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Algumas empresas já têm como escolha, para os próximos meses, impulsionar a diversidade e a inclusão em suas forças de trabalho. E as vagas afirmativas são fundamentais para o alcance dessa meta, abrindo as portas para grupos historicamente minorizados.
Por isso, a partir de hoje, vamos publicar uma série de artigos especiais sobre a importância das vagas afirmativas e como elas estão modificando a vida das pessoas a partir de novos processos seletivos nas organizações.
Afinal, quando conversamos sobre vagas afirmativas, estamos conversando sobre oportunidades iguais de contratação. Em um mundo do trabalho em constante transformação, em que a gestão humanizada se tornou tão essencial, tais realizações podem reparar desigualdades sociais e amenizar a falta de representação nas equipes.
Para começar esse mergulho em um assunto tão importante para o desenvolvimento do nosso país, vamos compreender o que são as ações afirmativas. Boa leitura!
Grupos historicamente excluídos, como os de pessoas pretas e indígenas, tendem a ter menos oportunidades já nos tempos da escola. Com o passar dos anos, menor acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho.
O grande problema que surge a partir disso? Poucas chances de emprego, aumento da desigualdade social e baixa representatividade nas empresas.
As ações afirmativas, portanto, são ações públicas e privadas que pretendem diminuir os contrastes dentro da sociedade, e corrigir falhas históricas que, por séculos, favoreceram alguns grupos em detrimento de outros, por questões étnicas, raciais, de gênero ou preferências religiosas.
Você, com certeza, já se deparou com alguma ação afirmativa. São exemplos: bolsas de estudo, redistribuição de terras, auxílios governamentais, política de cotas em concursos públicos e mais.
Sendo assim, as vagas afirmativas fazem parte das ações afirmativas que buscam garantir a equidade no ambiente de trabalho, destinando-se a grupos e minorias comumente excluídos nos processos seletivos: mulheres, pessoas pretas e indígenas, comunidade LGBTQ+, profissionais 40+ e PCDs.
Também trouxemos alguns números para constatar o quanto isso é importante:
A título de curiosidade: a ideia das vagas afirmativas, assim como o nome, surgiu nos Estados Unidos, na década de 60, para tratar das desigualdades sociais e de atitudes racistas que também são comuns por lá.
Em março de 2022, as vagas afirmativas ganharam destaque na internet quando o LinkedIn decidiu retirá-las do ar, afirmando que os anúncios iam contra a sua política de publicação, que não permite qualquer tipo de demonstração de preferência por determinados profissionais.
Após a pressão de diversas empresas, a plataforma social voltou e liberou as vagas afirmativas. Na época, o comunicado oficial dizia que: “a atualização da política global foi feita para permitir a divulgação de publicações que expressem preferência por profissionais de grupos historicamente desfavorecidos na contratação em países onde esta prática é considerada legal. No Brasil, agora são permitidas vagas afirmativas, inclusive para pessoas negras e indígenas. Agradecemos o feedback que recebemos da nossa comunidade no Brasil. Fazer a coisa certa é importante e estamos comprometidos em continuar aprendendo e melhorando”.
Aqui no país, como o LinkedIn citou em seu pronunciamento, a prática é legalizada desde 2010, quando foi publicada a Lei nº 12.288, do Estatuto da Igualdade Racial, que garante às pessoas pretas a efetivação da igualdade de oportunidades por meio da adoção de medidas, programas e ações afirmativas.
Como falamos no início do texto, diversas empresas estão optando por vagas afirmativas com base nas metas de diversidade. Por exemplo, uma organização que tenha em seu quadro muitos colaboradores homens pode estabelecer como meta equiparar a força de trabalho feminina em determinado espaço de tempo.
Embora existam leis que ordenam a integração de PCDs no mercado de trabalho, não há nenhuma outra que obrigue a contratação das demais pessoas minorizadas. Ou seja, as vagas afirmativas apenas permitem que as equipes de recrutamento façam uma contratação intencional e orientada à inclusão e diversidade.
Já ficou bastante claro que as vagas afirmativas são importantes para apoiar a diversidade e combater a desigualdade social, ainda que a pequenos passos.
Por outro lado, pesquisas já comprovaram que investir em diversidade pode trazer vantagens competitivas para as empresas, tanto em produtividade e engajamento quanto em resultados financeiros.
O estudo A diversidade como alavanca de performance, da McKinsey & Company, indicou que as organizações com maior diversidade étnica e racial têm 35% mais chances de render acima da média do setor. As que se preocupam com diversidade de gênero chegam a ter lucro 21% maior.
