Está sem tempo para ler o conteúdo? Basta clicar no play!
No primeiro artigo da série especial Vagas afirmativas: entenda porque sua empresa deve promovê-las, você pode ler sobre como as ações afirmativas, realizadas por negócios públicos e privados, podem transformar a vida de pessoas em grupos minorizados e excluídos.
Neste segundo conteúdo, vamos conferir mais sobre as vagas afirmativas para mulheres e como elas são importantes para impulsionar a diversidade de gênero e a inovação dentro das empresas.
O Fórum Econômico Mundial, em 2022, estimou que a igualdade global de gênero só será alcançada daqui a 132 anos. Em 2020, o mesmo estudo indicava 100 anos para que as mulheres tivessem as mesmas oportunidades e direitos que os homens.
Retrocedemos durante os últimos meses. Mas as vagas afirmativas podem ajudar a reduzir tal abismo. Continue a leitura para saber mais.
O papel das mulheres, tanto no trabalho como na sociedade, vem se transformando ao longo das décadas. Até os anos 1940, a maioria das mulheres apenas cuidava da casa e dos filhos. E isso começou a mudar quando elas ocuparam espaços até então inimagináveis, como nas fábricas espalhadas pelo Brasil.
Já na década de 1970, após a conquista de novos direitos, as mulheres passaram a exercer as mais diversas funções e a fazer parte da força de trabalho do país. Mas, até hoje, há desigualdade para onde olhamos.
Para Marilia Tippi, Gerente de Marketing do ManpowerGroup Brasil, ainda precisamos conversar bastante sobre a situação das mulheres no mercado de trabalho: “foram muitos anos de falta de direitos, e só recentemente as pessoas começaram a entender que as mulheres não nasceram para servir. Nós podemos liderar, podemos estar nas empresas. Ainda temos um longo caminho para percorrer, e precisamos acelerar essa consciência.”
As empresas, quando apostam na diversidade, podem ver seus números aumentarem significativamente. Há crescimento na inovação, na produtividade das equipes e nos processos, além de ficar mais fácil reter talentos.
A diversidade de gênero é fundamental, segundo Marilia Tippi: “a gente fala muito de inovação hoje em dia, é a palavra da moda porque as transformações estão acontecendo rapidamente; então, as empresas precisam conseguir pensar de formas diferentes. Quando você tem um grupo diverso de pessoas, a rotina se torna extremamente fértil a partir de pensamentos, referências, opiniões, vivências e competências diferentes. As empresas não vão mais conseguir inovar se não incentivarem a diversidade.”
Uma pesquisa realizada pela ONU Mulheres em 2021, nas cinco regiões do Brasil, reuniu a percepção de brasileiros e brasileiras sobre a igualdade de gênero e os direitos humanos.
Confira alguns números que merecem destaque:
Mesmo que as últimas décadas tenham trazido melhorias para as mulheres, ainda há vários desafios para que as trabalhadoras consigam viver com qualidade e ter acesso a mais oportunidades de emprego. Confira, a seguir, os principais desafios diários.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas indica que a taxa de desemprego das mulheres no Brasil é superior à dos homens desde 2012, ou seja, há mais de uma década.
Para piorar o cenário, a pandemia impactou negativamente mais mulheres que homens: enquanto as mulheres formavam, aproximadamente, 39% da força de trabalho global, elas sofreram 54% das perdas de emprego.
Conforme a Pnad Contínua sobre Outras Formas de Trabalho, do IBGE, os afazeres domésticos, que acabam sendo quase invisíveis para quem está de fora, consomem até 20 horas na semana das mulheres.
Trazendo em percentagem, de todas as mulheres brasileiras, 92,1% realizam algum tipo de atividade em casa, como limpar, cozinhar ou cuidar dos filhos. E a maioria divide essa rotina com as responsabilidades de trabalhar fora.
Para as que são mães, a situação fica ainda um pouco mais complicada: também segundo o IBGE, 64% das mulheres já sentiram que suas carreiras profissionais foram afetadas depois de darem à luz a seus filhos, e metade das profissionais que engravidam são demitidas em até dois anos depois da licença maternidade.
A diferença salarial pode ser apontada como um dos principais desafios que as mulheres enfrentam diariamente: elas recebem 79,5% a menos que os homens, segundo as estatísticas de gênero do IBGE.
Toda essa disparidade ainda é bastante confusa: se a diversidade agrega criatividade, produtividade e engajamento às equipes, por que as empresas ainda têm preconceito e não pagam salários justos para todos os colaboradores e colaboradoras?
Vale destacar que, para 46% das mulheres, uma remuneração justa é o que mais as motiva no trabalho.
A mesma pesquisa do IBGE, que citamos no item anterior, destaca que só 37% dos cargos gerenciais no Brasil são ocupados por mulheres, e quase metade desses mostra profissionais com menos de 30 anos. Ainda, elas recebem, exercendo as mesmas funções que os homens, apenas 77% do pagamento deles.
A desvalorização é um sentimento comum às mulheres: cada vez mais elas sentem que as organizações não estão fazendo o suficiente, o que gera ainda frustração e esgotamento. Tudo isso aliado ao fato que profissionais mulheres, em muitas situações, não têm seu potencial reconhecido:
A pesquisa Total Workforce Index™ 2022, realizada pelo ManpowerGroup, apresentou um ranking, com dezenas de países, tendo como base quatro categorias principais: disponibilidade da força de trabalho, eficiência de custos, regulamentação trabalhista e capacidade produtiva.
