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Quando Bruna Fernandes entrou na área de Tecnologia da Informação, há aproximadamente cinco anos, poucos acreditavam nela. Em uma sala com 45 alunos, ela era a única mulher. Quando um professor, ainda no primeiro semestre, fez aquele conhecido discurso de que “nem todos que se matricularam no curso iriam se formar”, Bruna sentiu que foi direcionado para ela. Isso tudo era comum e ainda pode ser vivenciado no mercado. A história dela é repetida por centenas de jovens que querem ingressar neste setor. Mas com as mudanças que o mundo do trabalho vem passando, inclusive de mentalidade, o espaço das mulheres na TI tem crescido a cada dia.
A carioca, de 24 anos, conta que o interesse por programação veio cedo. Com um computador em casa desde os 12 anos, se apaixonou pela área. Quando a paixão se tornou escolha profissional, começaram os problemas. Na faculdade, quando tinha algum trabalho em grupo, o preconceito começava a se mostrar. “No geral, minha parte era fazer a documentação, o resumo… Não adiantava me frustrar ou dizer que gostaria de ser parte ativa no desenvolvimento dos códigos”, relembra.
“Alguém tem que fazer esse trabalho (burocrático), por que não você?”
Bruna Fernandes, estudante de TI, sobre ser impedida de participar ativamente de projetos na faculdade.
No mercado profissional, ser mulher na TI é desafiador. “Já perdi oportunidades de emprego por ser mulher e por não ter conseguido transmitir confiança o suficiente. Acho que parte disso acontece porque nós não somos muito incentivadas a trabalhos lógicos”.
O caso da Bruna não é uma exceção. Um levantamento da consultoria Yoctoo revelou que 82,8% das mulheres já viveram ou presenciaram preconceito de gênero no ambiente de trabalho.
Os desafios que Bruna e outras mulheres na TI enfrentam são exatamente o que Graziella Bonizi, programadora sênior de 29 anos, está ajudando a mudar. Grazi – como prefere ser chamada – tem sete artigos publicados e faz palestras em eventos sobre o mercado quase que uma vez por mês. Especialista em DevOps, ela é considerada uma referência na área.
A estrada dela é um pouco mais longa: já são 14 anos trabalhando com TI. Neste período, ela viu a área passar por diversas transformações. Assim como a Bruna, ela se via sozinha no começo. “A maioria das mulheres que entravam na TI acabavam sendo deslocadas para áreas de negócio ou gerência, sem espaço para crescer como desenvolvedoras”. Mas este é um cenário que está se transformando.
Um estudo realizado pela Softex em parceria com a Secretaria de Empreendedorismo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) mostrou que a quantidade de mulheres que atuam no setor de TI quase dobrou em 10 anos (de 2007 para 2017), subindo de 21.253 para 40.492.
A representatividade faz com que mais mulheres se interessem e estejam dispostas a enfrentar os desafios do mercado. Existem programas exclusivos para mulheres na TI com iniciativas que as ajudam a ingressar na profissão.
Como palestrante, Graziela sabe da importância que profissionais de destaque têm para auxiliar na entrada de mais meninas no mercado. “Quanto mais mulheres se mostram como referências e líderes em algumas linguagens de programação, mais as meninas podem se espelhar”.
As empresas também estão na vanguarda deste crescimento e o ManpowerGroup, líder mundial em soluções de força de trabalho, é uma delas. O grupo é responsável pela Experis, linha de negócios focada em recrutamento de profissionais de TI. Marília Tippi, Marketing Manager do grupo no Brasil, enxerga que o cenário global leva ao aumento de jovens mulheres em trabalhos que antes tinham menos acesso. “As mudanças na sociedade, entre elas a inclusão digital, dão maiores possibilidades para que garotas tenham interesse e sejam incentivadas a buscar profissões que combinem com suas skills”.
Grazi aponta que quando ainda era a única mulher na TI nas empresas em que trabalhou, ela tinha, muitas vezes, a voz silenciada em alguns projetos. “Sempre colocavam alguém para supervisionar o meu trabalho, o que fazia eu me questionar por que me contrataram, no final das contas.”
As mulheres precisam provar o tempo todo que são competentes. Este foi o desafio apontado por 42% das mulheres na pesquisa da Yoctoo. Grazi conseguiu contornar essa situação estudando e desenvolvendo habilidades que fizeram com que ela se destacasse. “Quanto mais eu me capacitei, menos eu era silenciada. Claro que, agora, com mais times mistos (com homens e mulheres na TI), o cenário é menos hostil. O mercado está mais aberto para quem tem mais skills”.
“Eu precisei me esforçar muito mais para ganhar voz na TI.”
Graziella Bonizi, desenvolvedora, sobre os preconceitos no começo da sua carreira
A desenvolvedora dá uma dica prática para quem quer ingressar na TI: “Se você mostra interesse em tecnologia, aprofunde-se nisso. Mesmo que seja no videogame. Essa é uma ferramenta que auxilia no desenvolvimento de várias skills como resolver problemas e ganhar mais velocidade no raciocínio”.
Essas são características procuradas pelo mercado de trabalho, que busca profissionais que consigam somar habilidades humanas com as tech skills – capacidades relacionadas à tecnologia. Para a manager do ManpowerGroup, é importante ter uma equipe com pessoas diferentes: “Cada profissional tem suas especificidades e quando uma empresa não se abre para a diversidade, acaba tendo um gap de habilidades e competências difícil de ser preenchido”.
Com sua experiência profissional, Graziella enxerga que existem algumas companhias que já estão se preparando para formar uma equipe mais diversa. “Ainda há uma grande cobrança, mas já dá para notar que as mulheres vêm conquistando mais espaço e respeito em suas atuações”. As empresas estão sendo pressionadas pelos hábitos de consumo e do mercado em geral a trazerem mais diversidade para dentro de suas equipes. A consultora de RH conta que em sua companhia a diversidade vai além do discurso. Durante a VivaTech, uma das maiores conferências mundiais de tecnologia dedicadas à inovação, realizada em Paris anualmente, todos os painéis do ManpowerGroup no evento tiveram participação igual ou superior de mulheres. “Acreditamos que as empresas têm a responsabilidade de possibilitar que todas as pessoas sejam participativas no local de trabalho e alcancem seu potencial”, reforça Marília.
Trabalhando em conjunto com diversas empresas do ramo de tecnologia, a profissional de marketing notou que, além de ser a coisa certa a fazer, existe uma tendência de aumento de produtividade.
“Organizações com culturas inclusivas têm produtividade e rentabilidade maiores do que aquelas que não são inclusivas. Então, comercialmente também faz todo o sentido”.
Marília Tippi, – Marketing Manager do ManpowerGroup Brasil, sobre a vantagem de uma equipe mais diversa.
Para que mais garotas como a Bruna possam ter uma carreira como a da Grazi no mundo de TI, as empresas precisam enxergar que o futuro do trabalho está nas pessoas e nas competências e que possibilitar igualdade e respeito no ambiente laboral faz com que mais profissionais possam alcançar o seu potencial.
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