Durante a pandemia, milhares de mulheres deixaram o mercado de trabalho em todo o mundo e, provavelmente, não vão voltar. Burnout, demissões e o aumento das tarefas domésticas foram alguns dos principais motivos. Hoje, a paridade de gênero na força de trabalho é de 62,9%, o nível mais baixo já registrado desde que o Fórum Econômico Mundial (WEF) deu início ao Global Gender Gap Report, em 2006.
Com a experiência de tudo o que aconteceu nos últimos anos, e acompanhando as tendências para 2023, podemos entender que as mulheres querem trabalhar para si mesmas. Por isso, as organizações precisam reimaginar quando, onde e como o trabalho pode ser feito, além de oferecer igualdade salarial e promover requalificação.
Isso poderá fazer com que as mulheres retornem ao mercado de trabalho ao mesmo tempo em que alivia a crise global de escassez de talentos.
A fim de encontrar soluções práticas para este cenário, Becky Frankiewicz, CCO e Presidente do ManpowerGroup para a América do Norte, se reuniu com outras lideranças femininas: Francine Katsoudas, Chief People, Policy & Purpose Officer para Cisco; Silvana Koch-Mehrin, da Women Political Leaders; e a jornalista e apresentadora Nadira Tudor.
O painel de discussão sobre Mulheres no Mundo do Trabalho Pós-Pandêmico aconteceu em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial, em janeiro de 2023. A conversa abordou de autonomia e flexibilidade a oportunidades de aprendizado e orientações práticas para acelerar a diversidade de gênero.
Continue a leitura e confira cinco maneiras de empresas e pessoas ajudarem as mulheres a terem sucesso no mundo do trabalho pós-pandemia.
Embora ninguém tenha sido poupado dos efeitos da pandemia da COVID-19, o impacto sobre as mulheres foi mais forte e mais grave. Mas antes de tentar resolver qualquer problema, Frankiewicz afirma que precisamos conversar e entender como as trabalhadoras estão se sentindo atualmente.
"As mulheres acreditam que as empresas deveriam estar fazendo mais. Elas estão esgotadas, estão se sentindo desvalorizadas e subestimadas. Elas querem autonomia em seus termos", diz Frankiewicz. "Querem igualdade salarial, salário justo para um trabalho justo. E querem líderes e gerentes empáticos, que aproveitem o tempo para entender os desafios que estão tendo dentro e fora do local de trabalho."
Um dos motivos pelos quais as mulheres não voltaram ao mercado de trabalho é que elas querem atuar de maneira diferente. É necessário tornar os empregos atuais mais atraentes. Katsoudas adverte que as empresas que ainda estão esperando que suas colaboradoras voltem a trabalhar como faziam antes da pandemia vão enfrentar grandes desafios para reengajar a força de trabalho.
"Nós temos que descobrir como tornar o escritório um ímã, não uma obrigação. A maneira como fazemos isso é concentrando-nos no trabalho. Deixamos bem claro que, para esse tipo específico de atuação, somos melhores quando estamos juntos. Quando dizemos às nossas pessoas que elas fazem parte. Elas querem sentir que a cultura funciona para elas", afirma Katsoudas. "Se estamos somente pedindo que elas se sentem na frente do computador e enviem e-mails, mulheres e homens dirão: 'Eu posso fazer isso de casa'. E todos nós sabemos disso agora."
Nós testemunhamos uma revolução no mercado de trabalho, e isso significou coisas diferentes para cada um. A fim de trazer as mulheres de volta à força de trabalho e engajá-las, as empresas precisam aproveitar todas as ferramentas disponíveis, como flexibilidade, e não só um trabalho chamado híbrido. Para isso, Koch-Mehrin considera que será fundamental construir mais confiança nas colaboradoras.
"Você confia. Você confia nas pessoas, você confia que elas querem fazer o trabalho, e você confia nelas para fazer o trabalho. Não importa se elas se sentam em uma mesa no escritório, ou se elas se sentam em casa, ou se elas até se sentam em outro lugar. O que importa é fazer o trabalho", diz Koch-Mehrin. "A COVID-19 realmente deu uma visão a todos nós de que nada é concedido, e podemos nos adaptar e fazer as coisas de maneira completamente diferente do que pensávamos."
As mulheres precisam de mais apoio e recursos melhores para se desenvolverem e avançarem em suas carreiras. As organizações devem investir em programas de aprendizagem e orientação que forneçam às mulheres habilidades e oportunidades de networking. Para isso, Frankiewicz aconselha as pessoas a apoiarem-se umas às outras.
"Eu fui como uma benfeitora de muitas, muitas mulheres e homens que investiram em mim, que apostaram em mim, que viram coisas que eu não via em mim mesma", diz Frankiewicz. "Fomos convidados recentemente, por nossa equipe de liderança, a refletir sobre o último ano e sobre quais de nossas realizações traziam mais orgulho. Sem pensar eu disse: 'Permitir que uma equipe alcance coisas que ela não sabia que poderia' porque, para mim, é isso que nos ajuda a desbloquear em nós mesmas coisas que não vemos."
As empresas precisam reconhecer que uma abordagem holística, que entende as mulheres de forma completa, tornou-se crucial na criação de um ambiente de trabalho mais inclusivo, solidário e equitativo. Tal abordagem não traz apenas as necessidades individuais das mulheres, mas também as barreiras e os preconceitos que elas enfrentam enquanto grupo.
Entender a pessoa por inteiro, suas necessidades, suas lutas, seus sonhos, é algo que a Cisco vem realizando desde o início da pandemia, de acordo com Francine Katsoudas. O feito ajudou a organização entender como as mulheres se sentem resilientes tanto no trabalho quanto em sua vida doméstica.
"Temos que nos sentir à vontade para falar sobre a pessoa em sua totalidade, e não apenas sobre a parte do trabalho que entregamos", diz Katsoudas. Ao fazer isso, ajudamos todas as pessoas a navegarem por este próximo estágio até encontrarmos o caminho mágico para nós trabalharmos."
O mundo do trabalho pós-pandemia apresenta novos desafios para as mulheres, mas também oferece uma grande oportunidade para os empregadores criarem um local de trabalho mais equitativo e solidário.
As mulheres querem ser tratadas com igualdade e querem ter as mesmas oportunidades que os homens. Isso inclui salários iguais, trabalhos flexíveis, cargos de liderança e apoio para desenvolver a carreira. Ao levantar essas questões, as empresas podem criar uma força de trabalho mais inclusiva e equitativa para todas as pessoas.
Quer conferir essa conversa na íntegra? Acesse nosso YouTube e assista agora mesmo.