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Tecnologia sustentável nos negócios é para agora

Escrito por Ana Cláudia Guimarães Estraiotto | 24/05/22

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Falamos muito da velocidade em que as transformações estão acontecendo. Tão rapidamente quanto novas tecnologias avançam, mudanças alarmantes também se intensificam, como é o caso das mudanças climáticas. E um sinal de alerta se acende.

Nos últimos 250 anos, desde a primeira Revolução Industrial, no século XVIII, a humanidade instaurou um novo ritmo de vida baseado na produção em massa e impulsionado pelas máquinas a vapor e uso de combustíveis fósseis. Desde então, a população mundial e a economia global cresceram exponencialmente, alimentando a produção e exigindo cada vez mais recursos do meio ambiente para suprir demandas e mercados. 

O impacto da ação humana nesse curto espaço de tempo trouxe progresso, mas também uma interferência profunda nos fluxos naturais e na capacidade de regeneração dos ecossistemas. Segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado no início deste ano, entre 2010 e 2019, as emissões de carbono foram as mais altas da história da humanidade.

Ainda de acordo com o estudo, que reúne evidências científicas confiáveis, para termos uma chance de reverter uma catástrofe climática limitando o aquecimento global em 1,5°C, políticas ambientais amplas precisam alcançar 43% de redução de gases do efeito estufa até 2030. 

“As mudanças climáticas são o resultado de mais de um século de padrões insustentáveis de energia, uso da terra, estilos de vida, consumo e produção.” 

Jim Skea, copresidente do Grupo de Trabalho III do IPCC 

O relatório é bastante claro sobre as perspectivas — é agora ou nunca fazer algo para evitar um colapso. Mas está nas mãos de quem fazer isso? Governos, certamente, têm papel central nessa agenda, mas empresas também precisam se responsabilizar. Não à toa, o ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance, em inglês) está em alta nos debates dos negócios: até 2025, a previsão é que esses pilares captem US$ 53 tri em investimentos, segundo a Bloomberg.

No Brasil, 95% das empresas têm pautas sociais, ambientais e de governança corporativa como prioridade; no entanto, outra pesquisa mostra que 60% das grandes e médias organizações não contam com estratégias voltadas à sustentabilidade. A preocupação existe, mas faltam ações. 

Paralelamente, temos a transformação digital acelerada, apresentando novas soluções e caminhos para o nosso modo de vida, de consumo, de interação com o meio. Assim, me pergunto: e se líderes unificassem o olhar para integrar tecnologias, negócios e sustentabilidade, compreendendo esse ecossistema como o grande guarda-chuva para navegar na digitalização e otimizar as atividades, partindo do compromisso ambiental? 

Na pesquisa do ManpowerGroup, The Great Realization, uma das tendências apontadas é o novo horizonte das tecnologias sustentáveis, ou seja, a aplicação de inovações, de conhecimento, da ciência com foco em coexistir em equilíbrio com o planeta, usando a tecnologia para reduzir as emissões, transformar as cadeias de suprimentos e estimular comportamentos mais conscientes.

É o caso, por exemplo, da implementação de plataformas digitais (e-commerce e marketplaces) e da IoT (Internet das Coisas), a qual é capaz de gerenciar sistemas integrados, controlando o uso de energia, de água e também a geração de resíduos. 

Além disso, organizações podem apostar em outras soluções para tornar a operação mais sustentável, eficiente e menos exposta a riscos — como ser impactada pela falta de energia ou escassez de recursos. Considerando que no Brasil a indústria é responsável por 30% do consumo final de energia, iniciativas direcionadas à redução de emissão de gases são muito significativas.

Cito aqui os painéis solares para geração de energia limpa e autônoma, contribuindo diretamente para reduzir o uso de combustíveis fósseis; o investimento em fontes renováveis de energia; e a captação de carbono para indústrias pesadas e de infraestrutura (aço, cimento, vidro etc.). 

Ao adotar uma postura ambientalmente responsável aliando-se às tecnologias sustentáveis, as empresas saem do campo da teoria para a prática, alcançando, inclusive benefícios para o próprio negócio, conectando as pontas.

Um dos pontos que vale ressaltar é que tanto consumidores quanto investidores estão priorizando companhias que seguem processos mais sustentáveis: os primeiros (40%) dizem que os fatores ambientais são mais importantes do que o custo do produto na hora da compra; os segundos (79%) também consideram esses aspectos quando vão decidir onde aplicar o dinheiro.

Soma-se a isso a maior eficiência nas atividades com uso inteligente de recursos ao longo das etapas produtivas, aumento da competitividade, melhor relacionamento com a comunidade, fortalecimento da credibilidade e, assim, incremento no valor da empresa e de seus rendimentos.   

A questão ambiental é tão urgente quanto a adoção de tecnologias para acompanhar a transformação digital. Na verdade, sem uma ação para a primeira, não teremos horizontes para a segunda. Sendo assim, em um mundo complexo como o que vivemos, estratégias organizacionais precisam ser vistas sob uma perspectiva holística e entrelaçada, trazendo as transformações externas e as mudanças de rota combinadas em uma mesma direção para que sejam sustentáveis, nos dois sentidos. 

E você, como enxerga o assunto sustentabilidade e negócios? Comente aqui e vamos continuar essa conversa.

Abraços,  

Ana Guimarães  

Diretora de Operações no ManpowerGroup Brasil

Publicado originalmente em: https://bit.ly/38bPanH