O cuidado com a saúde mental do colaborador é um assunto que precisa estar em pauta o ano inteiro. Mas, no nono mês do calendário, ele ganha uma evidência ainda maior devido à chegada do Setembro Amarelo, campanha brasileira de prevenção ao suicídio.
Em 2023, o lema do movimento — “Se precisar, peça ajuda!” — reforça o quão importante é construir um ambiente de trabalho onde as questões emocionais não sejam vistas como tabu. Uma das melhores formas de colocar isso em prática é incentivando o time a refletir e conversar abertamente sobre o tema.
Se a sua empresa acredita que o diálogo é um elemento-chave para fomentar o bem-estar da equipe, convidamos você a continuar a leitura e a explorar as sugestões que trouxemos para complementar essa missão!
Uma coisa é fato: nunca se falou tanto sobre saúde mental, principalmente no contexto do trabalho. Mas, embora esse debate tenha levado a avanços importantes, como a classificação da Síndrome de Burnout como doença ocupacional, as pesquisas mais recentes sobre o assunto revelam que ele continua demandando atenção.
Para que você possa ter uma ideia, o relatório mundial sobre saúde mental da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado em 2022, estimou que cerca de 15% dos trabalhadores adultos vivem com um transtorno mental.
Entre os motivos que colaboram para essa porcentagem está que o trabalho amplifica questões sociais que afetam negativamente a saúde mental, incluindo a discriminação e a desigualdade.
Em paralelo a esse levantamento, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) revelou que mais de 200 mil pessoas no Brasil foram afastadas do trabalho por transtornos mentais em 2021 — sendo essa, inclusive, a terceira maior causa de afastamentos no país atualmente.
Já no mundo, estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos ao ano devido à depressão e à ansiedade. O número, que inclui desde o absenteísmo até o baixo desempenho e o turnover de pessoal, chega a custar quase um trilhão de dólares à economia global.
Diante de dados tão alarmantes, a OMS e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) uniram esforços em 2022 para lançar um documento contendo novas diretrizes voltadas à saúde mental dos colaboradores.
Além de recomendar ações para enfrentar cargas de trabalho pesadas, comportamentos negativos e outros fatores que geram angústia no ambiente corporativo, as entidades reforçaram a importância do diálogo como um meio de superar os estigmas associados aos transtornos mentais.
Afinal, censurar o tema pode fazer com que parte dos empregadores resista em contratar pessoas com questões de saúde mental e, principalmente, que os profissionais hesitem em tornar o problema conhecido ou em procurar ajuda especializada.
Para evitar que isso aconteça, a OMS e a OIT defendem ser preciso empregar esforços para remodelar o ambiente de trabalho a fim de acabar com o preconceito e a exclusão social, bem como garantir que os colaboradores com problemas nesta frente se sintam protegidos e apoiados.
Vale lembrar que, ao implementar essas diretrizes e contribuir para a promoção do bem-estar abrangente dos profissionais, as empresas colhem benefícios tangíveis, como o aumento de produtividade e qualidade do trabalho, redução do absenteísmo e maior retenção de talentos.
Em outras palavras, esse cuidado cria um ciclo positivo, capaz de beneficiar a todas as pessoas envolvidas!
Como vimos até aqui, promover o debate sobre saúde mental do colaborador é fundamental para criar um ambiente de apoio e compreensão. Mas esse é um trabalho que requer comprometimento contínuo, não podendo ficar restrito a datas como o Janeiro Branco e o Setembro Amarelo.
Se a sua organização deseja incentivar essa reflexão durante o ano todo, veja algumas ações que podem ajudar:
Embora pareça algo pequeno, quando a empresa promove conversas regulares e transparentes sobre transtornos mentais, como a ansiedade, o estresse e a depressão, ela não apenas ajuda a promover a conscientização.
Na prática, isso também faz com que os colaboradores se sintam mais à vontade para falar sobre seus desafios emocionais e a buscar ajuda especializada quando necessário. Afinal, eles entendem que a organização realmente reconhece e se preocupa com esse aspecto.
O autoconhecimento é uma peça-chave no enfrentamento e prevenção dos transtornos mentais. Por isso, incentivá-lo também é uma forma de apoiar o bem-estar contínuo da equipe.
Ao realizar treinamentos sobre inteligência emocional, por exemplo, é possível auxiliar os colaboradores a gerenciarem as próprias emoções de forma mais saudável e a adotarem uma visão mais otimista e resiliente diante dos desafios.
