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“Uma chance para recomeçar”. Foi assim que Jardelina definiu a oportunidade que teve de voltar a trabalhar aos 63 anos de idade. Recentemente contratada como vendedora na Telefônica, ela volta ao mercado depois de mais de quatro anos procurando por emprego e vendo muitas portas se fecharem por conta de sua idade. A história dela é parecida com a de muitos aposentados no mercado de trabalho.
Jardelina se aposentou em meados de 2014. Na época, com um neto doente, dedicou-se a cuidar dele. Depois de sua melhora, ela sentia que ainda tinha muito a contribuir e decidiu voltar ao mercado. “Eu não nasci para ficar em casa. Comecei a me sentir deprimida e sentia que, para minha cabeça e meu espírito, era a hora de voltar a trabalhar”. Porém, ela encontrou um cenário nada favorável a pessoas da sua idade.
Pessoas com mais de sessenta anos enfrentam grande resistência de empresas na hora dos processos seletivos. Este fenômeno é refletido em números: a taxa de desemprego nesta faixa etária foi a única que não diminuiu na comparação entre os segundos trimestres de 2018 e 2019, passando de 4,4% para 4,8%.
As justificativas que travam a recolocação destes aposentados no mercado de trabalho estão ligadas a duas coisas: primeiro as novas exigências que as empresas estão cobrando de seus funcionários, como tech skills, mas também ao preconceito que essas pessoas sofrem por serem tidas como “ultrapassadas”.
Jardelina passou por uma experiência que exemplifica essa situação. Em janeiro de 2019, a vendedora participou de um processo seletivo para trabalhar em uma loja de aparelhos telefônicos. Durante a entrevista deu tudo certo, inclusive chegaram a marcar um treinamento para ela na semana seguinte. Porém um telefonema revelou um problema com sua idade. “Eu achei que já tinha sido aprovada, mas me ligaram da empresa e disseram que não faria mais o treinamento”, conta. “A pessoa pelo telefone pediu para eu confirmar a minha idade duas vezes, quando eu disse ‘63’, deu para perceber a mudança no tom dela”.
“Quando eu disse que tinha 63 anos, deu para perceber a mudança no tom de voz”
Jardelina, vendedora, sobre o preconceito que sofre no mercado de trabalho por sua idade.
Por conta das diferenças entre gerações e boom tecnológico dos últimos anos, muito empregadores veem como um problema contratar pessoas com idade avançada. Considerados inaptos a trabalhar com novas tecnologias, são deixados de lado mesmo em processos seletivos que não exigem grandes conhecimentos no assunto. “Quando a pessoa tem mais idade, parece que já vem um preconceito de acharem que a gente não vai aprender coisas novas, o que não é verdade. Todo mundo consegue aprender. Basta querer e se esforçar”, conta Jardelina.
De um lado existe a dificuldade em conseguir conquistar um emprego, do outro, um grupo de pessoas disposta a trabalhar. Segundo levantamento do SPC, 21% dos idosos que já recebem o benefício do INSS continuam no mercado de trabalho. Boa parte, 47% segundo o levantamento, por necessidade de complementar suas rendas. Mas outra parcela significativa dessa população está de volta ao trabalho por outro motivo: a vontade de se sentir útil novamente. 48% dos aposentados no mercado de trabalho querem ser vistos como membros ativos da sociedade.
Este não é um fenômeno que existe apenas no âmbito brasileiro. A última pesquisa Escassez de Talentos do ManpowerGroup mostra que, em todo o mundo, os chamados Boomers – em especial os trabalhadores com mais de 65 anos, são motivados pelo sentimento de propósito, de voltar a pertencer à sociedade.
Jardelina contou que depois de dois anos sem trabalhar, ela começou a se sentir um peso para as outras pessoas. “Comecei a me sentir inútil. E quanto mais eu tentava e não conseguia, mais eu entrava em depressão. Precisava trabalhar”.
“Era como se eu corresse a vida inteira e de repente não pudesse mais me mexer”.
Jardelina, vendedora, sobre a dificuldade de ficar sem trabalhar após a aposentadoria
Então como solucionar as necessidade destas pessoas e ao mesmo tempo sanar as exigências do mercado de trabalho? A resposta é integração.
As empresas que ainda têm preconceito em trazer aposentados ao mercado de trabalho estão, na verdade, perdendo uma oportunidade de tornar suas equipes mais completas.
Para Leandro Fernandes, líder de RH do ManpowerGroup no Brasil, “a diversidade é importante para que sua equipe tenha um leque maior de competências diferentes. A diversidade de idade e gerações também contribui para isso”.
“Enquanto outros aspectos da discriminação recebem mais atenção, o envelhecimento, por outro lado, parece um tópico que não é discutido o suficiente. Ainda há muito trabalho a ser feito.”
ANNE GERRITSEN – Gerente de Pesquisa e Relações Públicas; ManpowerGroup Solutions, Australia
A pesquisa Trabalhadores Bumerangue do ManpowerGroup fala exatamente disso. O medo das organizações em ter diversidade geracional nas empresas é infundado, uma vez que indivíduos que retornam ao mercado são também fonte de experiência e conhecimento.
Jardelina conta que há muita troca de conhecimento com os mais jovens: “Eu aprendo e ensino. Enquanto eles me ajudam com as novidades de tecnologia, eu acho que consigo passar para eles um pouco de calma, de pensar antes de agir”.
Para que essas estratégias funcionem, é importante que as empresas estejam dispostas a integrar essas pessoas desde o começo do processo seletivo. Na Manpower é assim. Quando o processo de seleção da Jardelina para seu novo emprego começou, os recrutadores a ajudaram a entender as etapas online e facilitaram o ingresso dela à nova empresa. “Parecia que eles já estavam esperando por mim quando eu cheguei na empresa. Sabiam da minha idade e me ajudaram a me integrar rapidamente”.
“Quando me ligaram avisando que fui contratada, pensei: a vida não acabou”
Jardelina, sobre sua nova oportunidade no mercado de trabalho.
Jardelina se sente parte ativa da sociedade novamente. Na loja onde atua, é um exemplo de comprometimento e está sempre disposta a ajudar os colegas. Pensando em outras pessoas aposentadas que querem voltar ao mercado de trabalho, ela diz para não deixarem de sonhar: “Não desanimar nunca. O ânimo é uma demonstração de capacidade e, mesmo que esteja difícil no momento, não podemos nunca deixar de acreditar que somos capazes”.
Para saber mais sobre o trabalho da Manpower, clique aqui.