Confira, a seguir, mais motivos para que as empresas adotem as vagas afirmativas:
Cada vez mais, clientes, colaboradores e investidores estão dando preferência às empresas que, de fato, tiram as estratégias ESG do papel. Sendo assim, a organização que se posicionar a favor da igualdade e da diversidade e criar vagas afirmativas para diferentes grupos estará apresentando um novo posicionamento social no mercado.
Complementando o ponto anterior, apoiar transformações é importante para a sociedade, que se fortalece quando encontra igualdade e justiça, e para a própria empresa, que reforça a marca empregadora ao evidenciar seus compromissos sociais.
Como já dissemos, empresas diversas se tornam mais lucrativas e bem-sucedidas. Afinal, quando pessoas com culturas, histórias e conhecimentos diferentes trabalham juntas, a criatividade é estimulada em todas as tarefas.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD Contínua, de 2021, 56,1% de brasileiras e brasileiros se declaram como pessoas pretas ou pardas. Outro estudo, também do IBGE, indica que a população branca ganha quase 74% a mais que os grupos restantes. Ou seja, os números mostram claramente que a maioria ganha menos, e as vagas afirmativas podem ajudar com essa disparidade.
Agora que já vimos toda a importância das vagas afirmativas, vamos entender como é possível criar um processo seletivo mais diversos e inclusivo? Primeiramente, é interessante reforçar que a seleção deve seguir os padrões de recrutamento, ou seja, ter como foco a escolha da pessoa que mais se encaixa no perfil procurado para a oportunidade.
Continue a leitura para mais dicas:
O primeiro passo para a criação de uma vaga afirmativa é definir quais requisitos são realmente importantes para que algum talento consiga desempenhar a função. Uma lista enorme de exigências pode acabar afugentando candidatos, o que é o oposto total do objetivo de uma ação afirmativa.
Se o colaborador não vai precisar participar de reuniões falando inglês, será que é realmente necessário exigir fluência em um segundo idioma?
Para trazer um público mais diversificado no momento do recrutamento e da seleção, as empresas precisam saber como se comunicar de forma abrangente. A linguagem inclusiva abraça as pessoas que não se identificam com os gêneros feminino ou masculino.
Ao divulgar uma vaga de “engenheiro”, por exemplo, o título da mesma pode ser alterado para “pessoa engenheira”.
Da primeira à última etapa do processo seletivo — essa dica não vale só para as vagas afirmativas — é extremamente importante que todos os profissionais da empresa empregadora tenham cuidado com questões que possam gerar qualquer tipo de discriminação.
Perguntar a uma mulher se ela pretende engravidar nos próximos anos, ou indagar a religião e a orientação sexual da pessoa candidata são exemplos clássicos.
As vagas afirmativas são fundamentais para ampliar a diversidade e a inclusão nas empresas, mas não devem ser as únicas ferramentas nessa frente. Combater o racismo no dia a dia, ou saber como acolher as pessoas trans, são ações que também precisam fazer parte dessa agenda.
Como dissemos anteriormente, o processo de R&S de uma vaga afirmativa, de maneira geral, funciona como qualquer outro. O objetivo é encontrar o talento que melhor combina com a oportunidade aberta e com a cultura da empresa.
Para exemplificar, vamos contar sobre um dos processos seletivos com vagas afirmativas que realizamos no ManpowerGroup Brasil em 2022.
Atendemos uma empresa nacional de cosméticos e perfumes que precisava de colaboradores temporários para atendimento durante as vendas de fim de ano. Foram 242 vagas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, e o cliente deu preferência aos candidatos de minorias e grupos minorizados.
Desenvolvemos um padrão inclusivo para a divulgação das vagas em nossas redes sociais e no banco de oportunidades, e trabalhamos com cinco recrutadoras dedicadas. Com isso, atingimos 76% de candidaturas diversas, e conseguimos contratar pessoas pretas, pardas e trans.
Todo o processamento ocorreu tão bem que, além da conquista principal – o apoio à empregabilidade das pessoas contratadas – nossa parceria com o cliente foi fortalecida e prolongada. Por isso, continuamos gerenciando mensalmente vagas afirmativas e levando oportunidades para pessoas historicamente discriminadas.
A série especial Vagas afirmativas: entenda por que sua empresa deve promovê-las foi desenvolvida com a intenção de contar mais sobre tais ações e explicar qual a importância de abrir as portas para milhares de talentos que podem estar enfrentando um momento desafiador no mercado de trabalho.
Agora que você já conhece o que são as vagas afirmativas, fique de olho nas nossas próximas publicações sobre o assunto. Até lá, que tal dividir este conteúdo com colegas? Você pode fazer a sua parte no combate à desigualdade social ao compartilhar o artigo em seu LinkedIn.