No último ano, o recorte do Brasil mostrou que o nosso país está na 63ª posição geral, mas quando observamos apenas a desigualdade de gênero no mercado de trabalho, cai para a 93ª colocação. Para que este cenário seja transformado em todas as empresas, precisamos pensar diariamente em como o fortalecer o movimento de equidade e discutir preconceitos estruturais.
Ainda de acordo com Marilia Tippi, a mudança começa pelo diálogo: “precisamos conversar, escutar e pesquisar mais sobre o assunto. Transformar os diálogos em ações, desde trabalhar com vagas afirmativas para mulheres até entender qual o cenário de diversidade de gênero dentro de cada organização, saber quantas mulheres estão em cargos de liderança, quanto tempo vai levar para alcançar a igualdade em números, e fazer isso acontecer.”
Agora que você já compreendeu qual é o contexto das mulheres no mercado de trabalho brasileiro, fica mais fácil criar ações que incentivem a participação de mais profissionais femininas nos processos de recrutamento e seleção.
O estágio inicial é avaliar a força de trabalho da empresa e identificar qual a porcentagem de homens, mulheres e pessoas não binárias. Vale também analisar quais cargos são mais ocupados por cada grupo e se os salários são compatíveis quando falamos das mesmas posições e responsabilidades.
Em seguida, você pode traçar um objetivo a ser alcançado em determinado período, por exemplo: vamos ter 60% de colaboradoras até 2026, e 50% dos cargos de liderança ocupados por mulheres até 2028.
Também é possível criar um comitê de diversidade e inclusão e contar com a participação dos mais diferentes talentos. A partir daí, as primeiras vagas afirmativas para mulheres podem começar a ser trabalhadas. Ainda, é essencial para as ações afirmativas que as lideranças participem de todo o processo e saibam como acolher as novas profissionais que vão chegar.
“É importante que as empresas que trabalham com vagas afirmativas para mulheres saibam como preparar um processo seletivo e, mais além, um ambiente de trabalho que seja condizente com o formato de atração. Então, não adianta a empresa falar ‘essa vaga de tecnologia é para mulheres’ se a profissional se candidata, o processo seletivo vai bem, e quando ela é aprovada encontra uma equipe repleta de homens que não sabem como lidar com uma mulher; eventualmente, até a liderança do time pode não saber como aceitar uma colaboradora na equipe”, explica Marilia.
No fim de 2022, entraram em vigor as últimas regras do programa Emprega + Mulheres, uma ação afirmativa para promover o acesso e a manutenção de mais mulheres no mercado de trabalho a partir de estímulos de aprendizagem profissional e para a parentalidade na primeira infância.
A nova legislação, dentre outras melhorias, flexibiliza a jornada de mães e pais de crianças com deficiência, determina a equiparação salarial entre homens e mulheres com as mesmas funções na organização, amplia o direito ao auxílio-creche, apoia microcrédito para empreendedoras e previne e combate o assédio sexual e outras formas de violência no espaço de trabalho.
Programas assim são importantes para direcionar as empresas que ainda não sabem como criar ou executar um plano para aumentar o número de funcionárias em seus quadros. “Se uma organização se interessa por um programa sério, a causa das mulheres já sai ganhando. É um incentivo que agrega melhorias ao cenário das mulheres no mercado de trabalho”, complementa a Gerente de Marketing.
No ManpowerGroup, desenvolvemos várias iniciativas relacionadas à diversidade e à inclusão de mais mulheres no mercado de trabalho. Inclusive, a Igualdade de Gênero é um dos 4 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU que perseguimos diariamente.
Hoje, temos metas ousadas para contratar, treinar e promover mais mulheres até posições de lideranças, sem falar que 60% da força de trabalho já é feminina. Também queremos alcançar 50% de diversidade de gênero ao nível de liderança global até o ano de 2025.
As mulheres seguem sofrendo discriminação no mercado de trabalho de diversas formas. Mas há esperança de que as empresas se tornem espaços mais acolhedores e diversos.
É responsabilidade de todos, independentemente do gênero, ajudar as profissionais a equilibrar tudo que há de importante em suas rotinas. As empresas precisam entender, de fato, o que as colaboradoras precisam.
Quando perguntamos às mulheres o que elas mais querem para o futuro do trabalho, recebemos as seguintes respostas:
“Quando há segurança, o trabalho flui melhor. A mulher se sente mais confiante, mais confortável, mais acolhida. Não é sobre quanto tempo eu passo na empresa, mas quanto eu agrego à empresa. Toda organização e liderança precisa escutar o que as mulheres precisam para explorar seu potencial ao máximo, sem ficar se preocupando. Isso é o mínimo que as empresas deveriam garantir, mas não está nem perto de ser a realidade”, finaliza Marilia.
Hoje você compreendeu mais sobre o cenário da força de trabalho feminina e a importância das vagas afirmativas para mulheres. Na próxima publicação da nossa série especial, vamos refletir sobre o preconceito e a exclusão das pessoas indígenas no mercado de trabalho.
Por enquanto, o que acha de compartilhar este conteúdo com seus colegas por meio do LinkedIn?