Conquistas importantes aconteceram nos últimos anos quando pensamos em diversidade de gênero nas empresas. Mas essa conversa deve continuar fazendo parte da nossa rotina, porque as mulheres ainda precisam ganhar espaço em diversos segmentos.
Quando se trata de incluir mais mulheres pretas e trans no mercado de trabalho, por exemplo, os números recentes mostram que ainda há um longo caminho a ser percorrido.
Segundo pesquisa conduzida pela consultoria Triwi em 2022, uma empresa brasileira a cada quatro não tem mulheres negras em seu quadro de colaboradores. Enquanto isso, a FAPESP constatou que apenas 13,9% das mulheres trans e travestis contavam com empregos formais em 2020.
Diante de dados tão alarmantes, crescem as dúvidas sobre como implementar uma política realmente eficaz nesta frente. Para te ajudar com a missão pela diversidade de gênero, vamos responder, neste artigo, as perguntas mais frequentes em relação ao tema. Boa leitura!
Números sobre a diversidade de gênero
Para seguir contextualizando a importância de colocar a diversidade de gênero em pauta nas organizações, separamos outros dados que evidenciam os desafios que ainda temos pela frente:
Os números acima não deixam margem para dúvidas: quanto mais alto o cargo, menor a presença feminina. E isso só se agrava quando consideramos mulheres pretas e trans.
Não por acaso, a ONU estima que a plena igualdade de gênero pode levar até 300 anos para ser alcançada se continuarmos no ritmo atual de progresso. Em complemento, seriam necessários 140 anos para que as mulheres fossem representadas igualmente em posições de liderança no local de trabalho.
Se por um lado as projeções geram preocupação, por outro elas também trazem oportunidades: se o assunto for tratado com a seriedade que merece pelas organizações, ainda podemos reverter este cenário!
Agora que você já conhece o cenário atual, vamos às principais dúvidas que surgem quando o assunto é aumentar a diversidade de gênero no mercado de trabalho:
Quando as empresas investem em diversidade e inclusão, todos saem ganhando. Essa regra também se aplica, é claro, quando se trata da contratação de mais mulheres. Dê uma olhada:
Segundo estudos recentes da McKinsey, as organizações que veem a diversidade como parte da estratégia de seus negócios têm mais chances de lucro.
Precisamente, a consultoria apontou que as empresas com mais diversidade de gênero em sua equipe executiva têm 25% de chance de apresentar lucratividade acima da média do que empresas com baixa diversidade.
Boa parte disso se deve ao seguinte fato: pessoas com pontos de vista e vivências diferentes, geralmente, favorecem a inovação. Além disso, os colaboradores se sentem mais engajados e dispostos a irem além de suas responsabilidades quando o ambiente de diversidade é reconhecido.
Antes de começar um projeto que visa aumentar a contratação de mulheres na sua organização, é importante que se inicie uma conversa com colaboradores, líderes e recrutadores sobre a relevância deste assunto.
Assumir o compromisso internamente é o alicerce para a construção de ações mais diretas, como um projeto de cultura organizacional voltado à diversidade, programas de treinamento e capacitação, políticas de acolhimento, entre outras.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que a equidade salarial dentro da mesma empresa e função é um direito garantido por lei, no artigo 461 da CLT que diz:
“Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor, prestado ao mesmo empregador, no mesmo estabelecimento empresarial, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, etnia, nacionalidade ou idade.”
Porém, sabemos que no mercado de trabalho existem práticas, como a criação de níveis (Profissional Pleno I, II e II), que permitem que pessoas que exercem a mesma função, muitas vezes, tenham ganhos diferentes.
Uma maneira de eliminar esta desigualdade na sua empresa é ser intencional na criação de uma política de equidade salarial, que pode começar com uma pesquisa interna que compare salários, cargos e funções, além da análise de remunerações médias do mercado.
Com isso, você pode corrigir qualquer discrepância nos cargos e recebimentos, e impedir que esta prática exista na sua organização.