O excesso de trabalho, responsabilidades e cobranças é um dos principais desencadeadores da Síndrome do Esgotamento Profissional, mais conhecida como Burnout.
Não por acaso, promover e valorizar os momentos de pausa é uma das formas de prevenir esse problema que afeta, hoje, 1 a cada 5 profissionais de grandes corporações brasileiras, segundo dados da Gattaz Health & Results.
Detalhe importante: além de proteger a saúde mental do colaborador, realizar pequenos intervalos durante a jornada de trabalho também melhora a concentração e a criatividade!
Lembra quando comentamos sobre as novas diretrizes da OMS e da OIT sobre saúde mental no trabalho?
Além das recomendações já citadas, pela primeira vez as entidades recomendaram o treinamento e o desenvolvimento das lideranças para evitar ambientes de trabalho estressantes e responder rapidamente aos profissionais em perigo.
Quando os gestores de equipes são capacitados para conduzir conversas acolhedoras sobre esse tema e a identificar sinais de alerta, como mudanças de comportamento e desempenho, eles podem intervir precocemente e oferecer apoio aos colaboradores que precisam.
No Relatório de Tendências 2023: A Nova Era do Potencial Humano, mostramos que pessoas de todas as idades e gêneros estão procurando empregadores que apoiem ativamente um equilíbrio mais saudável entre trabalho e vida pessoal.
Mais precisamente, 29% de todos os profissionais e 42% dos Millennials querem mais equilíbrio entre esses dois pilares — o que tem tudo a ver, também, com a preocupação cada vez maior com a saúde física e emocional.
Nesse sentido, oferecer horários e formatos de trabalho flexíveis, permitindo assim que os colaboradores tenham tempo livre para estar com seus amigos e familiares, é outra forma de comunicar que a empresa se preocupa genuinamente com o time.
Facilitar o acesso a recursos de apoio, como serviços de aconselhamento, plataformas de terapia online e materiais informativos, reitera o comprometimento da organização com o bem-estar mental dos colaboradores.
Além disso, essa é uma estratégia que fomenta a cultura que preza pelo diálogo e pela honestidade, onde a vulnerabilidade em buscar ajuda é vista como um sinal de coragem, não de fraqueza.
Incentivar práticas de autocuidado, como exercícios físicos, meditação e outras atividades relaxantes, pode auxiliar os colaboradores a gerenciarem o estresse e a ansiedade. Que tal, então, disseminar informações sobre a importância delas ou até mesmo promover aulas gratuitas?
Outro tópico que merece ser abordado é o uso excessivo do celular. Afinal, há inúmeros estudos que mostram que viver em um mundo hiperconectado favorece o esgotamento e a ansiedade.
Para prevenir o problema, sua empresa pode incentivar que os colaboradores se desconectem dos dispositivos eletrônicos após o expediente, permitindo-lhes mais tempo para se desligar do trabalho e relaxar.
Ao incorporar diretrizes claras sobre saúde mental nas políticas da empresa, você não apenas sinaliza que esse é um assunto levado a sério, mas também oferece um guia para colaboradores e lideranças sobre como tratar questões relacionadas à saúde mental.
Além de considerar os aspectos que apresentamos acima, como o acesso a recursos de apoio e as políticas de flexibilidade, é preciso evidenciar que a empresa não tolera nenhuma forma de estigmatização ou discriminação contra quem possa estar enfrentando desafios com a saúde mental.
Lembre-se, também, de esclarecer como os colaboradores podem buscar ajuda ao enfrentarem qualquer problema nesta frente, incluindo os passos a serem seguidos para acessar serviços de aconselhamento ou como falar com a gestão sobre suas necessidades.
A discussão e a promoção da saúde mental no ambiente de trabalho são mais do que uma tendência atual: elas são uma necessidade fundamental para o bem-estar geral dos colaboradores e o sucesso sustentável das empresas.
Sendo assim, é importante que as organizações continuem avançando nessas pautas com dedicação e compromisso, criando um ambiente onde todas as pessoas possam alcançar seu potencial máximo e entregar os melhores resultados.
Se você chegou até aqui, gostaríamos de lembrar que o aspecto emocional é apenas um dos pilares que compõem a saúde ocupacional. Caso queira se aprofundar nos demais, aqui temos outras 7 dicas para promover a saúde dos seus colaboradores.