e promover uma cultura organizacional que preze pelo bem-estar das equipes.  

Ao longo deste artigo, falaremos mais sobre esses pontos e traremos dicas de como lidar de forma empática e eficaz com esses profissionais. Boa leitura! 

O que significa um profissional workaholic?

Traduzindo para o português, o termo “workaholic” significa “viciado em trabalho”. Ele foi utilizado, pela primeira vez, em 1947, em uma publicação cômica de um jornal canadense a partir da união de duas outras palavras: "work" (trabalho) e "alcoholic" (alcoólatra). 

Sendo assim, ele é usado para indicar as pessoas com uma obsessão por trabalhar e tendem a dedicar a maioria do seu tempo e energia à carreira, mesmo em detrimento de outras áreas importantes da vida, como família, amigos e lazer. 

Entre os comportamentos que os workaholics compartilham estão: 

  • trabalhar muitas horas por dia; 
  • utilizar férias e fins de semana para trabalhar; 
  • ter dificuldade em se desconectar das demandas profissionais. 

Por que esse perfil de colaborador demanda atenção? 

Por mais que a dedicação e o comprometimento com o trabalho possam ser vistos como traços positivos, o “workaholism” — palavra usada para definir esse padrão de comportamento — tende a trazer consequências negativas, tanto para o colaborador quanto para a empresa. 

Entre os efeitos que o trabalho em excesso traz, principalmente em médio e longo prazos, estão: 

  • estresse; 
  • ansiedade; 
  • depressão; 
  • fadiga; 
  • insônia; 
  • doenças cardíacas; 
  • problemas gastrointestinais. 

Além disso, trabalhar demais pode levar o profissional ao esgotamento, mais conhecido como Burnout – um estado de exaustão física, emocional e mental que resulta justamente de situações de trabalho desgastante, como citamos anteriormente, classificado pela OMS como doença ocupacional desde 2022. 

Vale dizer que as consequências do Burnout para as empresas também são significativas, indo desde a redução da produtividade e da performance até o afastamento de colaboradores e a criação de um ambiente de trabalho tóxico. 

Quais sinais indicam que um colaborador está trabalhando muito? 

Diante do quadro apresentado acima, é imprescindível que as empresas estejam atentas aos efeitos negativos do trabalho em excesso e adotem medidas para prevenir que ele aconteça. Mas, antes disso, é preciso saber identificar quando um funcionário está indo além dos limites e responsabilidades. 

Embora os sinais possam variar de uma pessoa para outra, há alguns comportamentos que merecem atenção, como: 

  • fazer horas extras regularmente, incluindo em fins de semana e feriados; 
  • responder a e-mails e mensagens de trabalho fora do horário; 
  • ser o primeiro a chegar à empresa e o último a sair; 
  • fazer pausas curtas para o almoço ou pular completamente esse momento; 
  • trabalhar em diferentes projetos ao mesmo tempo, sem delegar tarefas; 
  • não tirar férias ou adiá-las por muito tempo; 
  • ficar na defensiva quando os colegas sugerem que ele trabalhe menos; 
  • ignorar os limites de tempo estabelecidos pelo empregador; 
  • só conversar sobre trabalho; 
  • não ter atividades de lazer ou hobbies; 
  • estar sempre cansado ou estressado; 
  • não recusar novas responsabilidades, mesmo quando sobrecarregado; 
  • isolar-se do restante do time e apresentar comportamento ríspido. 

Conhece algum colaborador da sua empresa que “dá match” com várias dessas atitudes? Então, é chegada a hora de saber o que você pode fazer para ajudá-lo, antes que o trabalho em excesso afete sua saúde física e mental.  

Como o RH deve lidar com colaboradores workaholics? 

Como dissemos no início deste artigo, os profissionais de RH desempenham um papel fundamental na identificação e na abordagem de workaholics, mas muitos têm dúvidas de por onde começar. Se esse é o seu caso, veja algumas estratégias que podem ajudar a prevenir e a tratar os problemas nesta frente: 

ESCUTE O COLABORADOR 

Saber acolher e ouvir o funcionário workaholic é uma das formas mais efetivas de ajudá-lo. Afinal, estamos falando sobre uma mentalidade difícil de ser mudada de uma hora para outra, principalmente se a mudança for feita de maneira impositiva. 

