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Refugiados no mercado de trabalho: precisamos derrubar barreiras

7 min de leitura

Publicado em 18/06/21

Atualizado em Dezembro 15, 2021

Todos os anos, milhares de pessoas vêm ao Brasil em busca de refúgio. São famílias que trazem com elas seus sonhos e esperanças de uma vida melhor e de um trabalho digno, cuja nação de origem não lhes permitiu conquistar, por diversos motivos. Infelizmente, muitos desses refugiados acabam não encontrando oportunidades aqui também, ficando desempregados ou atuando na informalidade por conta de supostas barreiras culturais e pensamentos enviesados por parte dos empregadores. Neste artigo, queremos mostrar que é possível e importante reverter essa situação, e ressaltar que empresas podem e devem contratar mais pessoas refugiadas para suas equipes.

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A situação das pessoas refugiadas no Brasil 

Em 2020, o Brasil tinha cerca de 43 mil pessoas vivendo em situação de refúgio no país. É o caso de Haygar, venezuelana de 45 anos, que chegou ao Brasil em busca de uma situação melhor. “Eu e meu marido estávamos empregados na Venezuela, mas o dinheiro era muito pouco. Precisávamos sair e vimos o Brasil como a solução”. A história de Haygar difere da maioria dos imigrantes, pois ela conseguiu ingressar no mercado de trabalho brasileiro rapidamente. Com uma graduação em administração e duas pós-graduações, sua primeira oportunidade foi em uma universidade em Rondônia. “Eu consegui rapidamente recolocação, mas para a maioria dos refugiados é muito difícil, mesmo com diplomas, conseguir um emprego”.  Muito diferente do que se imagina, grande parte dos refugiados que vêm ao Brasil têm uma formação e uma profissão, mas muitas vezes acabam não tendo a chance de exercê-las. Hoje, atuando na área de Recursos Humanos do ManpowerGroup, Haygar está do outro lado da mesa de entrevistas. “As pessoas olham para o refugiado como alguém que não é capaz. Isso precisa mudar”. 

As oportunidades para os refugiados também são oportunidades para as empresas 

Se ainda há dificuldade para os interiorizados encontrarem emprego, não deveria existir, por outro lado, motivos que levem as empresas a não contratarem pessoas refugiadas. “Quanto maior a diversidade cultural nas organizações, maior é a pluralidade de pensamentos e competências. Nós só temos a ganhar ao criar equipes mais inclusivas e diversas” conta, Leandro Fernandes, Líder de Pessoas e Cultura no ManpowerGroup.  

As competências são realmente um diferencial. Enquanto em um primeiro momento é necessária uma adaptação, as competências trazidas por essas pessoas à organização valem o esforço. “Resiliência, vontade, capacidade de adaptação e de aprendizagem são competências intrínsecas às pessoas refugiadas”, completa Leandro.  

Teresa veio da República Democrática do Congo há 4 anos. Lá, a língua oficial é o francês, e ela ainda fala o Lingala, dois idiomas bem diferentes do português. “No começo, para buscar emprego, o idioma era a maior dificuldade”. Hoje, a jovem de apenas 20 anos já fala os 3 idiomas e atua na área de estratégia comercial do ManpowerGroup. 

Danielle Alfieri, Gerente Comercial do ManpowerGroup, vive isso no dia a dia, tendo Teresa como sua liderada. “Eu admiro muito a visão de mundo que ela tem. É muito diferente da nossa e agrega bastante ao nosso trabalho”. 

A legislação brasileira é uma facilitadora da contratação de refugiados 

Uma das maiores inseguranças de líderes e de empresas ao considerar a contratação de uma pessoa refugiada é a questão legal. Mas a verdade é que a legislação brasileira é uma das mais modernas e facilitadoras do mundo.  

A partir do pedido de refúgio enviado ao Comitê Nacional para os Refugiados – e antes mesmo da aprovação do mesmo – já é possível para o solicitante ter acesso aos mesmos documentos necessário a uma contratação de uma pessoa natural do Brasil, incluindo a Carteira de Trabalho. “O refugiado tem os mesmos direitos do trabalhador brasileiro, férias, 13º salário… o que ocorre é que muitas empresas não sabem e preferem manter a pessoa na informalidade”, conta Leandro. 

Para Haygar, a facilidade de se conseguir os documentos no Brasil pesou muito para que ela e a família pudessem recomeçar suas vidas aqui. “Foi tudo muito fácil, inclusive para validar meus diplomas. Se houvesse mais burocracia talvez eu não tivesse tido as oportunidades que tive”.  

Os cuidados na hora de receber um refugiado 

Quando estamos tratando da contratação de pessoas de outro país, ainda mais em situação de vulnerabilidade, é necessário que as organizações mantenham seus olhos abertos e façam um trabalho que começa no processo seletivo e continua depois da integração do novo colaborador para que empresa, líderes e colegas estejam preparados para recebê-lo. 

No ManpowerGroup Brasil, a preocupação com a diversidade e a inclusão é constante. “Tivemos o cuidado desde o processo seletivo e preparamos nossas pessoas para as chegadas da Haygar e da Teresa. Aqui, a nossa própria cultura organizacional já é voltada para a diversidade, mas, mesmo assim, tivemos estes cuidados”, conta Leandro. 

No dia a dia, os líderes também precisam estar atentos para rever ou reorganizar a maneira como trabalham para integrar melhor todas as pessoas. “Nós passamos a ser mais cuidadosos com a forma como falávamos em nossas reuniões por conta da Teresa. Como o português não é sua língua nativa, todos nós combinamos de falar tudo da maneira mais clara possível. Isso não só ajudou a Teresa, mas também incentivou a melhoria da nossa comunicação como equipe”, continua Danielle. “É um desafio que traz muitos benefícios porque tira o líder e a equipe da zona de conforto, e são nessas situações que mais aprendemos. Em um mercado que precisa cada vez mais de soft skills, melhorar a comunicação e a empatia é uma grande oportunidade”. 

Venezuelanos, congolenses, sírios e muitas outras pessoas procuram o Brasil como um lugar de recomeço. E eles têm muito a nos oferecer e a nos ensinar. Cabe a nós, como indivíduos e organizações, derrubar barreiras e preconceitos e proporcionar oportunidades. 

Como buscar e contratar refugiados no Brasil 

As empresas podem buscar o apoio de entidades para encontrar refugiados e refugiadas para agregar em suas equipes.  

Empresas Com Refugiados 

Iniciativa da ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) que auxilia empresas a encontrarem pessoas refugiadas para suas vagas abertas. 

PARR 

O Programa de Apoio para a Recolocação de Refugiados promove a inclusão de pessoas refugiadas na sociedade brasileira por meio do trabalho. 

No site ACNUR.ORG é possível se aprofundar mais sobre a situação dos refugiados em nosso país. Nós incentivamos esse movimento e nos colocamos à disposição para ajudar as empresas a se tornarem cada vez mais diversas e inclusivas. 

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