A resposta é não. É claro que existem paradigmas sociais e culturais que fazem com que algumas profissões tenham mais mulheres e outras mais homens. Mas este é um dos desafios que precisamos superar.
Podemos olhar para o mundo dos esportes como um exemplo. Se há alguns anos dizia-se que mulheres não jogavam futebol, hoje temos grandes ligas competitivas, a Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino e jogadoras internacionalmente conhecidas, como a nossa Marta.
A verdade é que não há nenhum embasamento científico que corrobore o pensamento de que mulheres não podem, por exemplo, trabalhar em obras e construções. Pelo contrário, como sabemos, a diversidade aumenta o leque de competências de uma equipe, tornando qualquer time mais produtivo.
O maior desafio para mulheres em trabalhos que exigem força, como o fabril, não é a atuação em si, mas sim a barreira social de ingressar em ambientes que são majoritariamente compostos por homens e culturalmente machistas.
O desafio para o recrutamento, então, é inicialmente mudar a cultura organizacional desta companhia. Sem um trabalho de conscientização e educação dos colaboradores, dificilmente você vai conseguir reter mulheres.
Também é importante criar mecanismos para acolher essas profissionais – desde os mais básicos, como vestiários exclusivos, até ações como a instalação ou convênio com creches, por exemplo.
Por diversas questões sociais, culturais e econômicas, mulheres têm um acesso menor ou mais tardio a tecnologias, como computação e programação. Por isso, ainda existem menos profissionais mulheres neste mercado.
O que você pode fazer na sua empresa para ajudar a mudar esse cenário é trabalhar a cultura organizacional, como no caso descrito acima; e, além disso, estabelecer metas de contratações de mulheres.
Se em um primeiro momento você tiver dificuldade para encontrar colaboradoras que tenham 100% dos requisitos para uma vaga específica, lembre-se de que elas trazem competências diferentes em suas bagagens, o que pode agregar e muito na sua companhia.
Então, crie também programas de treinamento para que as hard skills sejam desenvolvidas!
Na hora do recrutamento, vale a pena dizer abertamente que está à procura de profissionais mulheres, como fez recentemente o Magazine Luiza com seu programa de trainee voltado a profissionais negros.
Liderar pelo exemplo. Aqui no ManpowerGroup Brasil, nos orgulhamos de ter diversas iniciativas relacionadas a diversidade e a inclusão no mercado de trabalho, e não apenas de mulheres, mas de diversos grupos minoritários.
Com base em programas internos e com parceiros, sustentamos nosso forte alinhamento com 4 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que são:
A sua companhia deve ser uma embaixadora desses temas. Liderar pelo exemplo é aproveitar o que você está fazendo para que outras companhias enxerguem que diversidade não é só o certo a fazer, mas que também traz resultados positivos para a organização.
Quem sabe suas ações não possam criar um efeito cascata, aumentando também a inclusão em outras empresas?
Embora já tenhamos apontado alguns caminhos nas respostas acima, ainda há muito que pode ser feito para que a diversidade de gênero seja um tema conversado continuamente nas organizações.
Para além de trabalhar a cultura organizacional, abrir vagas afirmativas e oferecer treinamento, a sua empresa também pode:
Como você leu até agora, ainda há muito trabalho a ser feito para alcançarmos a diversidade de gênero nas empresas. Mas esperamos que as informações apresentadas aqui sirvam como ponto de partida para o seu negócio.
Grande parte das perguntas respondidas ao longo deste artigo foi discutida no webinar “Diversidade nas empresas: como atrair, reter e incluir mais mulheres”, promovido pelo ManpowerGroup Brasil em parceria com ACNUR (Agência de refugiados da ONU) e a consultoria Santa Causa.
Quer conferir na íntegra essa conversa tão importante? Acesse o material completo aqui. Abordamos, entre outros pontos, como tornar os processos seletivos mais diversos e incluir mulheres acima dos 50 anos no mercado de trabalho.