Essa troca é fundamental para que o RH entenda melhor a situação e oriente o trabalhador de maneira legítima, bem como oferecer o suporte adequado, incluindo aconselhamento, recursos para a saúde mental, treinamento em gerenciamento de tempo e programas de bem-estar. 

ESTABELEÇA LIMITES 

É importante que o RH e a liderança comuniquem claramente as expectativas da empresa em relação ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, e implementem ações com o mesmo foco. Alguns exemplos são: limitar as horas extras, estabelecer horários flexíveis de trabalho, promover pausas para o almoço e encorajar os funcionários a tirarem férias. 

REALIZE AVALIAÇÕES DE CARGA DE TRABALHO 

Estar ciente sobre a carga de trabalho dos colaboradores é a melhor forma de evitar jornadas extenuantes. Além de acompanhar o controle de ponto, também é possível realizar avaliações periódicas a fim de mapear se os profissionais estão se sentindo sobrecarregados. 

A partir daí, a missão do RH, em conjunto com as lideranças, será pensar em maneiras de distribuir melhor as tarefas e as responsabilidades entre a equipe.  

INCLUA PERGUNTAS SOBRE BEM-ESTAR NAS PESQUISAS DE SATISFAÇÃO 

Assim como as avaliações de carga de trabalho, as pesquisas de satisfação interna são excelentes ferramentas para a gestão de pessoas. Por meio de perguntas específicas sobre bem-estar e saúde mental, é possível receber feedbacks de como os colaboradores se sentem e identificar os pontos de atenção antes que eles se tornem desafios maiores. 

RECONHEÇA O DESEMPENHO E O VALOR DOS FUNCIONÁRIOS 

Uma pessoa workaholic, provavelmente, se sentirá culpada caso não atinja resultados além do esperado, o que pode se tornar uma verdadeira bola de neve a longo prazo.  

Neste contexto, faz toda a diferença quando o time de RH e as lideranças valorizam o desempenho dos colaboradores, independentemente do número de horas que atuaram. Reconhecer um bom trabalho pode ajudar a reduzir a pressão do dia a dia. 

PREPARE AS LIDERANÇAS 

Treinar as lideranças também é uma estratégia importante para lidar com profissionais workaholics. Afinal, muitas vezes, a cultura organizacional e a conduta dos líderes podem encorajar o trabalho excessivo. 

Conscientizar os gestores sobre a importância de um ambiente de trabalho saudável e equilibrado, bem como os impactos que as jornadas desgastantes podem ter na saúde e bem-estar dos colaboradores, certamente irá ajudar. 

Além disso, treinar as lideranças pode motivá-las a desenvolver habilidades de gerenciamento de tempo e delegação de tarefas, fatores importantes para reduzir a carga de trabalho dos colaboradores e para permitir que eles tenham tempo para se concentrar nas demandas mais importantes. 

INCENTIVE O DESENVOLVIMENTO PESSOAL 

Por fim, o RH pode incentivar a aprendizagem pessoal dos talentos, oferecendo oportunidades de treinamento e desenvolvimento de habilidades que devem melhorar seu desempenho no trabalho. 

Essa é uma estratégia que tende a contribuir para o aumento da confiança do time e reduzir a pressão para trabalhar excessivamente a fim de atender às expectativas da empresa. 

Considerações finais

Como vimos até aqui, lidar com profissionais workaholics pode ser um desafio para o RH, mas existem várias estratégias eficazes que, quando implementadas, ajudam a promover um ambiente de trabalho saudável e equilibrado para todos os colaboradores. 

Estabelecer limites, promover a delegação de tarefas, oferecer um canal de comunicação aberto, criar ações focadas no bem-estar do time e treinar as lideranças são algumas das medidas que visam reduzir a pressão para trabalhar excessivamente e melhorar a saúde física e emocional dos colaboradores. 

Ao colocá-las em prática, a empresa pode colher benefícios significativos, incluindo o aumento da produtividade, uma equipe mais feliz e motivada e uma cultura organizacional mais sustentável. 

Agora que o conceito e os riscos associados ao colaborador workaholic foram explicados, queremos te convidar a continuar essa conversa no artigo People first: o que é e como implementar em sua empresa?. Nele, explicamos como o mindset que coloca as pessoas no centro das decisões pode beneficiar organizações de todos os tamanhos e setores. Nos vemos por lá!