‘Poder para LGBTI+, Nosso Voto, Nossa Voz’. Esse foi o tema da parada LGBT que levou mais de 3 milhões de pessoas para as ruas do centro de São Paulo em junho deste ano. Movimentos como este estão ganhando cada vez mais força e ultrapassam o espaço público: a diversidade no trabalho é uma pauta para a qual as organizações não devem mais fechar os olhos.
O combate ao preconceito em qualquer via de manifestação é essencial em todos os âmbitos da sociedade, inclusive dentro das empresas. Por meio da atuação do departamento de recursos humanos, seja na contratação ou pela implementação de ações que promovam o respeito entre os colaborares, a diversidade no trabalho se torna até mesmo um impulso para maior produtividade e, consequentemente, rentabilidade das corporações.
A seguir, você acompanha alguns dados relevantes sobre o tema no Brasil e no mundo e também conhece os caminhos que as grandes empresas já estão trilhando em prol de um convívio mais justo e igualitário. Continue a leitura!
O Brasil é o país onde mais se mata transexuais em todo o mundo. Os dados são de uma ONG europeia, a Transgender Europe, que analisou 12 países no total, e apontou que aqui os índices são maiores do que no México e Estados Unidos. Se nas ruas o cenário é este, nas organizações, infelizmente, o ambiente também é bastante hostil. Dados compartilhados pelo Plata o Plomo mostram que uma em cada cinco empresas brasileiras rejeita a contratação de homossexuais por medo da imagem da organização ficar associada a esses profissionais, e mais: 68% dos entrevistados relataram que já presenciaram algum tipo de homofobia nas organizações. Veja mais alguns números que refletem a desigualdade no mercado de trabalho:
Ações e incentivos à diversidade no trabalho são mais do que necessárias, são urgentes.
Assim como é importante movimentos civis para lutar contra o preconceito, práticas corporativas são essenciais para transformar a sociedade. Em primeiro lugar, ao adotar ações inclusivas, as empresas devem fazê-las de forma legítima e com o objetivo além de aumentar a rentabilidade dos negócios. A premissa precisa ser a batalha por um mundo mais igualitário e, portanto, contemplar ações para contratar e desenvolver pessoas, seja qual for sua origem, religião, orientação sexual, gênero, idade etc.
Um exemplo voltado especialmente à comunidade LGBTI é a iniciativa Livres & Iguais da ONU, que lançou um documento com Padrões de Conduta para Empresas com o objetivo de promover a igualdade de direitos e tratamento justo. Os compromissos básicos envolvem:
Além dessa ação, que já tem o apoio de diversas empresas brasileiras, grandes companhias estão implementando programas que incentivam a diversidade no ambiente de trabalho. É o caso, por exemplo, da Sodexo que criou um grupo formado por LGBT e heterossexuais para debater sobre o tema e combater a discriminação. A Pepsico adotou políticas de apoio à diversidade e equidade de gênero por meio da criação da área Diversidade & Engajamento, que tem o papel de impulsionar uma cultura organizacional mais plural e produtiva. O GPA também assumiu uma postura de contratação que valoriza a diversificação de perfis em todos os processos da companhia, além de ter desenvolvido um programa especial que leva mulheres para cargos de liderança: em 2014, a presença feminina era de 20,2%; em 2017, esse número chegou a 28,1%. O Carrefour, por sua vez, colocou em prática a Plataforma Valorização Diversidade acompanhada de um código de ética para lidar com todas as formas de diversidade, entendendo-a não só como uma questão de orientação sexual ou raça, mas também como religiosa, por idade e até mesmo de aparência.
Condutas como essas devem abranger companhias de todos os portes para que ganhem um poder cada vez maior de mudar a forma como as pessoas lidam com as diferenças dentro e fora do trabalho.
A troca de experiências, visões e ideias proporciona grande melhoria dos resultados, além de fazer com que pessoas, independentemente da orientação sexual, gênero ou raça, sintam-se confortáveis e respeitadas no trabalho, aumentando a satisfação e a qualidade de vida desses colaboradores.
De acordo com uma pesquisa publicada pela revista Management Science, empresas que promovem a inclusão de LGBT no quadro de funcionários conquistaram aumento de 8% em registros de patente, indicando uma relação entre a diversidade e a inovação. Além disso, para se ter uma ideia, em um nível global, o poder de consumo da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, pessoas trans e intersexo soma 3,7 trilhões de dólares, segundo LGBT Capital (2015). Ou seja, empresas que colocam genuinamente essa causa em seus negócios ampliam suas oportunidades de crescimento.
Segundo a diretora de diversidade da Associação Brasileira de Recursos Humanos, Jorgete Lemos:
“A partir do momento em que se contrata um funcionário assumidamente homossexual promove-se um ambiente igualitário que vai instigá-lo a criar e fazer inovações”.
Outra pesquisa de destaque para fomentar a diversidade nas empresas foi realizada pela consultoria global McKinsey e mostra que a heterogeneidade em cultura e etnias eleva em até 33% as chances das companhias se tornarem mais lucrativas. Quando falamos em gênero, o percentual é de 21% a mais do que as empresas que não recorrem à inclusão.
“A correlação entre diversidade e desempenho financeiro é clara em diferentes setores e geografias: equipes mais diversas equivalem a um desempenho financeiro significativo”.
Vivian Hunt, managing partner da McKinsey
Vale reforçar que a mentalidade das empresas deve estar alinhada com a promoção da diversidade no ambiente de trabalho. Ou seja, não basta usar a causa de uma forma rasa, pois não será eficaz para melhorar o desempenho de equipe, os indicadores e contribuir para um mundo mais harmônico. Com a força dos programas que impulsionam a variedade de profissionais dentro das empresas, é possível que todos vivam com dignidade e respeito, criando, assim, uma cadeia de bem-estar, qualidade de vida e crescimento para todos.
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