Após fenômenos como “A Grande Renúncia” e “Quiet Quitting” ganharem força, um novo desafio tem batido à porta dos profissionais de RH e lideranças de equipes: “The Great Mismatch” — ou, traduzindo para o português, “A Grande Incompatibilidade”.
Assim como seus antecessores, The Great Mismatch também alerta para o que os talentos esperam de seus empregadores. Mas, principalmente, ele chama a atenção para o quanto a incompatibilidade de prioridades entre empresas e colaboradores impacta as relações de trabalho atualmente.
Se esse desalinhamento já é uma realidade na sua organização, chegou a hora de entender o que está por trás dele e o que as companhias podem fazer para atingir um ponto de equilíbrio. Boa leitura!
The Great Mismatch, ou A Grande Incompatibilidade, é um fenômeno que vem sendo impulsionado, em termos gerais, pela transformação digital e pela busca por mais equilíbrio entre vida e trabalho. Mas, para explicá-lo com a atenção que ele requer, precisamos dar alguns passos atrás.
Quando o estado de pandemia em relação ao coronavírus foi decretado pela OMS, a Organização Mundial da Saúde, em março de 2020, o trabalho remoto se tornou a realidade de muitos profissionais. Pelos dois anos seguintes, o home office e o trabalho híbrido foram considerados formatos de atuação que vieram para ficar.
No entanto, ao contrário do que apontavam as previsões, grande parte das empresas decretou o retorno aos escritórios assim que o fim da emergência sanitária chegou. Com isso, uma enorme lacuna se abriu entre o que os empregadores e o que os trabalhadores queriam, resultando assim no movimento The Great Mismatch.
Para entender melhor o cenário atual, olharemos para alguns números recentes. Uma pesquisa realizada pela Microsoft, em 2022, por exemplo, apontou que cerca de 50% das lideranças afirmavam que a sua empresa já exigia ou planejava exigir que os colaboradores regressassem ao trabalho presencial em tempo integral em 2023.
Em contrapartida, o mesmo levantamento mostrou que 52% dos profissionais estavam cogitando mudar para um trabalho remoto ou híbrido ainda no mesmo ano. Percebe o tamanho do desalinhamento?
A alta porcentagem conversa, diretamente, com um dos insights que trouxemos no Relatório de Tendências 2023: os acontecimentos dos últimos anos tornaram claro que a carreira é apenas uma das várias dimensões de uma vida plena e realizada.
Agora, 29% de todos os trabalhadores e 42% dos Millennials enxergam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional como uma prioridade. Tanto que 31% dos profissionais atualmente aceitariam assumir outro emprego, já no próximo mês, se ele oferecesse uma rotina mais equilibrada.
Como resultado deste profundo desalinhamento, que tem levado tantos profissionais a buscarem por oportunidades de trabalho que atendam às suas expectativas, empresas de todo o mundo enfrentam uma escassez de talentos histórica.
Para você ter uma ideia, em 2023, 4 em cada 5 empregadores relatam dificuldade para encontrar os talentos com as habilidades de que precisam. A taxa de crescimento foi de 2 pontos percentuais em relação ao ano anterior, e mais que o dobro do nível registrado em 2013, há dez anos.
Para lidar com o atual desencontro de expectativas entre empregadores e trabalhadores, muitas organizações estão apostando em benefícios que incentivam à volta ao presencial — como o Google, que oferece desde massagens até áreas de lazer em seus escritórios. Mas será que só isso já basta?
Para alcançar um resultado mais efetivo, também é importante que as empresas estejam abertas a ouvir o que os profissionais têm a dizer sobre suas novas prioridades com relação ao trabalho.
O segredo — e também o desafio — está em encontrar um equilíbrio entre a atuação presencial e a remota. Afinal, embora existam situações em que o escritório pareça insubstituível, a flexibilidade oferecida pela transformação digital e os ganhos que ela traz não podem ser ignorados.
Sendo assim, confira algumas ações que podem ser adotadas pelas empresas a fim de romper com o fenômeno The Great Mismatch e melhorar a atração e a retenção de talentos:
Como vimos até aqui, a escassez de talentos é uma realidade que afeta empresas no mundo todo. Um dos grandes desafios que se apresentam neste quesito é que, cada vez mais, a atração e a retenção de profissionais vêm sendo influenciadas pelo desejo dos colaboradores por flexibilidade.
Embora complexa, a incompatibilidade de prioridades entre empregadores e trabalhadores pode ser resolvida por meio de uma abordagem flexível, colaborativa e adaptativa, que combine as principais vantagens que a tecnologia e a interação humana podem oferecer para pessoas e negócios.
Se você gostou deste conteúdo e quer se aprofundar, ainda mais, neste assunto tão atual, recomendamos a leitura do artigo Transformação digital e trabalho presencial: como encontrar o equilíbrio. Até a próxima!